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dos estuo accordes em querer os melhoramentos materiaes do Paiz. Mas não se tracta só disso. Peço licença a v. Ex.ª e á Camara para afizer que se na Resposta ao Discurso da Corôa se manifestam dezejos a esse respeito, não são esses dezejos que eu combato. Mas entre a manifestação desses «dezejos, e o indicar os meios de os realisar ha uma distancia immensa.

Os fundamentos desses dezejos não posso pol-os em duvida — a excellencia dos meios que se indicam para se pôr em practica o fim que se tem em vista, e o objecto da discussão, a este é o ponto de que eu pertendo tractar.

Se acaso se puder mostrar que não podem ser satisfeitos esses desejos porque os meios empregados não chegam ao fim proposto, não podem deixar de estar de accôrdo comigo os que querem que o Paiz chegue a. um estado de prosperidade. Mas esta fórma de vontade é um tanto difficil de cumprir. Não basta só querer, e preciso poder e saber. Acho mais facil a maxima de um filosofo inglez Lord Bacon — O homem póde tanto quanto sabe.' — Agora digo mais — é impossivel saber tudo quando de quasi tudo nos occupamos. É impossivel tractar de tudo quando ha tantas medidas que eu conheço, cuja necessidade até certo ponto era reclamada pelas circumstancias, mas que não se podem tractar de uma vez. E preciso saber o tempo em que ellas se devem adoptar, porque o melhor zelo não póde impôr os limites á condição da humanidade. E peço licença ao Sr. Ministro da Fazenda cujo talento, e capacidade eu reconheço, para lhe notar que me parece que S. Ex.ª foi adoptar medidas que não me parecem muito convenientes; quer dizer muito convenientes nas tendencias, mas que não podem chegar ao fim que se tem em vista com quanto seja justo e optimo o fim a que se dirigem. Os meios para lá chegar indicados nessas medidas é que não são os melhores nem os mais convenientes.

Não são opiniões minhas. Nestas circumstancias já um homem da Tribuna franceza disse — Não queremos nem homens que não fazem nada, nem homens que fazem tudo. — É preciso distinguir — querer fazer tudo significa muito bons desejos — mas no fim desses bons desejos, para os realisar encontra-se esterilidade, desta esterilidade em que nos collocamos sem se começar pela adopção de uma só medida.

Não é por um Ministro qualquer adoptar muitas medidas a respeito de muitos e variados objectos que se immortalisa. Muitos Estadistas celebres se tem immortalisado com uma só medida. Robert Peel é immortal pelo se» Bill a favor da liberdade de commercio. Na nação visinha o Ministro Mons immortalisou-se pelo seu systema de repartição do imposto; Bravo Murillo por um rigoroso systema de contabilidade. E, Sr. Presidente, cada um destes homens tem uma posição distincta na Europa, tem um nome na historia do seu paiz. Não ha homens que atacassem de frente tantas instituições como elles, mas que tem dado bons resultados. Bem sei que se póde dizer mas o nosso Paiz não está tão adiantado em reformas como estão os outros. Tambem os outros careceram no seu principio de desenvolvimento nas suas reformas para Chegarem ao estado em que hoje se acham. E tambem não é exacto que nas outras nações não haja muito que reformar. Muitas vezes para elogiar os outros calumniamo-nos a nós proprios. Ninguem dirá que a Inglaterra não seja uma nação que não ame muito a reforma. E por ventura não têem os inglezes-muito que reformar? Por ventura não se indicaram ainda ha pouco naquelle paiz importantes reformas a effeituar? Pois a necessidade dessas reformas não data de, pouco tempo. Pois não acaba Lord John Russell de indicar que ía apresentar ao Parlamento um Bill que facilitasse a permutação dos bens? Bill ião necessario no paiz onde se exige o praso de 60 annos para se demonstrar que a propriedade é livre?

E já que se fizeram observações a respeito da nossa Marinha, e que eu acho em parte justas; direi ao Sr. Ministro da Marinha, que eu leio todos os dias terriveis accusações contra esse Tribunal do Almirantado inglez: não ha muito que uma não modelo leve de voltar a toda a pressa para Inglaterra, achando-se o mar mediocremente agitado, isto era uma não modêlo; quero eu dizer com isto que não nos calumniemos para fazer elogios aos outros. (Apoiados) Nas outras nações tambem ha muito que reformar; agora o que eu confesso é, que no nosso Paiz ha muita mais difficuldade para estudar as questões, do que em outras nações: é de absoluta necessidade conhecer primeiro quaes são os pontos, que carecem de reformas, e ser aquelle ponto que mais propria é opportunamente, e com mais vantagens e bons resultados, se póde reformar, ao contrario não é andar muito prudente, é andar com precipitação, e a precipitação nestes pontos é synonimo de demora.

O Sr. Presidente: — Sinto ter de interromper o illustre Deputado, porque deu a hora para se passar á Sessão secreta.

O Orador: — Nesse caso eu peço a v. Ex.ª que me reserve a palavra para a Sessão seguinte.

O Sr. Presidente: — Fica-lhe reservada. A Camara vai formar-se em Sessão secreta em virtude da disposição do artigo 10.º do Acto Addicional á Carta.

Sendo quasi quatro horas tornou-se a Sessão publica.

O Sr. Presidente: — A ordem do dia para ámanhã é a continuação da que vinha para hoje. Está levantada a Sessão. — Eram quatro horas da tarde.

O 1.º REDACTOR

J. B. GASTÃO