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sempre expostos os que fazem politica retrospectiva? Quantas vezes as accusações não vão recahir em pessoas que nós intendemos, que devem estar fóra do combate, e a quem não deviam ferir? De que perigos não está creio este ardor de querer fazer historia retrospectiva, e de querer retroceder sobre politica ou sobre finanças? Eu creio que ainda é pouco o que temos a tractar no presente para assim nos occuparmos do passado.

Sr. Presidente, eu tenho uma vantagem a respeito de alguns Cavalheiros que tem tomado parte nesta questão, e que devo ao acaso, que é a de não ter sido alvo de ataques, embora infundados, e neste ponto parece-me, que posso ler mais presumpção de imparcialidade; mas se assim não fosse, confesso que não haveria de terá resolução de encarar este negocio com a frieza que elle pede. Sinto que por occasião de uma investigação sobre determinados pontos de administração do Banco, e em que se recebeu uma Representação do mesmo Banco para se proceder a um exame ácerca desses pontos, se dissesse que era necessario saber, se o Banco de Portugal e verdadeiramente um Banco, e se corresponde a todas as indicações da sua instituição. Pois seria conveniente querer antes que se procedesse a este exame, se diga que temos Estabelecimentos que não representam o que são?

O nobre ministro da Fazenda analysou alguns dos fundamentos da Representação do Banco de Portugal, auctorizou-se com o testimunho do Sr. Avila, porque confessou que tinha as mesmas opiniões que S. Ex. Ora eu peço licença para declarar que apezar da consideração que tenho pelo Sr. Avila, votei contra S. Ex.ª na occasião em que intendeu que devia retirar o Fundo da Amortisação do Banco. Eu intendi que o Sr. Avila em retirar daquelle Estabelecimento o Fundo de Amortisação por causa da liquidação das Obras Publicas havia commettido um grave erro, e votei contra elle; porque de lêr o Sr. Avila uma questão com o Banco não se segue que a conservação de S. Ex. no Ministerio da Fazenda estivesse ligada a dignidade nacional.

Eu peço ao Sr. Ministro da Fazenda que não se auctorise com a opinião do Sr. Avila, para fazer o mesmo que elle fez. Eu já disse que fiz opposição ao Sr. Avila, e votei contra S. Ex.ª por convicção e espirito de justiça, e não por estar na opposição, que toda nessa occasião, me parece, sustentou as mesmas idéas. Pois agora que o Sr. Avila não está no Ministerio, hei de mudar de opinião? Hei de ter vergonha de defender o que me parece de justiça, porque estão no ministerio amigos meus? Por consequencia quaesquer que sejam as suspeitas que sobre mim se queiram lançar, posso com ellas, porque tenho a meu favor a coherencia de opiniões, e a minha consciencia, e posso com essa responsabilidade.

O Sr. ministro da Fazenda tem razão: pedem cousas que não se deviam pedir; fizeram-se cousas que não se deviam fazer. Mas perguntarei eu: ha alguma vantagem para esta Camara em suscitar estas questões? Parecer-me que não. Porque a historia não é um ponto dado, é uma historia completa que contem muitos e variados pontos. Porque se pedem hoje indemnisações? (que todavia eu não reputo fundadas) Porque se concederam noutro tempo e em outras cousas em que não se deviam conceder. E porque se concederam favores, outros intenderam que havia direito para pedir favores. Esta é que é a historia. Eu não renego das minhas opiniões. Todos nós podemos ter opiniões diversas; e todos podem sustentar as suas opiniões como melhor intenderem; mas eu intendo que desde que se concederam favores; desde que se concederam indemnisações que tambem não julgo devidas na sua totalidade, outros se podem julgar no mesmo direito para tambem pedirem favores, e é daqui donde provem todos estes desarranjos e inconveniencias. E perguntarei eu: será esta a occasião propria para se annullar o que se fez? E até que ponto se pode revolver o passado para por em duvida o que já se acha julgado?

Sr. Presidente, tracta-se da questão do Banco: tambem < fui Membro da Commissão de Inquerito que se nomeou em 1849 para o mesmo fim, e assignei esse parecer com declarações por isso que intendi que o Banco devia naquella occasião sujeitar-se a mais alguns sacrificios para a amortisação das suas notas. Tambem intendo como o Sr. Ministro, que o Banco não devia pedir indemnisações por se acabar mais cedo o curso forçado das notas; mas se porventura o Banco ganhou com o descredito das notas, outras Companhias e Estabelecimentos ha, e é preciso dizel-o, que tambem ganharam e muito com esse descredito. (Apoiados) Por tanto, se por este facto se censurou um Estabelecimento, a justiça pedia que se fizesse a mesma censura a outros Estabelecimentos ou Companhias que se achavam no mesmo caso. E, Sr. Presidente, a que vem tudo isto? Para que dizer estas cousas que não tem nada com a questão de que se tracta, e que não fazem senão accender paixões? Hade ser porventura com estas minhas considerações que se hade acabar o deficit e organisar a Fazenda? Hade ser com estas insinuações que se hade fazer alguma cousa a bem deste Paiz Eu peço perdão á Camara se acaso fui levado a este terreno. Esta Camara tem idéas moderadas e por conseguinte hade avaliar bem que eu tenho motivo para entrar neste terreno, e se, ainda que involuntariamente offendi alguem, peço desculpa, porque não é minha intenção fazel-o, e até mesmo porque intendo que não devo prejudicar o que reputo a vantagem das minhas idéas por quaesquer despeitos pessoaes. <

Mas, Sr. Presidente, a prudencia pede e reclama que não haja destas considerações retrospectivas, quando dellas não podem resultar bens nenhuns effectivos. Eu peço perdão para dizer ao illustre Deputado que se senta do outro lado, e que citou a opinião de um Ministro da Fazenda, o Sr. Conde do Tojal, sobre a questão das notas do Banco de Lisboa, que quem está ao facto da historia financeira deste Paiz, sabe que naquelle tempo umas poucas de vezes se alterou a proporção em que as no-las entravara nos pagamentos, o que era um incentivo para avultar o despacho nas Alfandegas, donde resultava um accrescimo de receita; e de certo se não podem considerar as vistas deste Ministro naquellas circumstancias, senão em relação ao augmento de receita, quaesquer que fossem com tudo as allegações dos Relatorios, porque os Relatorios nem sempre fallam verdade. Não sou advogado do Banco; no entretanto, hei-de pugnar fortemente por tudo quanto me parecerem elementos que promovam a prosperidade do Paiz. Mas diz um illustre Deputado — O nosso Banco não é Banco porque