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10 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Importaram, portanto, em 800:000$000 réis. A beneficiação custa 80:000$000 réis.

Ora, com 80:000$000 réis salvar 800:000$000 réis, parece-me que é muito bom. (Apoiados).

E, pois, uma necessidade que estas 40:000 armas sejam beneficiadas (Apoiados), assim como ia se beneficiaram 6 ou 7:000.

Ainda nos faltam barracas de campanha, correame, munições e material de serviço.

Tudo isto já se tem feito e continua a fazer no Arsenal e tudo são verbas importantes que levam muito dinheiro. (Apoiados).

Ficou demonstrado que tambem não é nesta verba de material de guerra que ha desperdicio; antes, pelo contrario, é uma necessidade gastar para aproveitar.

Mas, se não ha, a meu ver, desperdicio em todas as verbas do Orçamento, porque é que tão valiosa é a verba de 6:000 e tantos contos de réis para o exercito?

É porque o exercito é, por toda a parte, uma collectividade numerosa, dispendiosa, e os meios de que se serve são extraordinariamente caros.

Por exemplo: quanto custa um tiro na infantaria? Custa 30 réis.

Para desenvolver a instrucção do tiro nacional o Governo fornece para esse fim cartuchos a 20 réis; mas, no exercito esse tiro custa 30 réis.

O tiro de peça de campanha, 9 centimetros, material Krupp, custa 7$663 réis, e a peça custa 758$520 réis. A peça de 15 centimetros, de costa, tiro rapido, custa 19:000$000 réis. A peça de 75 millimetros, de tiro rapido, custa 3:367:500 réis. O tiro da peça do 15 centimetros de praça, material Krupp, carregando com 6,5 kilogrammas de polvora, custa 20$211 réis. A peça de 15 centimetros, de costa, material Krupp, custa 3:120$000 réis, e o seu tiro custa 26$986 réis, carregando com 8 kilogrammas de polvora, a 500 réis cada kilogramma. A peça de 28 centimetros, de costa, Krupp, custa 28:000$000 réis, e o seu tiro, repare bem a Camara, custa 120$000 réis!

É um bonito tiro feito com 45 kilogrammas de polvora, pesando a granada 223 kilogrammas de aço, valendo 94$800 réis.

É caro?

Não, é um ovo por um real; porque pode muito bem succeder que só um tiro d'esta natureza, faça a gloria de uma bandeira, a autonomia de uma nação.

Se o almirante Cervera, no gargalo de Santiago de Cuba, tivesse tido a sorte de acertar em cheio, à piem fouet, meia duzia de tiros d'estes, o desastre para a pobre Hespanha não teria sido o que foi.

Parece-me, pois, que, do discurso do Sr. Oliveira Mattos, a algumas cousas tenho respondido; mas, outras ha a que não posso responder.

Falou S. Exa. nas carteiras quebradas pelo Sr. Deputado Arroyo. Não sendo d'esse tempo, nada tenho com isso.

Quanto ao orçamento, eu garanto a S. Exa. que, ao contrario do que S. Exa. disse, nelle não ha embrulhada.

Se S. Exa. fosse um profissional, um technico, teria a confirmação. d'isto.

Ha, pelo contrario, uma boa orientação que, oxalá, perdure, para o futuro, na confecção de todos os orçamentos da guerra.

Não tenho tempo para o demonstrar minuciosamente, mas posso assegurar que o Orçamento foi confeccionado com todo o rigor, e nelle não ha nem mystificações nem embrulhadas.

Disse S. Exa. ter-lhe custado muito encontrar o que desejava, no orçamento.

Me admira, porque não é profissional.

Alem d'isso, como a primeira proposta d'este orçamento estava ordenada em relação a 31 de outubro, como devia ser, necessario foi refundi-la, quasi completamente, porque os decretos da remodelação dos serviços do Ministerio da Guerra são de data posterior áquella.

Assim, por exemplo, antigamente havia 8 regimentos de cavallaria, hoje são 10 com organização differente.

Diz o Sr. Oliveira Mattos que a commissão augmentou a proposta inicial; assim é, com relação, por exemplo, á verba da instrucção das tropas activas e l.ª reserva, do Arsenal, e outras; mas, ainda assim, esse augmento não chega para as necessidades do serviço, sendo só para lamentar que o Thesouro não permitta maior expansão.

O illustre Deputado tambem prevê que, no futuro, ha de haver um credito especial, para adquirir as crias, como S. Exa. pittorescamente chama ás unidades a constituir, mas essa acquisição ha de ir fazendo se, á medida que as circumstancias do Thesouro o forem permittindo, como determina o respectivo decreto.

Tambem S. Exa. se referiu á impertinente base 17.ª, e disse que ella lhe matou o bicho do ouvido.

Nada tenho com isso.

Referiu se igualmente S. Exa., ao nosso collega Sr. Margarida e pediu a S. Exa. que dissesse aos homens da sua terra ler ouvido um Deputado, neste deserto do Parlamento, bradar contra as corujas que no exercito bebem o azeite.

É um bello trecho de rhetorica que em si mesmo, tem a resposta.

Depois de se ter dirigido ao Sr. Ministro da Fazenda, a proposito da Guarda Fiscal, falou S. Exa. de um certo funccionario aposentado, que foi nomeado administrador do concelho. Sobre isso não respondo a S. Exa. Não sei quem é, não conheço o assumpto nem o funccionario, e alem d'isso não costumo metter-me na vida alheia. (Riso).

Quanto ás escolas regimentaes, estou plenamente de acordo com o que S. Exa. disse.

Relativamente aos serviços de saude, já demonstrei que elles são insufficientemente dotados.

Falou, depois, o Sr. Oliveira Mattos nas luzes, illuminação á giorno, azeite e petroleo. Ora, a esse respeito, devo dizer a S. Exa., em primeiro logar, que a illuminação nos quarteis não se faz a azeite, a não ser nas fachadas dos quarteis, em occasião de festa nacional, e de gala.

De resto, a illuminação é a gaz e a petroleo.

O gaz encareceu; e está presente o Sr. Centeno, que pode explicar o motivo por que o gaz é peor e mais caro. Consta-me que S. Exa. é um dos directores da Companhia do Gaz, e por isso pode S. Exa. explicar o facto de estar mais caro o gaz, e todos dizem que não é bom.

Diz o Sr. Oliveira Mattos que a verba da illuminação nos quarteis é exhorbitante: uma das causas d'isso é o gaz ter encarecido, por ter encarecido o carvão, o agio do ouro, a mão de obra, etc.

O Sr. Antonio Centeno: - V. Exa. dá-me licença? Eu aqui, sou Deputado da nação, não sou director da Companhia do Gaz.

O Orador: - Perfeitamente de acordo; eu cito apenas um facto, e faço a interrogação: porque está hoje o gaz mais caro?

Aqui está, portanto, uma das origens do encarecimento da illuminação dos quarteis.

Alem d'isso, o petroleo encareceu tambem. Todos sabem que este producto ha poucos annos só vendia a 90 réis, e hoje está a 100 e tantos réis.

Mas, Sr. Presidente, a verba de illuminação, nos quartéis, não é só de gaz, petroleo e azeite. Ha muitas outras cousas que d'ella fazem parte; torcidas, concertos nos candeeiros, bocaes, vidros, etc.: e tudo isto faz parte da verba -illuminação, e consta das respectivas livranças, devidamente documentadas. Se bem se fiscalizar esta verba, ver-se-ha que não ha desperdicio, e ha, até, umas pequenas sobras que o coronel do regimento, como boa