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1070 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

e sobre o arroz. Duvida alguém que o café, o assucar e o arroz são alimentos indispensáveis o ordinários das classes operarias, e que o milho é nas nossas províncias o pão do pobre? (Apoiados.) E ao mesmo tempo, e isso é que me admira, por ainda não ter ouvido estalar as santas indignações do sr. ministro dos negócios estrangeiros, as pérolas e as geminas vão entrar de graça!! (Riso.)
Agora já o sr. ministro dos negócios estrangeiros se não exalta, só porque, ao passo que os pobres vão ter aggravada a sua situação económica, se poderão adornar melhor e por menos preço os colos alabastrinos das damas que concorrem às festas reaes. Porque as festas reaes, felizmente, não acabam. O que houve foi mudança em algumas das damas que frequentam no momento actual os paços reaes.
Talvez isso explique o resto. (Apoiados.)
Primeiro porque a competência e saber do sr. Barros Gomes em assumptos financeiros são tão universalmente reconhecidos e estimados, que nem mesmo s. exa. escapa inteiramente a esta impressão geral. (Riso.)
Em segundo logar porque quero offerecer a lição ao paiz, para que este veja, segundo as próprias theorias do sr. Barros Gomes, se o actual governo tem auctoridade moral para lhe exigir os pecados sacrifícios constantes das propostas de fazenda. (Muitos apoiados.) Quero que o paiz veja e decida quem são os esbanjadores (Apoiados), se somos nós. ou se sois vós. (Muitos apoiados.)
Liquidação! E uma liquidação, mas não da nossa política. E a liquidação das reformas dictatoriaes, acrescentada pela das loucas despezas com os festejos do casamento real, festejos que foram as aguas lustraes em que o partido progressista se purificou do seu antigo espirito jacobino, desinquieto e irrespeitoso. (Muitos-apoiados.)
O governo foi inhabil á força de habilidades. Quiz provar de mais e por isso não provou nada.
Pois que? Não se descreve verba alguma da despeza com esses festejos, cuja existência e realidade está aliás na consciência de todos nós e na do paiz, e querem que alguém acredite na verdade representada por este orçamento? (Apoiados.)
Eu não quero citar factos, e podia citar muitos, quero só pôr em evidencia que, a avaliar por este orçamento, o governo não gastou nem 5 réis com es festejos! (Apoiados.)
E um triste processo este, mas do agrado do governo e dos seus amigos.
Ninguém fez maior mal ao projecto da conversão do que
o sr. Carrilho, quando affirmava, que com o systema de amortisacão proposto pelo governo, e com os 100:000$000 réis da caixa geral de depósitos, podíamos amortisar até a divida publica da Europa inteira!
Depois disso todos Mearam Jogo convencidos, de que se não amortisaria cousa alguma. (Riso. - Apoiados.)
Fallar sempre a verdade ao paiz, tal é a principal obrigação e o mais vivo interesse dos governos, como dos parlamentos.
Temos os nossos fundos cotados em Londres a 57 por cento? É verdade; e por isso felicito o sr. ministro da fazenda, o governo, o paiz e toda a camara.
Mas tambem é verdade que temos o orçamento rectificado com 44.000:000$000 réis de despeza, e perto de réis 10.000:000$000 de déficit, e por similhante facto não posso felicitar ninguém! (Apoiados.)
Se os fundos nunca chegaram a 57 por cento, tambem o orçamento rectificado nunca chegou a 44.000:000$000 réis! E se a primeira gloria pertence ao sr. ministro da fazenda, a segunda pertence-lhe pelo mesmo direito. (Apoiados.)
E por isso que eu, que acima de tudo sou portuguez, que me interesso muito mais pelas vantagens do meu paiz, do que pelos interesses do meu partido, termino fazendo votos para que o sr. Marianno de Carvalho, que já elevou os fundos a 57 por cento e as despezas a 44 000:000$000 réis ponha todo o seu cuidado em que a primeira gloria nos não venha a sair tão cara, como já nos custa a segunda. (Muitos apoiados.)
Vozes: - Muito bem.
(O orador foi cumprimentado.)
Leu-se na mesa a seguinte

Moção de ordem

A camara, fazendo votos para que o credito do paiz se robusteça e afiirme nas solidas bases de uma severa administração dos rendimentos e serviços públicos, unicamente inspirada na pratica dos bons princípios económicos e financeiros, passa á ordem do dia. = Franco Castello Branco,
Foi admittida.
O sr. Presidente: - A ordem do dia para amanhã é a continuação da de hoje e mais os projectos n.ºs 105 e 106.
Está levantada a sessão.

Eram mais de seis horas da tarde.

Redactor = S. Rego.