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a qualquer exigencia pelo pagamento de emprestimos, que se não fizeram, e por outros que se não deviam ter feito, intendo que devia recorrer ao passado, porque não é crivel, não póde ser da intenção da Camara, que o Paiz pague emprestimos que nunca se fizeram. (Apoiados) Foi neste sentido que me referi ao passado.

Sr. Presidente, cada uma das expressões que se proferem nesta Casa sobre esta questão, mostra mais a necessidade de nomeara Commissão de Inquerito. E quanto mais se adianta o debate, tanto mais se justifica o que eu disse ha pouco, de que não é preciso que este negocio vá á Commissão de Fazenda. O que ha e a votar uma Proposta, que a Camara não ha de rejeitar, mas não no sentido restricto em s que ella se acha, mas dando-se-lhe O maior desenvolvimento possivel.

Sr. Presidente, intendo como um illustre Deputado que já fallou nesta questão, que o resultado da Commissão de Inquerito não póde prejudicar de maneira alguma o andamento da discussão sobre os Actos da Dictadura, que hão de ser apreciados por esta Camara opportunamente.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Sr. Presidente, direi muito pouco, porque não quero tomar tempo á Camara, e hei de cingir-me stricta e rigorosamente ao objecto da discussão. O que está em discussão? Uma Proposta do Sr. Mello e Carvalho. Para que? Para se nomear uma Commissão de Inquerito. O Sr. Santos Monteiro fez uma Proposta para que a do Sr. Mello e Carvalho vá á Commissão de Legislação. Ha pois duas Propostas. Sr. Presidente, eu pensei, e pensava muito bem, que quando nesta Casa se levantasse alguem, e proposesse uma Commissão de Inquerito ao Banco, fosse approvada por acclamação, e não houvesse sobre ella discussão alguma. Mas enganei-me, porque se tem feito prelecções sobre as theorias do Banco... (Vozes: — Todos querem a Commissão de Inquerito). O Orador: — Todos a querem; mas tem-se discutido largamente. Eu pedi a palavra: em que altura me coube? Quantos fallaram adiante de mim? Olhai, Senhores, que estais em contradicção com os vossos factos! A Commissão sobre o Banco devia ser votada por acclamação; não devia a Proposta ter discussão; não o fizestes, e agora dizeis que a quereis — é tarde!...

O Sr. Ministro da Fazenda achou-se ressentido, porque o Banco, na Representação que mandou a esta Camara, diz que S. Ex.ª fôra menos exacto e justo para com aquelle Estabelecimento. E necessario que se intenda a questão; não ha injustiça, nem inexactidão da parte do Banco O Sr. Ministro da Fazenda, na Sessão de sexta-feira, disse que o Banco era um estorvo aos melhoramentos materiaes, era a usura desgrenhada, era devedor em logar de credor; disse que se saciava do suor dos pobres, e do trabalho dos operarios, injuriou, insultou, e vilipendiou o Banco! O Banco o que disse? Disse que estas asserções não são exactas: tinha direito para dizer mais. Eu, Director do Banco, formulava uma Representação muito mais forte, e muito mais vehemente, que aquella que aqui mandou.

O Banco disse que não era exacto o que o Sr. Ministro tinha dicto, e S. Ex. escandalizou-se; e fallando outra vez contra o Banco disse que tem todos os documentos para lhe fazer o processo. Pois bem; faça-se o processo ao Banco; porque eu, Sr. Presidente quero saber se posso como homem de bem continuar a defender o Banco, como tenho defendido, ou se e realmente exacto o que o Sr. Ministro da Fazenda diz, e se tem razão para injuriar aquelle Estabelecimento.

Sr. Presidente, a questão, no estado a que chegou, não póde deixar de concluir-se pela approvação da Proposta do Sr. Mello e Carvalho, ou de outra qualquer Proposta que tenda ao mesmo fim; mas no que não posso concordar, é com o que disse o Sr. Ministro da Fazenda, fallando nesta questão — que o Governo tem direito, quando quizer, e por quem quizer, de mandar examinar as contas do Banco. — Quando quizer, não; hade ser já; não hade ser quando quizer, não, Senhores: porque os principios absolutos levam, neste caso, ao absurdo. O Sr. Ministro levado pelo absolutismo das suas palavras intende que está no seu direito; e eu nego-lhe que o esteja; S. Ex.ª tem direito para examinar essa questão; concedo que o tem; mas não hade ser quando quizer, hade ser já. Pois que! Depois de maltratar o primeiro Estabelecimento monetario do paiz, diz que mandará examinar quando quizer? Não póde, hade fazel-o já.

Eu não quero tomar mais tempo á Camara, porque v. Ex.ª sabe que a ordem do dia é a continuação da discussão da Resposta ao Discurso da Corôa, e que o Sr. Avila e que tem a palavra. Eu declaro que voto pela Proposta do Sr. Mello e Carvalho, e voto pela minha, porque a do illustre Deputado, a quem me refiro, achou alguma repugnancia na Camara, em consequencia de estar muito limitada, e eu para tirar a Camara desta situação, que eu conheço que podia ser embaraçosa para ella, apesar de o não ser para mim, para obviar a isso, offereci um Additamento em que proponho o Inquerito lalo a respeito de todos os negocios do Banco, e é tão justa esta Proposta que fiquei assombrado com o que a Camara fez! Tal é a justiça que eu tenho, que pela primeira vez a Camara admittiu unanimemente á discussão uma Proposta minha! Por isso o que resta é votar sem dependencia de ir este negocio meu á Commissão de Legislação, nem á Commissão de Fazenda, como lembra o Sr. Carlos Bento.

O Sr. Nogueira Soares: — Sr. Presidente, creio que não ha mais que accrescentar ao que se tem dito, nem mesmo é preciso. O Sr. Mello e Carvalho quer a Commissão de Inquerito, e toda a Camara está concorde em a votar; por consequencia intendo que é absolutamente inutil continuar uma discussão que não serve para nada. Concluindo felicito a maioria da Camara, porque pela primeira vez o Sr Cunha Sotto-Maior vota com a opinião della.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Não sou eu que voto com a maioria, é a maioria que vota comigo.

O Sr. Roussado Gorjão: — Sr. Presidente, quando eu pedi a palavra, tinha noticia unicamente da Proposta do Sr. Mello e Carvalho, com quem eu tinha tido a attenção e deferencia que costumo ter com pessoas nas suas circumstancias, e não tive duvida em lhe expor qual era a minha opinião, que é exactamente aquella que o illustre Deputado e toda a Camara quer. Que propõe o Sr. Mello e Carvalho? Propõe que se nomeie uma Commissão de Inquerito. Não serei eu, que retarde por um momento, e com o meu voto, o apuramento da verdade. Mas ha outra cousa, não obstante parecer de méra consideração. No anno de 1849, tambem se pediu uma