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666 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

los Bento, ministro da fazenda da administração do sr. marquez d'Avila, saiu do ministerio, já ficaram a 37,5 ou 38.

"Entraram os regeneradores no poder, e quando sairam deixaram os fundos a 44,5 ou 45.

"Entrou depois o sr. Marianno no governo. Os fundos subiram successivamente, naturalmente, progressivamente.

"E não podiam deixar de subir, porque os fundos não sobem com o credito dos ministros; sobem com o credito da nação.

"Cada ministro não faz levantar os fundos pelo seu credito pessoal. Os ministros teem o credito que merece a nação que representam. Por consequencia, já se vê que o sr. Marianno não tem rasão para se attribuir o exclusivo da elevação do credito. Este depende do concurso de todos. Não resulta apenas das medidas que teem sido adoptadas recentemente, mas tambem das que o foram desde longo tempo, pois todas têem concorrido para a prosperidade economica em que nos achamos. Não quer o sr. Marianno confessar a influencia dessas medidas que não são devidas a si, e ousa dizer ao parlamento que a elevação do credito se deve só a medidas da sua iniciativa e do seu gremio politico!"

Aqui tem v. exa. o depoimento escripto do nobre presidente do conselho ácerca da significação da famosa elevação do credito, ácerca deste reducto inexpugnavel, onde se entrincheiravam os mais fervorosos defensores do gabinete.

Desfeita e refutada esta allegação, a principal allegação que podia adduzir-se em pro do ministerio, o que é que fica? O que é que dão os srs. ministros ao paiz em troca dos seus desacertos, dos seus desvarios, dos seus desatinos?

Nada!

Nada, sr. presidente, e com pezar o digo, porque nem eu, nem ninguém pode allegrar-se com esta queda desastrosa de homens de tanto talento, de aptidões de tanto merecimento.

Terminando, pergunto a v. exa.: será preciso apontar mais factos da responsabilidade do governo, para mostrar á evidencia que é elle o principal fautor da agitação do paiz? Será preciso adduzir o analysar mais causas para provar que o governo perdeu a confiança do paiz?

Eu creio que não.

Pela minha parte, os factos e causas que tenho apresentado são bastantes para me convencer de que é um mau serviço ao paiz aquelle que o governo lhe está fazendo, conservando-se n'esses logares. (Apoiados.)

Não bastam ao governo as manifestações brandas e relativamente pacificas, que o paiz lhe está fazendo, do que o descontenta a sua conservação?

O sr. presidente do conselho diz com a cabeça que não. Só se contenta com outro 19 de maio?

Quer o governo esperar demonstrações de desagrado mais accentuadas e mais violentas? Pois não faz bem em tentar a experiencia! É dever dos governos conservarem-se, emquanto teem a confiança do paiz, como é da sua obrigação retirarem-se, quando essa confiança lhes falta. Têem os srs. ministros meio de corrigirem e emendarem os erros commettidos e as faltas praticadas? Eu creio que não. Mas se os têem, fiquem. Fiquem, mas não fiquem por ficar. Fiquem, mas não provem pela sua permanencia nessa situação de consciente e reconhecida fraqueza, que querem conservar os logares unicamente por vaidade propria, ou por um sentimento ainda peior, porque é profundamente ridiculo: o de supporem que ninguem mais, no paiz, tem competencia para dirigir os negocios publicos e amparar as instituições. A preoccupaçào da successão que por vezes fingem ter, bem pensada e bem criticada, traduz simplesmente a pretensão, que têem, de usurpar as attribuições do poder moderador. E ao poder moderador a quem pelo pacto constitucional da nação compete prover no caso. É á situação successora que cumpre assumir a responsabilidade da successão.

São estes os principies constitucionaes, são estas as normas do systema parlamentar.

Exponho-os e prociamo-os tanto mais desassombradamente quanto, sob o meu ponto de vista pessoal, me é inteira e absolutamente indifferente que o governo desappareça ou que o governo fique.

Nem me habilito a merecer-lhe as boas graças, por doação inter vivos, nem pretendo nem ambiciono partilhar da sua herança. Quando a modestia dos meus recursos e a insufficiencia dos meus merecimentos me não aconselhassem esta posição, aconselhava-rne, certamente, a tomal-a uma profunda convicção do meu espirito. E é, sr. presidente, que na hora que vae correndo, e, ainda mais, nos dias que hão de vir, a cadeira de ministro ha de transformar se de camarote de vaidade mundana, que para muitos tem sido, em posto arriscado de combate, em investidura perigosa de responsabilidades gravissimas.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

(O orador foi muito cumprimentado por ambos os lados da camara.)

O sr. Presidente: - O sr. Consiglieri Pedroso tinha pedido a palavra para antes de se encerrar a sessão; mas a hora está muito adiantada; e se s. exa. concorda eu concedo-lho a palavra na sessão seguinte.

O sr. Consiglieri Pedroso: - Não tenho duvida era annuir ao desejo de v. exa., comtanto que esteja presente na proxima sessão o sr. ministro dos negocios estrangeiros.

O sr. Presidente: - A ordem do dia para segunda feira é a continuação da discussão da resposta ao discurso da coroa.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas e meia da tarde.

Redactor = Rodrigues Cordeiro.