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porque herdou um deficit considerabilissimo.

Ora se tirou aos Funccionarios Publicos, se tirou ás classes inactivas, e aos possuidores, da divida interna e externa, por força de circumstancias, pode-se dizer, que a reducção foi parcial? De certo que não. Não houve parcialidade, o que houve foi justiça.

Sr. Presidente, o nobre Deputado convidou-me a uma modificação nas medidas do Governo, nesta modificação, d z elle e creio que o diz com sincera effusão do seu sentimento, vai o credito do Governo, e o credito publico, e não deve ser uma tenacidade da parte dos Ministros que se. deva oppôr á realisação do seu proprio pensamento, lista idéa é seductora, e eu por minha vontade, se não fossem as considerações que fiz ha pouco, e que me inhabilitam como-ministro de o fazer, e creio que aos meus Collegas tambem, porque eu fallo em nome do Governo, e por mais quero nobre Deputado me quizesse tornar nesta questão sómente responsavel como Ministro da Fazendo, eu intendo que se ha culpa, todo o Ministerio é culpado, e isto sem animo de offender o illustre Deputado; mas é força confessar que os meus Collegas se me associam completamente na responsabilidade, nem era preciso declaral-o: todos querem partilhar desta responsabilidade.... (O Sr. Carlos Bento. Fazem o seu dever). Mas isto é para responder ás observações do meu nobre amigo referindo-se sómente a mim, A este respeito direi, Sr. Presidente, que os Ministros estão convencidos de que não podem, depois das medidas que têm tomado, recuar n'um ponto tão importante; os Ministros podem retirar-se das cadeiras.do Ministerio; mas o que não podem é modificar as suas opiniões nos pontos que servem, para assim dizer, de baliza á sua politica, e aos principios de administração, que intendem dever, seguir: se o fizessem, seria isso uma loucura imperdoavel, e seria um precipicio insondavel que abriam diante de si proprios, para agora e para sempre... (t) Sr. Correa Caldeirai — Já está. aberto ha muito tempo.) (O Sr. Ministro do Reino: — Estará, mas esteja persuadido que ainda não caem tão cedo.) (O Sr. Correa Caldeira: — Eu pena que eu tenho.):

Orador: — Nós sabemos isso muito bem. Mas já eu dizendo, que a convicção do Governo é que qualquer modificação, na sua politica seria uma cousa altamente prejudicial á causa publica, e esta é a razão principal da sua resistencia. Se acaso o Governo nas circumstancias, em que se acha, fizesse uma modificação em relação, por exemplo, ao Decreto de 30 de Agosto de 1852, e se se fosse dobrar contricto diante do Banco de Portugal, para satisfazer ás suas exigencias, este Governo tornava-se impossivel, e não eram os Ministros, não era o Parlamento que governava era o Banco, e a Governo do Banco não póde ser acceito pelos Representantes da Nação. (Repeti, dos apoiados)

Não fomos nós que collocamos a questão neste terreno; foi o Banco de Portugal que a collocou elle mesmo. O Governo convidou os Directores deste estabelecimento a acceder ás suas medidas. O Governo depois dessas, medidas promulgadas, sabendo que se manifestavam certos desejos de accôrdo entre o Gabinete e um dos Directores do Banco de Portugal, leve diversas conferencias com esse mesmo Director. O Governo fez mesmo Propostas que julgava acceitaveis naquellas circumstancias, mãi ossos P©-postas tinham como principio indispensavel o reconhecimento do Banco ao Decreto de 30 de Agosto, e tinha como accessorio tambem outra operação que em lado prejudicava aquelle estabelecimento, e o Banco não quiz. O Governo já deo provas que podia e devia ter docilidade, por desejar muito que existisse aquella paz, ordem e boa armonia que deve reinar não só entre os Poderes do Estado, mas tambem entre algum desses Poderes e certas corporações menos auctorisadas do paiz.

Ouvi fallar tambem na reducção dos juros e nos Bancos ruraes, e parece-me que o nobre Deputado suppoz que não era possivel a creação destes estabelecimentos, mas eu supponho que o creação e existencia dos Bancos ruraes é possivel. (O Sr. José Estevão: E necessaria e indispensavel)

Eu tenho uma Proposta de Lei acêrca deste importantissimo assumpto, sobre a qual mandei consultar o Conselho de Commercio e Industria, e um dos seus Membros tem o Projecto em sua mão, porque, por uma circumstancia deploravel para elle, ainda lhe não foi possivel apresental-o naquelle Conselho. estou convencido que é summamente difficil crear em Portugal de uma maneira efficaz a existencia de Bancos ruraes: sei que a Legislação que prende com este objecto, toca com graves questões de Administração e de Jurisprudencia, mas não tem isto obstado tambem a que outras nações não tenham estabelecido Bancos ruraes com proveito para o seu paiz. Se acaso o Conselho do Commercio der a sua opinião definitiva sobre o estabelecimento dos Bancos ruraes, eu tenho muita satisfação em trazer a esta Camara o Projecto, com o parecer destes distinctos Cavalheiros, pura a Camara o approvar ou modificar como julgar mais conveniente. A questão das hypothecas é uma questão summamente grave a resolver; e por isso eu disse que esta questão prendia com a Jurisprudencias não obstante, ella não e invencivel, e é até provavel mesmo que não sejamos tão infelizes que a não possamos levar avante, mais ou menos perfeitamente; porque estes objectos não sáem nunca com perfeição da primeira vez.

Mas voltando outra vez ao assumpto direi ao illustre Deputado que eu não o estou combatendo como defensor das opiniões do Banco, nem estou combatendo o Banco, porque o Banco não está aqui; eu explico as minhas opiniões para justificar o Gabinete; é um ponto da Historia que eu estou referindo, porque intendo que é conveniente se saiba. O Banco não está aqui; aqui estão Deputados e Ministros; e está a Historia contemporanea, e é necessario-muitas vezes lançar mão della para se justificar o Governo.,

Sr. Presidente, ou tenho talvez cançado a attenção da Camara, mas a situação penosa e difficil em que me achava, como disse, quando comecei, por ter de responder principalmente a um dos. mais brilhantes Oradores desta Camara, o Sr. Carlos Bento, exigia que entrasse em certas explicações, visto intender que qualquer alteração ou modificação na minha politica era uma cousa impossivel; e por intender que tinha necessidade de me justificar perante o Parlamento de algumas medidas que tinham sido tomadas pelo Ministerio a meu cargo; mas coma hei de ter mais do que uma occasião, quando se tractar das Leis, da Dictadura, de pode demonstrar quaes faiam os fundamentos, que o Governo teve para ado-