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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

armada a nova construcção que o deva substituir, para assim haver certeza da manutenção do armamento naval constante.

O abastecimento de material e principalmente de madeiras é das cousas mais importantes para um arsenal, e infelizmente está isso entre nós no mais desastroso abandono.

Os depositos do arsenal estão desprovidos de madeiras, mesmo para os fabricos ordinarios.

É depois de começadas as obras que muitas vezes se mandam comprar as madeiras, e não é raro ter de parar a obra por não ter chegado a madeira. E então que madeiras, e porque preço!

Temos magnificas madeiras de construcção em Cacheu e de optima qualidade; se organisassemos convenientemente os córtes d'essas madeiras e enchessemos d'ellas os nossos depositos do arsenal com a necessaria antecedencia, estariam ellas bem seccas e convenientemente preparadas quando as necessitassemos para as nossas construcções (apoiados).

Porque deixámos nós de fazer construcções novas na India?

Pois não saíam ellas ali tão baratas, de tão boas madeiras e tão duradouras?

Pois a corveta D. João I com quarenta e tres annos de idade não é a maior prova de que desprezâmos o que mais nos convem? (Apoiados.)

Quanto nos custou a corveta Duque da Terceira feita no nosso arsenal desde 1863 a 1866 com madeiras compradas á ultima hora!

Custou a primeira construcção em Lisboa 156:130$919 réis, sendo 118:927$230 réis de material e 37:203$689 réis de mão de obra. Pois chegada a Inglaterra quando íam a assentar lhe a machina, viu-se que o fundo estava podre, e por isso foi preciso despender com a reconstrucção do novo fundo, gastando se em Inglaterra por isso 159:683$067 réis, de cuja quantia 46:800$000 réis unicamente é que foi pela machina, isto de julho de 1866 a abril de 1867.

Pois em 1868 foi preciso despender em obras do mesmo navio 6:550$731 réis, isto é, despendeu-se com este navio 322:364$717 réis.

Pois a corveta Infante D. João, esse naviosito que está em fabrico defronte do arsenal, todo alquebrado e encolhido o pobresito, que parece afflicto com dor de barriga á espera que o deixem para ir para o Brazil, proteger ali o nosso commercio, quanto não custou aquillo ao estado!

A sua primeira construcção em Lisboa custou 97:990$450 réis desde março de 1862 a janeiro de 1864, sendo réis 73:589$241 com o pessoal e 24:401$209 réis.

Pois chegada a Inglaterra para assentar a machina conheceu se que era necessario reconstruido e lá gastou (de janeiro a setembro de 1864) 124:552$948 réis, dos quaes apenas 36:000$000 réis fôra pelo custo da machina.

O que a commissão é quer que os nossos pinhaes não sejam tratados de modo que as madeiras que de lá vem só servem para fôrmas.

Para os usos dos industriaes do fabrico da agua raz e outras, sangram por tal modo as arvores que ficou como palha incapazes para construcções.

Que culpa têem os engenheiros constructores da podridão das madeiras nos navios novos, se não lhes dão melhores materiaes para as construcções?

A commissão queria, que as construcções se fizessem sempre com um fim certo e com methodo e systema, adoptando-se um só typo para cada classe de navios, d'este modo as fôrmas que se fizessem para um navio serviam para todos os do mesmo typo, haveria economia de sobresalentes e mesmo dos navios condemnados se aproveitariam muitas peças para as novas construcções.

O que a commissão não concorda é em que se façam navios ao acaso e sem pensar no serviço a que taes construcções se destinam (apoiados).

O que a commissão entende, é que não convem á economia nem ao bom serviço, que em um anno se mande construir uma fragata de grandes dimensões no arsenal, e que depois de assentada a quilha e arvorada a roda de prôa, e feitas muitas cavernas e outras peças importantes, e depois de armazenadas as madeiras de dimensões adequadas aquella construcção, com despeza de muitas dezenas de contos de réis, para no anno seguinte se mandar desmanchar tudo, e empregar o pessoal do arsenal em reduzir as dimensões d'essas madeiras para as applicar aos concertos da Bartholomeu Dias e de outros navios de menor tamanho, perdendo tanto de valor essas madeiras quanto se gasta em as reduzir!

Quem é que quer mal ao nosso arsenal, é quem quer que isto acabe, e que tudo entre ali em ordem, ou quem vive em santa beatificação, contemplando os nomes illustres dos distinctos cavalheiros que têem tido a pasta da marinha!

Para que havemos de estar como os leigos a darmo-nos reverendissima!

N'este caso não póde a bandeira cobrir a carga sem prejuizo publico!

A commissão não olhou a nomes, tratou só das cousas, e pensou em dar-lhe remedio, passando ás possiveis economias (apoiados).

Todos concordam em que o nosso material maritimo é improprio para os serviços a seu cargo, e que está quasi todo em pessimo estado de conservação (apoiados).

Dizer apesar d'isso, que não toquei com mão indiscreta na arca santa das glorias e dos monumentos dos nossos homens illustres é querer fechar os olhos á evidencia e deixar correr para o abysmo aquillo que já está quasi n'elle despenhado (apoiados).

A commissão desejava que tivessemos o sufficiente numero de optimas canhoneiras, para ter sempre dez pelo menos no ultramar, e fazia-se com estes navios optimamente o serviço com 400 a 500 praças, hoje faz-se mal com 1:061.

Parece incrivel como a nossa digna officialidade faz tanto com taes meios.

Tratemos de remediar o mal com urgencia, mesmo sem prejuizo dos louvores aos homens illustres.

A commissão viu o que era preciso fazer para o futuro, e do seu parecer consta que o governo tomou o compromisso de apresentar com urgencia ao parlamento as necessarias propostas para a constituição do nosso material maritimo. Depois d'isso é que convenientemente se póde tratar das organisações, que não sejam como as que até aqui se têem feito, isto é arbitrarias, e que são sempre justa cousa para novas reformas.

Fixar o quadro do pessoal da armada para que? Sem saber quaes os navios para que são esses officiaes!

Organisar um arsenal para que! 20:000$000 réis de madeiras para que?

Em fabricas, que reparações grandes e que novas construcções ha a fazer no anno!

Tudo vago, tudo arbitrario, e por isso não ha rasão para votar mais nem para reduzir a despeza do arsenal.

O pessoal pertence a quadros certos, o material não é calculado á vista dos orçamentos das obras a executar, e portanto ahi vae o que o governo pediu, e Deus lhe ponha a virtude!

Mas isto não póde continuar assim (muitos apoiados). Pedem-nos dinheiro para um ramo de serviço e nós antes de o votarmos estamos no nosso direito de examinar o estado dos serviços para que se pedem os fundos, e supprir o que seja inutil ou dispensavel, e promover futuras economias principalmente no modo de executar os serviços (apoiados).

A commissão visto o estado dos navios, que actualmente possue a nossa armada, e considerando que não convinha ter nas colonias navios improprios e em mau estado para o desempenho das respectivas commissões, propoz o desarmamento d'esses navios, economisando a despeza que elles