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trará em todos os nossos planos futuros; as medidas explicam então o que apparentemente parecem significar.

Ora, Sr. Presidente, e nós que temos dicto tantas vezes que devemos adiar as idéas politicas adiantadas; que devemos ter juizo por causa do resto dá Europa; e neste ponto eu discordo um pouco, eu acho que nós devemos ler juizo e ser sensatos, esteja a Europa em que estado estiver; eu intendo, que tambem não é uma grande difficuldade, como se parece indicar, esta necessidade cruel de deixar as reformas politicas, porquê é indispensavel recorrer ás reformas materiaes Não intendo que isto seja uma grande abnegação. Eu intendo que nós devemos acceder ás reformas materiaes do paiz, porque precisamos dellas; mas se nós adiarmos as idéas politicas, só por que se diz — attender para a Europa — porque é que nós havemos de proclamar, e aqui desapparece um pouco o Sr. Ministro da Fazenda, porquê não é elle que tem proclamado essa doutrina; mas porque é que nós havemos de proclamar doutrinas, que tem sido altamente condemnadas na Europa, porquê póde dizer se que a Europa recuou mais diante das exaggerações economicas do que das politicas? Mas se a nossa situação politica em relação á Europa nos devia dictar que fossemos neste caso com toda a prudencia necessaria, eu intendo que a respeito das mesmas medidas economicas, a mesma prudencia se devia invocar; e neste ponto, peço licença ao Si. Ministro da Fazenda para dizer, que sobre assumpto desta importancia, um homem só é impossivel que possa deixar de assumir uma responsabilidade, com que não póde, e citarei um exemplo.

Em 1816 todos sabem que existia á testa da Administração um homem, para se conhecer a elevação do qual, basta lêr as collecções de documentos escriptos, que deixou', e pêlos quaes se apreciam não só os seus vastissimos conhecimentos, mas os sentimentos de Verdadeiro amor pelo bem do seu paiz.

Sr. Presidente, é que se fez em 1846 quando se tractou de adoptar medidas economicas? Nomeou-se. uma commissão de pessoas competentes, para tractar desso assumpo. Ora pergunto eu, transpirou no publico ode que se tractava nessa commissão? Houve no publico o mais leve rumor a esse respeito? Não, Senhor: esses homens reuniram-se; discutiram; e daí saíram as medidas economicas, sem que nenhum inconveniente resultasse da nomeação defesa commissão, porque nunca se experimentaram no publico os inconvenientes de estar commettida a diversas pessoas solução de uma grave situação economica. E se a medida adoptada em 1816 foi mais acceitavel! rio paiz do que as subsquentes, foi porque em 1816 saía-se de uma revolução, e quando se sáe de Uma revolução, há uma de-culpa, que são as circumstancial?, que essa revolução acarreta; infelizmente, ou felizmente como quizerem quando se sáe de uma revolução, ha desculpas que em outras circumstancias não tem logar, porque ninguem acredita que se faça uma revolução para tomar uma medida financeira e vantajosa aos interesses do paiz. Esta ausencia da premeditação, pelo menos, desarma Os rancores daquelles que b combatem.

Mas esta medida de 1846, adoptada por uma Administração presidida pelo Duque de Palmella, tinha seu favor o ter analogia com a tomada em 101? por Sir Rohert Peel Este Ministro em 181-2, attendendo a que havia absoluta necessidade de exigir uni grande sacrificio do paiz, porque o Orçamento nesse anno apresentava um deficit de nada menos de 4 milhões de libras estrelinas, estabeleceu o imposto de income-taxe pelo qual se estabeleceu desconto nos juros da divida, é nos funccionarios do Estado, Isto é, está medida leve um caracter de generalidade.

Ora já se vê que a medida de 1846, que cortou 20 por cento em todos os vencimentos dos servidores do Estado, tinha a seu favor tambem a consideração de ser uma medida geral, e não particular, o que é uma grande vantagem, porque lhe tira o odioso que sempre trazem comsigo medidas desta natureza-quando são applicadas a uma só classe. Mas o que aconteceu em 1846? Tractou-se sómente de impôr duas decimas aos funccionarios publicos, e á divida estrangeira? Não, Senhor; tornou-se uma medida que trouxe grandes difficuldades depois, que produziu grandes queixas, por causa do grande numero de demandas a que deu logar; fallo da Lei dos Foraes; mas foi uma medida de receita, e como tal adoptada.

Digo pois que para salvar a justiça dos credores estrangeiros havia esta desculpa a dar; não porque eu Hão intenda que esses credores não são justos na apreciação dessas circumstancias'; não porque eu não tenha visto, que a boa causa delles estava, não na rudeza com que se queixavam; não porque eu não tenha visto que nações muito maiores do que a nossa tinham por muito tempo deixado de pagar os juros das suas dividas; mas porque assim se lhes tirava de todo o pretexto de queixa.

Ora, Sr. Presidente, eu vejo que as medidas dó Sr. Ministro da Fazenda podiam ainda ler uma grande desculpa, se se reduzissem só a acabar com o deficit. Se nós dissessemos aos nossos credores estrangeiros — nós não queremos deixar de pagar, e para esse fim é que temos imposto toda esta qualidade de sacrificios, e nós tirámos 30 por cento nos vencimentos dos funccionarios publicos; era isto uma grande verdade, e ninguem dirá que os nossos ordenados são exorbitantes, e que não seja isto um grande encargo, que pésa sobre esta classe: por consequencia, digo eu, se esta medida trouxesse comsigo unicamente a organisação financeira, nós devemos muito; é verdade, mas nós temos tido muitas guerras civis, sem culpa nossa; temos tido toda a sorte de desgraça, e podemos dizer que não somos devedores de má fé; temos pago mais do que outras nações; temos feito aquillo que humanamente temos podido, para mostrar a nossa boa fé, e o desejo de satisfazermos o que devemos. Mas não é assim, a questão não é simples; a questão é complicada, nós não fizemos isto, para pagarmos segundo a possibilidade dos nossos recursos: nós queremos caminhos de ferro.

Ora, Sr. Presidente, caminhos de ferro, sem credito, ninguem os faz; e querer merecer confiança, quando tractamos de impôr encargos, é impossivel. Na occasião em que declaramos, que não podemos pagar uma leira, queremos acceitar novas letras! -Teremos razões para dizer que os nossos recursos de momento não são sufficientes, para satisfazer os encargos que contraímos, mas pedir ao mesmo tempo que nos dêem novos meios, é, pelo menos, escolher má occasião; ainda que o interesse dos nossos credores Seria emprestarem-nos esses meios, para com elles adquirirmos os melhoramentos de que carecemos, e