18 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS
que quantos toem passado pelos conselhos da Coroa, gerindo a pasta da Guerra, toem dedicado ao engrandecimento do exercito os seus mais louvaveis esforços e votado ao melhoramento das nossas instituições militares todos os recursos do seu saber e toda a energia de que é capaz a sua vontade.
São por iguaes salutares os effeitos d'esse criterio que em todos, por igual, se tom definido? Não o discutirei. Basta-me, Sr. Presidente, e isso faço-o com toda a força das minhas convicções e com toda a certeza de que ninguem pode levá-lo á conta de dedicação pessoal, basta-me, arrogar para o Sr. Conselheiro Pimentel Pinto a gloria de ter sido o iniciador d'essa radical evolução, d'essa nova era de esplendor para o exercito, abençoada hoje por quantos se honram de vestir uma farda. (Apoiados).
Só espiritos exageradamente propensos ao optimismo deixariam de sentir que em 1892 o exercito estava abatido no sou prestigio, o que na opinião publica lavrava contra elle uma accentuada corrente de desfavor. Da classe militar falava-se apenas ou para amesquinhá-la pela sua esterilidade ou para accusá-la de gastar, sem proveito para o Estado, largo quinhão das suas receitas.
Só espiritos demasiadamente minados pelo facciosismo podem negar que á passagem do Sr. Conselheiro Pimentel Pinto pelos conselhos da Coroa, no primeiro gabinete de que S. Exa. fez parte, se deve uma absoluta mudança no pensar geral da nação. (Apoiados).
E que S. Exa., tendo sabido erguer o exercito do abatimento a que o iam condemnando, não perdendo ensejo de avigorar-lhe o prestigio, pensando apenas em proporcionar-lhe os meios de bem cumprir a sua missão, conseguira pô-lo em circunstancia não só de despertar a admiração e respeito dos seus conterraneos, mas de causar assombro e impor-se á veneração de todo o mundo civilizado. (Apoiados).
Em 1896 o país, nutrindo polo exercito sentimentos bem oppostos ao de 1892, não negava, como hoje não nega, ao Sr. Conselheiro Pimentel Pinto a justiça de attribuir-lhe, e em muito, a gloria do que se cobriram em Africa as tropas expedicionarias de 1895. (Apoiados).
Sr. Presidente: da harmonia de pensar, da identidade de sentimentos a que alludi e que, como disse, vem desde 1893, era licito esperar resultados superiores aos colhidos, o sê-lo-iam se nos 9 annos, desde então decorridos, o porfiado empenho dos titulares da pasta da Guerra obedecesse a um logico espirito de sequencia e o seu dedicado trabalho apenas tivesse servido a causa do exercito.
Mas, Sr. Presidente, 9 annos é um periodo demasiado longo para que a paixão e o ardor partidario não tenham, durante elles, uma d'estas convulsões ou abalos capazes de trahir os mais sagrados designios.
A politica que, durante annos, se arredara dos assumptos militares, escolheu-os em 1899 para sen principal instrumento; isso explica seguramente o não ter a organização decretada nesse anno representado de beneficies para o exercito quanto poderia esperar-se da provada intelligencia, do muito valor e da incontestavel dedicação do illustre official que, como Ministro da Guerra, a subscreveu.
Seria, porem, faltar á verdade dos factos o affirmar que esse diploma correspondeu em merito ás boas intenções ao Sr. Conselheiro Sebastião Telles, ou que, por alguma forma, elle fez resplandecer a aureola de gloria com que S. Exa. ascendeu aos conselhos da Coroa, e que justamente emanara dos seus brilhantes escritos sobre a sciencia da guerra.
E estas palavras, creia V. Exa., Sr. Presidente, que tem de proferi-las com magna, quem, como eu, foi educado, ouvindo citar o nome do Sr. Conselheiro Sebastião Telles como um dos mais dedicados o prestimosos servidores das instituições militares, e, portanto, como tal, de novo de acostumou a
Venerá-lo
A luta travada em 1899 assumiu num e noutro campo proporções por tal forma agigantadas que motivo bastante de tristes apprehensões causou áquelles que, sinceramente devotados ao seu pais, teem de sentir todo o prejuízo que para elle advem da inconstancia da legislação do exercito e da falta do methodo e espirito de continuidade nos diplomatas que affectam a economia das instituições militares, essa luta nasceram, como forçada consequencia os diplomas ultimamente promulgados.
Sr. Presidente: os erros passados só pode remi-los no futuro uma nova orientação sã e perduravel. Que essa seja: collocar o exercito absolutamente fora da política e, para bem servi-lo, estabelecer-se entre os partidos um acordo que lhes permitia uma franca e leal collaboração. (Apoiados).
Por demais, Sr. Presidente, ia desviando as minhas considerações; reatando-as direi que se é certo não possuirmos uma legislação militar tão perfeita quanto poderia sê-lo, incontestavelmente nella se encontram diplomas de assignalado valor, muitos mesmo sem duvida, superiores, aos documentos similares do outros exercitos.
Encontramo-nos, seguramente, em condições de excluir, por absoluto, a necessidade de que venha um novo Schomberg, um novo Conde de Lippe, ou outro Beresford, redimir os erros da imprevidencia nacional.
Mas não creia V. Exa., Sr. Presidente, nem supponha a Camara, que eu sou um utopista, ou que o meu optimismo vae ao ponto do considerar a nossa legislação militar tão boa, que não seja susceptivel de em muito se beneficiar.
Terei talvez, Sr. Presidente, a opinião de que não será necessario legislar mais nem alterar o existente, mas reputo indispensavel radicar ou levar á pratica e á realidade muitas disposições que esperam ainda essa feliz hora.
A primeira necessidade consiste, Sr. Presidente, em estudar os meios de poder elevar-se o effectivo orçamental até á cifra necessaria para que nas differentes unidades haja pessoal bastante para se percorrer todo o programma da sua instrucção. (Apoiados). Bons regulamentos para ministrá-la não faltam.
Segue-se depois cuidar e com affinco do meio de pôr termo á crise dos graduados que hoje se accentua (Apoiados) e que nasceu, porque as disposições que em 1899 reduziram a 2 annos o tempo de serviço na fileira, não foram acompanhadas de quaesquer medidas tendentes a evitar essa crise que inevitavelmente tinha de produzir-se. (Apoiados).
Ha a elaborar o regulamento de reserva, em que hoje não terão apenas do considerar-se as tropas de segunda linha, mas tambem as de terceira visto que a criação d'esta foi uma das beneficas e salutares disposições do ultimo regulamento de recrutamento.
A escassez da producção cavallar no pois carece do prompto remedio por isso que dia a dia augmentam as difficuldades de remontar as nossas tropas.
Do capitalissima importancia é, Sr. Presidente, a questão do armamento que, infelizmente é forçoso confessá-lo falta para todas as armas. Louvavelmente entendeu o nobre Ministro da Guerra dever começar pela acquisição do material de artilharia necessario para as fortificações da barra (Apoiados), mas seguidamente terão de renovar-se as bocas de fogo dos regimentos de campanha como urge substituir o armamento usado pela infantaria. (Apoiados).
Sr. Presidente: quando tantas e tão momentosas questões devem preoccupar o espirito dos titulares da pasta da guerra, quando na solução de tantos e tão complicados problemas de administração existe largo campo para assignalar-se a iniciativa e valor d'aquelles a cuja, guarda estejam confiados os interesses do exercito, menos bem procederia, no meu entender, quem desviasse as attenções para reformar uma lei que se é Certo ter defrontado dura