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6 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

bre o conhecimento que a mesma camara municipal tenha de qualquer usurpação que algum proprietario confinante tenha feito d'aquelle terreno e, bem assim, informação dos meios adoptados para manter os direitos municipaes;

3.° Uma nota completa de todas as alienações de terrenos e de todos os aforamentos que a Camara Municipal de Campo Maior tem feito nos ultimos dez annos civis, com designações das datas em que se celebraram, forma porque se effectuaram, nomes dos contratantes e formalidades e autorizações que precederam essas alienações e esses aforamentos;

4.° Urna nota completa das estradas municipaes construidas pela Camara Municipal de Campo Maior e por qualquer das formas legaes desde 1888 até hoje, devendo indicar-se a extensão de cada estrada, seu principio e termo, forma por que foi construida, data da construcção e importancia d'esta. = Visconde de Ollivã.

Mandou-se expedir.

O Sr. Caeiro da Matta: - Mando, para a mesa uma renovação de iniciativa do projecto de lei n.° 89-A de 1902, que tem por fim isentar da contribuição de registo as courelas em que se acha já dividida a herdade da Toura, sua na freguesia de S. Miguel de Machede, do concelho de Evora.

Mando tambem para a mesa um projecto de lei autorizando a Camara Municipal de Redondo a levantar, dos fundos do celleiro commum que administra, até a quantia de tres contos de réis, para ser applicada á captação de aguas e canalização; e ao saneamento da sede do concelho.

Ficou para segunda leitura.

O Sr. Antonio José de Almeida: - Tenho apenas vinte minutos deante de mim, mas estes bem aproveitados hão de chegar. Vinha resolvido a atacar o Ministro do Reino pelo seu espirito autoritario, reaccionario, intolerante e palaciano e isso farei. Mas, confesso, as minhas indignações teem que mudar, em parte pelo menos, algum tanto de rumo, porque a reacção, pela voz ultramontana do Sr. Pinheiro Torres, mais do que nunca e mais atrevidamente do que jamais, aqui soltou palavras de odio e de rancor theologico.

Eu, entretanto, não sei que mais admirar, se a audacia do Sr. Torres, se o amor e carinho com que o partido progressista o applaudiu em todas as passagens do seu discurso e especialmente n'aquellas em que pediu repressões ferozes e dirigiu á liberdade invectivas embebidas de fel jesuitico. Dir-se-hia até que o partido progressista, que tem o seu chefe corporeo, para as occorrencias usuaes de regedoria, no Sr. José Luciano de Castro e os seus leaders igualmente corporeos e terrestres em dois dos seus membros na Camara, que, a cada momento, estão tomando a palavra para a mecanica vulgar dos acontecimentos parlamentares, teom o seu chefe ideal, o seu leader espiritual, o seu provincial jesuitico, no Sr. Pinheiro Torres.

Que enorme e profunda tristeza! Ver nesta torva e dessorada decadencia o partido progressista, que teve nas suas fileiras homens que defenderam a liberdade religiosa com audacia e denodo e que, ha vinte annos, pela boca de um dos seus membros, no momento em que se discutia a concordata, exclamou estas palavras altivas: "Ponha-se o Nuncio na rua, cortem-se as relações com Roma; faça-se politica pombalina". Hoje os Navegantes são uma succursal de Roma e o Sr. José Luciano, mais Infimo que um sacristão, maneja ás ordens da Nunciatura como um velho raposo na domesticidade.

O Sr. Antonio Cabral: - V. Exa. não pode provar que nos, progressistas, applaudissemos o Sr. Pinheiro Torres fora daquellas passagens do seu discurso em que S. Exa. pediu a manutenção da ordem.

O Orador: - Mas isso para V. Exa. é tudo, é a repressão feroz, é a pancadaria, são ás perseguições de toda a ordem. Ainda mais. V. Exas. applaudiram o Sr. Pinheiro Torres contra o Sr. Wenceslau, a quem prometteram espectativa benevola. Hoje puseram a situação a claro. V. Exas. fizeram se com o nacionalismo contra o. Governo. E não tiveram para isso nem difficuldades nem rebuço.

Já é coherencia!... Já é amor dos principios...

O Sr. Pinheiro Torres disse ha pouco que isto ainda era nosso. Nosso de quem? Dos frades, das congregações religiosas, da santa inquisição?

O Sr. Matheus Sampaio, segundos depois, gritou tambem: "Isto ainda é nosso". Nosso, de quem? Da força armada, da municipal ou da policia?

Eu julguei, Sr. Presidente, que Portugal era dos portugueses, que esta terra infeliz e desgraçada era d'aquelles que n'ella nasceram, e n'ella teem trabalhado e soffrido. Mas, pelo visto, ha engano. Engano do Sr. Torres e do Sr. Matheus Sampaio. Isto é d'elles. Elles são donos da pátria. Nos labios do Sr. Matheus Sampaio,o orador faz-lhe essa justiça, aquellas palavras foram apenas uma frase. Nos labios do Sr. Pinheiro Torres ellas foram uma ameaça e um requerimento. S. Exa. com ellas pediu repressão sanguinolenta e amaldiçoou-nos com a maldição de Deus implacavel.

Mas quem fala assim tem de ser claro. O Sr. Pinheiro Torres tem o dever de declarar aqui quem foi o republicano que na excursão de Braga entrou numa igreja de chapeu na cabeça, fumando charuto.

O Sr. Pinheiro Torres: - Eu não disse que isso tivesse acontecido na excursão de agora. Foi de outra vez.

O Orador: - Foi de outra vez. Por occasião das calendas gregas... Todavia, pela maneira por que S. Exa. falou toda a gente comprehendeu que se tratava da excursão de domingo passado... Foi reserva mental do Sr. Pinheiro Torres!

O Sr. Pinheiro Torres: - Mas ha outro jacto igualmente grave. A autoridade prohibiu que alguns excursionistas montados em burros se photographassem em frente ao templo do Bom Jesus.

O Orador: - E onde está o sacrilégio desse acto? Se formos a isso, cousas mais originaes se teem passado sem o partido nacionalista haver feito reclamação alguma. Por exemplo, o Sr. Pinheiro Torres devia ter protestado contra as touradas que no Ribatejo se teem feito, por vezes, nos adros das igrejas.

Ora se é crime estarem em frente de um templo, montado em jericos, maior crime deve ser fazer touradas ao pé dos templos, porque, alem de jumentos, entram na funcção touros manhosos.

Continuando. O Sr. Pinheiro Torres, pois, não faz esforços por levantar o seu argumento do homem a fumar dentro do templo e da burricada a flanar no adro da igreja.

Quer dizer: elle proprio, nacionalista e clerical, reconhece a inanidade da sua objurgatoria.

A doutrina que S. Exa. formulou a respeito das excursões e outras manifestações politicas é deveras extravagante.

No entender de S. Exa. era offender os brios de Braga catholica e moriarchica o irem lá cidadãos livres em recreio pacifico.

Se nos acceitassemos esta doutrina, reaccionaria e truculenta, a cidade de Lisboa teria o direito de correrá pedrada todos os representantes da monarchia, porque, sendo