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que nos habilitariam a pagar.com exactidão o que lhes devemos.,.

Nestas circumstancias já vê a Camara que eu vejo as questões como ellas são. Eu conheço mesmo que talvez seja necessario fazer mais algum sacrificio; tornar ainda mais doloroso o presente para se conseguir um futuro mais lisongeiro; e em todo o caso intendo que, sem compromettimento, da parte do Governos se fosse possivel deixar de insistir em certas disposições, e vir a um accordo com os diversos credores, isso seria muito, conveniente ás proprias, vistas do Governo.

A Camara sabe que estas medidas foram tomadas extralegalmente; e eu intendo que o Governo tem precisão de não ceder diante de um estabelecimento monetario, mas intendo tambem que o Governo diante do Parlamento póde modificar os, seus planos, sem daí lhe vir dezaire algum. Digo eu pois, se fosse possivel; se se podesse adoptar algum novo plano, vindo a algum accôrdo com os nossos credores, eu via nisso um principio de organisação financeira, Por exemplo, quanto ao Banco: as acções deste estabelecimento subindo de valor, daria em resultado subirem tambem os outros papeis de credito, e este movimento de alta era favoravel ao plano do Sr. Ministro da Fazenda.. Por outro lado estou convencido de que logo que lá fóra conste que o Banco de Portugal assignou com um numero sufficiente de acções para o caminho de ferro, fôra esse o meio mãi» efficaz para a actual companhia contractante poder emittir as. suas acções.. Colloque-se o Governo era boa posição, assigne o Banco com um numero grande de acções para essa grande empreza; conste isso lá fóra, e eu estou certo de que a companhia ha de poder mais facilmente achar quem lhe acceite as suas acções, porque, sejamos francos, a actual companhia está hoje em má posição, porque acha no mercado prevenções, talvez arradas, mas que existem.

Sr. Presidente, um dos homens que existe hoje no Ministerio, o Sr. Ministro do Reino tem dito, muitas vezes — Enganei-me — Peço ao nobre Ministro da Fazenda que aprenda esse rifão do seu Collega. Porque não havemos de enganar-mos? Que direito temos nós para dizer que não nos enganamos nunca, em todas as medidas que queremos levar a execução? Pois tinha-se enganado. Sir Robert Peel, quando em 1814 declarava — eu quero a liberdade do commercio — estas doutrinas é que são as boas, até aqui estive enganado. Tette, Sir Robert Peel, a cuja intelligencia elevada ninguem deixa de prestar homenagem, o direito de enganar-se, e nenhum de nós ha de enganar-se? Pois quando o chefe de um partido -illustre, cheio de entidades importantes e que tem hoje á sua testa o Conde Derby, e que tem homens tão eminentes como Mr. Jerasli declara, affastando-se dos principios economicos em que tinha estado toda a sua vida, elle, que foi o que defendeu sempre a protecção, declarava abandonamos a protecção, não queremos mais protecção; até aqui vivia enganado. — Quando eu vejo Mr. D',Jerasli, que eu ouvi encher dos seus sarcarmos a Sr. Robert Peel, porque dizia que queria abandonar os seus principios; a Administração dos Torys esquece estes sarcasmos - (alguns delles-eram brutaes) por ler sacrificado as -suas opiniões oppostas<á liberdade.de commercio, e este homem vai á Camara e diz — Estou vencido, a liberdade do commercio e não a protecção é que tem produzido os melhores resultados para este paiz! — Quando este homem que todos consideram como uma reputação das mais brilhantes, declara que modificou as suas opiniões por ter estado enganado, não queremos nós ler o direito de enganar nos? Pois os factos não valerão alguma cousa? Pois quando se diz que houve injustiças de toda a casta por se appreciarem mal as medidas que se propuzeram, será-isto argumento bastante para dizer que nos não enganamos?

Peço a Camara que accredite que neste calor que tomo não tenho o menor sentimento de hostilidade nem contra as pessoas nem contra as cousas, mas este calor procede da força de convicção com que entro nesta materia.

Quando pois nós somos calumniados, por se vêr nas medidas que propuzemos uma intelligencia, que muitas vezes não teem, nós devemos retirar essas medidas, para que a calumnia cesse. E preciso vêr até que ponto as calumnias, quando o são, nos impossibilitam de ir por diante, com essas medidas. Eis-aqui porque eu faço estas reflexões. Quando se quer que tenhamos caminhos de ferro, e que nos falham os meios com que contavamos, para os levar a effeito, empreguemos outros meios; não sigamos até ao ultimo extremo o nosso parecer; mudemos de systema. A politica e a conveniencia devem dirigir todas estas questões em que nos achamos envolvidos. Esta é que é a verdade. Isto serve para quem intende e para quem sente as verdadeiras necessidades do paiz. Que nos imporia que os nossos adversarios clamem que calculamos mal o alcance e importancia das nossas medidas? O que havemos de fazer é em pregarmos os meios que os outros reputaram melhores para chegar ao resultado que tinhamos em vista.

Sr. Presidente, eu quero o caminho de ferro, e folgo muito de vêr manifestado neste Projecto de Resposta em certa preferencia pelos caminhos de ferro de Leste. Neste ponto assim como todos os mais são dignos de respeito os sentimentos e caracter elevado dos illustres Membros da Commissão que o redigiram.

Sr. Presidente, mas se nós não podemos principiar simultaneamente dois caminhos de ferro, principiemos, um só, e talvez seja mais uma garantia de firmeza ás, Companhias lá fóra o dizer-se — Portugal não tracta senão de um caminho de ferro; talvez seja o meio melhor para apparecerem mais subscriptores para essa empreza. E eu porque desejo a realisação deste plano, é por isso que, devo fazer justiça a todos os Srs. Ministros pelo zêlo, dedicação e actividade com que se tem consagrado á execução deste pensamento. Mas,eu peço ao nobre Ministro, que mais particularmente se em occupado deste assumpto que attenda ás consequencias da falta de credito. S. Ex.ª sabe muito bem que é necessario credito primeiro que tudo, porque sem credito mão se pode fazer cousa alguma. Já houve um tempo em que o trabalho, por ser escravo, empregava-se em obras grandiosas, mas esse tempo passou; houve um tempo em que os Monarchas enthezouravam o dinheiro para apparecer em uma circumstancia de urgencia do Estado. — Mas hoje governa-se com as circumstancias accommodadas á época em que vivemos. O credito é o encarregado de fazer face as eventualidades de uma nação. Todos os nossos disvelos, toda a nossa sollicitude, e todos os nossos esforços devem ser empregados em desinvolver a acção dos capitaes