O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

( 026 )

dpios, e oiitros homens inimigos das nossas instituições , que aproveitam todas as occasiões para alcan* çar seus fins, apresentaram excessos edemasias: nasceram daqui acontecimentos, que me não cumpre agora recordar; houveram acontecimentos graves , e nesse tempo o Paiz lodo, mais que nunca, se pos-suio de uma idéa , de um pensamento, de uma necessidade — a necessidade da ordem , da segurança. Este pensamento, Sr. Presidente, e a origem do Ministério actual; foram acontecimentos anteriores trazidos pela necessidade das circurnstancias, acontecimentos, que doeram a todo o homem , mas que foram necessários.

Sr. Presidente, appareeeu o Ministério, e teve de satisfazer a esta importante missão, a conservação da ordem e da segurança. Depois disso teve logar o juramento da Constituição política da Monarchia , em 4 de Abril, no qual dia esse juramento foi prestado por S. M. Impoz-se urn profundo silencio, um esquecimento absoluto a nossas antigas e desgraçadas dissenções: nesse dia chamaram-se todos os Portuguezes em redor do Throno Constitucional ; nesse dia, por acto solemne delle, se assignalou qual a política, que o Ministério tinha a seguir. Desde então o Ministério tem tractado de desempenhar esta sua missão, que corresponde ao programma político , que nesse dia foi apresentado : elle tem-se visto em grandes embaraços; entretanto não tern renegado a sua origem , não tem trahido os seus antigos amigos: se n'uma ou n'outra occasião deixou de seguir e praticar o que elles entendiam que devia pra^ ticar, e' porque as nossas cabeças não olham todas as cousas do mesmo modo, e não pensam unanimemente todas. Nem a origem pois deste Ministério, nem seus actos o tornam empestado, nem tão pouco renegou e trahiu os seus amigos d*outro tempo j que são os seus amigos d'hoje.

Sr. Presidente, houve hontem um Sr. Deputado que perguntou aos Ministros; Ministros da Coroa, a que partido petenceis vós? á direita , á esquerda, ou ao centro ? dizei, porque o quero saber. Responderei primeiro por rnim, e direi ao Sr. Deputado: o meu assento ha de ser acolá (apontando para o centro), como Deputado; pois que eu tenho visto todos os dias, que nesta Camará do lado esquerdo , do lado direito , do centro não ha senão um grande e superior pensamento e desejo, que e', o de cumprir fielmente a Constituição de 38, pensamento para o qual convergem as vistas e fins de todos os Deputados. A minha posição, como Ministro, e defender a Constituição e sujeitar-me a elia, e não sei que como Ministro me deva pronunciar pelo lado direito., ou pelo esquerdo, ou pelo centro; tenho uma política que entendo ser boa, tenho necessidade de uma maioria, e essa ha de ser pronunciada nesta Camará (apoiado). Pela minha parte declaro •nesta occasião que o Ministério nasceu em circum-stancias dimceis, quando se reconhecia em toda a parte a necessidade de manter a ordem, e de comprimir excessos ; até hoje temos tractado de todos os modos de satisfazer a esta missão: pela minha parte a minha parte está no seu termo. ##

O Sr. Aguiar: — Sr. Presidente, quando me lembro que ha mais de dous mezes começaram as Sessões desta Camará, e que todo o resultado do nosso trabalho se reduz á discussão de uma parte da resposta ao Discurso do Throno, confesso que sinto em

uma fortíssima repugnância a fallar sobre este objecto, porque temo &er arguido de concorrer para a perda do tempo, que e' mister aproveitar, e eco-jjomisar muito: porem não posso subtrair-me a usar agora da palavra que pedi; é necessário que eu manifeste os meus sentimentos a respeito do Ministério ; é necessário que eu rebata as arguições injustas feitas por alguém a este lado da Camará (o direito) com o fundamento de ter negado ao Governo um apoio franco, e Jeal. Eu , Sr. Presidente, sou leal, e franco; preso-me de o ser, e de o poder mostrar por todos os actos da minha vida publica, nem me parece que alguém, a não ser falto de bom senso, ou de boa fé, rne tenha por desleal, ou aos meus amigos políticos porque só damos aos Ministros ac* tuaes um apoio condicional, e precário (apoiados); é este só o apoio que lhes podem dar Deputados, que os sustentam pelos seus actos, e não por espirito de partido, e de facção, é este o apoio que os Ministros devem querer. Eu que fui por vexes Ministro da Coroa não quiz nunca outro. Em quanto o Ministério continuar a manter a Liberdade Constitucional , e a ordem hei de apoia-lo, e ainda que não estou auctorisado a fallar também pelos meus ami-^ gos políticos, posso dizer que lhes faço a justiça de acreditar que íarão o mesmo (apoiados); digá-se embora que esle apoio, porque é condicional, e precário, não é leal, e franco. Os Ministros devem ter commettido faltas, e têern as commettido: ninguém ha que as não commetta; eu que não cedo a ninguém no empenho de satisfazer aos deveres daquelle cargo , commetti-as, e era forçoso que as commet-tesse, porque tive de luctar contra grandes embaraços. O Ministério actual, é necessário ser justo, teve também a vencer grandes difficuldades, nascidas de uma guerra civil prolongada, das nossas desgra-çadissirnas dissenções, da violência dos partidos, das más leis, e dos máos Empregados, e de muitas outras causas ; e sobre a escolha de Empregados, Sr. Presidente, chamo eu a aUetição dos Ministros; conheço quaes são as exigências dos partidos em um estado revolucionário, e como o Governo é muitas vezes obrigado a empregar homens, que não têem a capacidade, e as qualidades precisas, peco-lhes que tractem de emendar o mal que acharam feito, e que foi muito aléai da necessidade, e que substituam os máos Empregados, se querem melhorar o estado desgraçado da Nação.

E este o modo, Sr. Presidente, porque eu entendo que devo dar apoio ao. Ministério, e não seguirei o exemplo dos seus pertendidos defensores, daquel-les que me taxam, e aos meus amigos de menos sinceros, e francos, e desleaes (apoiados). Eu não digo, como aquelles, aos Ministros, «Ministros da « Coroa , retirai-vos , largai as pastas , que não po-«deis conservar cora honra. 5? O que eu lhes digo é, p que dizia um Ministro celebre de uma Nação Constitucional, «c A hora da retirada para o Ministério « não soa senão quando elle entende que não pôde «fazer ao Paiz rnais bem, ou que não pôde mais «evitar o mal; o abandono das pastas antes desse «tempo é uma deserção, e a deserção é sempre uma -« cobardia » (apoiados).