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Rei. A mobilissimo um Monumento de Gratidão, em que se leia a Epigrafe = A D. Pedro IV; o Magnanismo; Rei-Imortal; Pai da Patria; Delicias de Portugal, e do Brasil = aucthorisando-se o mesmo Governo para fornecer pelo Thesouro Publico o que faltar para a magnificencia da Obra na Subscripção que se deverá abrir, e unir áquella, que já foi promovida por alguns Portuguezes honrados. - Borges Carneiro.

O Sr. Pereira do Carmo: - O nobre sentimento de gratidão (e gratidão estreme sem mistura de quaesquer outras confeições) me levou a propor á Camara que decretaste um Monumento Nacional ao Restaurador das Liberdades Publicas e o Senhor D. Pedro IV. Alguns dos homens d'Estado, que nos governarão nos ultimos seis mezes do anno de 1823, não podendo atinar com a verdadeira causa das commoções politicas, por que a Nação passará nos annos anteriores; recorrêrão aos Cavalleiros do Diabo, aos Pedreiros Livres, aos Carbonarios, e ás Sociedades Secretas, para explicarem aquelle fenomeno para elles tão singular; e fazendo a todos os Portuguezes a injustiça de os reputarem estupidos, e Crianças, não tíverão pejo de lhes metter meda com este Papão. A duas mil leguas de distancia da sua antiga Patria o Senhor D. Pedro IV, sobranceiro a todas as preoccupações da velha Europa, e respirando um ar desinfectado, dos mesmos partidos da Ignorancia, do Fanatismo, da Hypocrisia, e da Escravidão, reconhecêo logo que verdadeira causa das nossas commoções era a necessidade do seculo 19, quero dizer, a necessidade da Liberdade Politica (apoiado, apoiado); e, em vez de abafar este fogo, como fazem os Apostolicos, correndo risco de serem engolidos pela voragem revolucionaria, se poz elle mesmo á frente do movimento para a dirigir, como dirigio, no sentido da Carta Constitucional, que tão generosamente nos outorgou.

Foi assim que o Senhor D. Pedro IV cumprio no Rio de Janeiro a 29 de Abril de 1826 a Real Palavra, que debalde nos tinha dado em Villa Franca Seu Augusto Pai o Senhor D. João VI, a 31 de Maio de! 1823! Nesta Carta de Alforria, que assim lhe podemos chamar, (apoiado, apoiado) vem consagrado o principio de igualdade de Direitos, sem offensa da Aristocracia legal; vem declaradas as Garantias Individuais; concedida a Liberdade da Imprensa; a Representação Nacional; a Tribuna Publica; e d Processo por Jurados. E estes preciosos Dons, que outros Povos tem comprado á custa de longos annos de anarchia, de mortes e de horrores, não custarião uma só lagrima, uma só gota de sangue ao Povo Portuguez, se um punhado de infames, que pertendem consumir sem produzir, comer sem trabalhar, Occupar todos os Empregos sem aptidão, e alcançar todas as Honras sem merecimento, não tivessem arvorado o Estandarte da revolta no Paiz classico da Fidelidade. Se quizermos agora avaliar a Carta, por comparação, lembremo-nos dos tenebrosos dias do mez de Abril de 1824, dias, em que toda a putrefacção moral da Nação veio ao de cima!!... Basta: o Amor da Patria altamente reclama que se não renovem feridas já cicatrizadas. Seja-me todavia permittida uma breve digressão. Que desgraças se não pouparião á geração presente, e ás gerações vindouras se os Reis, devendo conhecer o poderio irresistivel das idéas Liberaes, imitassem a sabia conducta do Senhor D. Pedro IV? Serão por ventura tão cegos estes Monarchias, que não vejão que os Povos, quando arrancão por força assoas Instituições Politicas, nada os satisfaz, nunca cessão de pedir, e sempre vivem descontentes e que ao contrario, quando os Soberanos lhes outorgão livremente essas Instituições, as recebem como um Dom do Ceo; reputão-se Felizes, e vivem tranquillos? Voltando ao assumpto.

Mostrei os valiosos Titulos do Senhor D. Pedro IV á Gratidão Nacional: mas porque maneira devemos exprimi essa Gratidão? Eu proprio, e a Commissão adoptou, á Idea de um Monumento. Em verdade, entre todos os Povos antigos, e modernos é em todos os Paizes foi pratica recebida levantar Monumentos, conforme o Genio de cada Seculo, ás grandes acções, aos grades homens, as grandes virtudes, (e não poucas vezes a grandes vicios). Deste mesmo Lugar eu descubro: um magestoso Monumento, que a Gratidão do Povo da Capital consagrou á memoria do Senhor D. José I. Mas quem pode comparar o Senhor O José I, resuscitando Lisboa de entre as ruinas, em que foi sepultada pelo terremoto physico de 1755, com Senhor o Pedro IV, restituindo com generosamente á Nação as Publicas Liberdade; enterradas por successivos terramotos politicos em tantos seculos? Adoptada pois a idéa do Monumento, restava liquidar qual elle fosse. A Commissão, e eu com ella, afastando para longe esses soberbos Monumentos, mais apparatosos, que uteis, argamaçados com o langue, é com o suor de Povos escravos, assentámos que o nosso devia ser digno da grande Causa, e do grande de Principe, a que era dedicado, é que só preencheria este fim se reunisse em si as recordações historicas, e a publica utilidade. Tal he o fundamento, por que a Commissão propor que a primeira grande Obra Publica fosse consagrada ao Magnanismo Rei o Penhor D. Pedro IV.

Ainda se adiantou mais a Commissão indicou que esta Obra poderia ser um grande Canal, que communicasse o Sado com o Tejo, de que sem duvida resultarião as mais Subidas vantagens a esta grande Capital, que he a Patria commum de todos os Portuguezes, e ás duas Provincias der Sul do Reino. Tenho exposto com lealdade os meus motivos, é os motivos da Commissão. A Camara pegue deller, e os julgue com a sua costumada Sabedoria.

O Sr. Borges Carneiro: - A primeira vez, depois da installação das Cortes; que tive honra de faltar perante esta Camara, fiz duas Propostas: primeira para que te enviasse uma Deputação a S. A. R. a Senhora Infanta Regente, a pedir-lhe que se dignasse fazer subir á presença de Sua Magestade a homenagem dos sentimentos da maior lealdade, e gratidão da Nação Portuguesa, e desta Camara, pelas seus grandes beneficios para com ella: segunda para que sé votasse um Monumento, que transmitia á posteridade a Memoria de um Rei Immortal, e a expressão daquelles sentimentos de lealdade, é gratidão nacional.

Eu uni estas duas Propostas, cedendo á vehemencia da gratidão; porem a Camara sabiamente as mandou separar. Cumprio-se já a primeira, e nós ouvimos com o maior enthusiasmo as expressivas palavras que a Deputação teve a felicidade de ouvir da bôca do Anjo Tutelar deste Reino: = O nosso Augusto Rei o Sr. D. Pedro IV, disse S, A. S. f está bem