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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

nheço e admiro, mas que n'esta questão devaneou um pouco, sustentou tambem que devemos ter um arsenal prompto para grandes construcções, porque nem sempre, em occasiôes de guerra, é possivel adquirir por intenvenção da industria particular o material necessario para occorrer ás necessidades da luta. E a este respeito trouxe á memoria o conflicto suscitado entre a Inglaterra e os Estados Unidos a proposito do Alabama, mostrando assim que corremos o perigo de não poder comprar navios.

Desejava que esse illustre deputado, o sr. Barros e Cunha, nos dissesse que utilidade haveria em ter um grande arsenal para nos fornecer de navios em caso de guerra. Vejo só n'isso um dispendio enorme, sem nenhuma consequencia util; qualquer que fosse o arsenal, ainda a quilha do primeiro navio couraçado não estaria completamente assente, e já a guerra teria terminado.

As nossas condições peculiares hão de sempre fazer com que fabriquemos mais caro que a Inglaterra e a America, por isso entendo, e entendo com a commissão, que o nosso arsenal de marinha deve ser um estabelecimento simplesmente destinado a reparações (apoiados). A respeito da cordoaria, e não quero desenvolver agora esta ultima questão, porque espero ainda que outro illustre deputado nos venha mostrar quanto custa um cabo feito n'aquelle estabelecimento, a minha opinião é que deve ser supprimida, porque a industria particular nos póde fornecer mais barato tudo quanto precisâmos.

Descobriu-se uma cousa muito notavel na commissão de fazenda, é que os cabos feitos na cordoaria nacional têem um excellente aspecto por fóra, mas infelizmente não prestam por dentro.

Se fossem igualmente bons por dentro e por fóra, ainda se podia desculpar o que nos custam, mas infelizmente são bonitos por tora e maus por dentro. Creio mesmo que os acontecimentos que se deram no Mediterraneo com a corveta Estephania não se devem attribuir senão ao mau estado e á má qualidade dos cabos novos d'aquelle navio, cabos provenientes da cordoaria nacional.

Pico por aqui, mas quero ainda justificar uma proposta que julgue essencial.

Examinando por simples curiosidade o orçamento do ministerio da marinha e o orçamento do ministerio da fazenda, notei uma incongruencia, que para mim não tem explicação, e que me parece não poder facilmente explicar-se.

No orçamento do ministerio da marinha pedem se em diversos capitulos 42:000$000 e tantos mil réis para a esquadrilha da fiscalisação das alfandegas, esquadrilha cuja edificante historia espero seja contada á camara quando se discutir o orçamento do ministerio da fazenda.

Ora, é preciso ter em vista que esta despeza com a esquadrilha de fiscalisação, em ultima instancia, é paga pelo ministerio da fazenda.

No ministerio da marinha estão auctorisados, como disse, para a esquadrilha de fiscalisação 42:000$000 réis, que hão de ser pagos pelo ministerio da fazenda; mas no ministerio da fazenda vejo apenas a verba de 30:000$000 réis para pagar esses 42:000$000 réis.

A operação ha de ser difficil, e, como receio que o ministerio da marinha perca n'este negocio, por isso vou mandar para a mesa uma proposta para que do orçamento d'este ministerio sejam excluidas todas as verbas que digam respeito á esquadrilha de fiscalisação, e para que essas verbas sejam todas lançadas no orçamento do ministerio da fazenda, embora a direcção technica, a fiscalisação e a contabilidade continuem a cargo do ministerio da marinha.

N'isto não ha difficuldade alguma, creio eu. O ministerio da marinha dirige a parte technica do serviço, fiscalisa a, faz a sua conta, e depois remette-a para o ministerio da fazenda, que a paga.

Mando tambem um projecto de lei para cohibir o abuso existente em relação aos facultativos navaes auxiliares, e hei de mandar, não já, porque não o tenho redigido, um projecto de additamento ao bill de indemnidade apresentado á camara a respeito dos aspirantes extraordinarios e um additamento ao projecto de lei do commando geral da armada, para que as attribuições d'este commando sejam distribuidas, como o governo julgar conveniente, pela direcção geral de marinha e superintendencia do arsenal (apoiados—Vozes: — Muito bem.)

(O orador foi comprimentado por muitos srs. deputados).