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sempre tem acontecido isto mesmo, quando se tracta de obras publicas? Onde estão os capitaes levantados para obras publicas, quaes tem sido essas sommas? Não fallo nos tempos dourados de 1845, em que uma alta artificial, sem fazer injuria a ninguem, deu logar a que alguma cousa se levantasse para esse fim, mas que não foi na escalla em que se disse; não porque o Governo de então não desejasse ir por diante nesses grandes melhoramentos, porque não se senta ninguem nestas cadeiras, que não leu La desejo sincero de servir bem o seu Paiz, e melhora-lo em relação ao estado em que elle se acha. Pois apezar de tudo isso, não foi nunca, possivel levantar esses emprestimos. Não era o illustre Deputado Membro da Camara, como eu, quando aqui se votou uni emprestimo de 40 contos para as obras da barra do Porto, e não sabe que foi impossivel levantar tal somma naquella Praça? Pois nessa occasião ainda não existia o Decreto de 30 de Agosto, e não foi possivel achar quem emprestasse 40 contos de réis para aquellas obras! (Apoiados) Pois o Governo não acabou de propôr um emprestimo para a construcção da estrada de Lisboa ao Porto, emprestimo que se não pôde conseguir vantajosamente para o Estado? O Banco do Porto mostrou ter desejo de servir o Governo; mas apezar das boas apparencias, o Governo não julgou acceitaveis as suas propostas, e o Banco de Portugal não se prestou a cousa alguma.

Sr. Presidente, é necessario que vejamos as cousas, como ellas são em iodas as situações similhantes. A falta de capitaes no Paiz para esta empreza procede de um certo espirito de classe em todos os Capitalistas, espirito de classe a que não podem ser superiores, intendo eu, que nasce de supporem alguns delles, que o Governo tinha offendido um grande Estabelecimento monetario, e o espirito de associação leva-os a associaram-se a esse Estabelecimento contra o Governo, liste foi o facto; e se este foi o facto, se elles se suppunham offendidos, e se associaram áquelle Estabelecimento contra o Governo, não havia o Governo procurar habilitar-se para levantar nas Praças estrangeiras, o que não podia conseguir aqui? Se o não fizesse, compromettia a sua causa Havia de ir-pedir ao Banco? O Banco dizia-lhe que não, e o Banco estava costumado a fazer supprimentos ao Governo á custa de grandes sacrificios; porque, já me tem levado muito longe, e eu impellido pela força dos acontecimento hei de apresentar á Camara o sudario vergonhoso, que nos tem conduzido a este estado, e a Camara, estou certo, ha de ajuizar convenientemente, e ha de fazer justiça ao Governo! Custa-me ser foiçado a isso; mas collocado nesta necessidade (não quero fazer bravata) mas o tempo o mostrará, se eu recuo. Então mostrarei á Camara quaes são esses Creditos do Banco, e a origem delles; qual é o preço por que o Banco se tem prestado a fazer esses emprestimos ao Estado, o tenho aqui o testimunho respeitavel do nobre Deputado, o Sr. Avila, que ainda nos ultimos dias da sua administração não quiz fazer um emprestimo com o Banco, porque elle exigia nada menos de 17 ¼ por cento! (O Sr. Avila: — Apoiado — Vozes: — Ouçam, ouçam) Ainda não ha muitos dias que eu li a Portaria, que honra o caracter do nobre Ministro, em que elle declarava que não podia contractar aquelle emprestimo com aquelle Estabelecimento, porque as suas exigencias a respeito de premio excediam as usuras dos Capitalistas da Praça, daquelles que eram usurarios. Sr. Presidente, ha de vir tudo á Camara, e então perguntarei, se o, Governo bem mereceu da Patria, ou se merece a sua reprovação. E é preciso que se saiba que o illustre ex-Ministro, desde o momento em que não quiz contractar com o Banco, achou logo quem lhe emprestasse dinheiro a 10 por cento. Era o Banco sempre que creava ao Governo as maiores difficuldades, dizendo que o Governo não tinha Credito, que não podia levantar dinheiro n'outra parte; que eram precisas garantias, que queria estas firmas, e não aquellas; em summa era sempre o Banco quem procurava enxovalhar o Credito do Governo! (Apoiados) Isto custa, Sr. Presidente! E é em nome desses interesses que guerrea o Governo! Não me refiro a Deputado algum, que estou certo que não tractam dos interesses particulares de ninguem; procedem unicamente segundo a sua convicção.

Mas neste estado de cousas, Sr. Presidente, podia o Governo levantar fundos dentro do Paiz? Poderá ainda fazer-se uma accusação seria ao Governo, porque procurou levantar esses fundos nas nações estrangeiras? Intendo que não. O Governo ou se havia de oppôr aos melhoramentos materiaes que pretendia realisar no Paiz, ou havia de procurar ir levantar fundos ás nações estrangeiras.

O illustre Deputado não ignora que ha pouco tempo, depois de publicado este Decreto a que se allude, de 30 de Agosto, o Governo precisou, para as suas despezas quotidianas, fazer uma transacção regular, não dellas que dependem do Credito, precisou realisar 70 contos de réis, para satisfazer a pagamentos annunciados, e procurou levantar esta quantia no Banco do Porto; mas não o conseguiu, ainda que não se contentou em mandar só a sua firma, mandou tambem leiras do Contracto do Tabaco, que era uma companhia que já tinha descontado os seus fundos ao Banco do Porto, por mais de uma vez, por muitas vezes: mas desde que essas leiras foram acompanhadas com p pedido do Governo, o Banco recusou-se!... Agora perguntarei eu, será isto uma guerra, sincera e leal da parte do Banco do Porto, negando ao Governo o que lhe podia fazer em proveito do proprio Banco, porque elle descontava com juro, tendo em caixa capitaes, a que não tinha que dar emprego?... Será isto uma guerra sincera e desculpavel da parte daquelle Estabelecimento para com o Governo, não querendo descontar para o Governo as leiras do Contracto do Tabaco, a quem elle costumava descontar sem a firma do Governo? Devia-lhe o Governo alguma cousa? Pouco, ou nada lho devia: porque quasi todos os emprestimos, que tinha contrahido com o Banco do Porto, estavam pagos; do emprestimo que o nobre Deputado, o Sr. Avila, tinha levantado para diminuir o agio das Notas, estava muito pouco; o Governo tinha pago sempre pontualmente; o Governo tinha pago tambem um emprestimo de 200 contos de réis, que se tinham levantado á entrada desta Administração; uma parte, sendo Ministro da Fazenda o Sr. Ferrão; e outra parte, quando eu entrei em seu logar; deste emprestimo restavam para satisfazer poucos contos de réis. Portanto o Governo tinha satisfeito pontualmente as suas obrigações; não tinha deixado protestar uma só letra; porém o Banco