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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Aquelle projecto é tão simples e de tão reconhecida utilidade, que me parece que não necessita de esclarecimentos de qualidade alguma para ser convertido em lei (O sr. Coelho do Amaral: — Apoiado.); o que se pretende unicamente é que a contribuição da prestação do trabalho, sem prejuizo da viação segundo a lei de 6 de junho de 1864, possa ser applicada pelas camaras municipaes quando não vá de encontro com as disposições da mesma lei, quer dizer, este imposto, que representa um capital immenso, está improductivo em quasi todo o paiz (apoiados), e é de simples intuição que, sem prejudicar o pensamento da lei de 6 de junho de 1864, este projecto póde ser convertido em lei, porque, caso haja em alguns concelhos estradas á fazer segundo as prescripções que estabelece a lei de 1864, não póde applicar-se a contribuição a outra qualidade de viação que não seja essa, mas não a havendo, para que ha de ficar improductivo esse imposto, que caduca no fim de cada anno? (Apoiados.)

O que eu desejava, por consequencia, era que o illustre ministro do reino, com o zêlo e solicitude que me parece tem tido n'este negocio, embora infructifero até hoje, o activasse quanto possivel para que á commissão da camara, dos dignos pares desse este parecer, porque creia s. ex.ª que é um grande serviço que faz a todo o paiz, visto que teria por fim aproveitar um capital que póde circular-se em centenas de contos, e que na maior parte dos concelhos está improductivo desde que a lei de 1864 se promulgou (apoiados).

Se não for assim estou certo que este projecto ainda fica, esta sessão no limbo da commissão respectiva da camara dos dignos pares.

Não quero fazer censura áquella commissão, mas sim chamar a attenção do sr. ministro, dizendo-lhe que é tão simples este projecto e que trata de uma materia tanto ao alcance de todos, que me parece que não serão necessarios mais esclarecimentos para se proceder ao seu exame e approvação.

Ainda desejava chamar a attenção da camara, tratando d'este mesmo assumpto, para um mappa que acaba de ser publicado e que diz respeito tambem á viação municipal, cuja exacção official não posso deixar de reconhecer posto que n'elle me parece que ha algumas inexactidões; entretanto sujeitando-me aos dados que n'elle se acham, vejo que nos concelhos de que n'elle se trata, exceptuando Lisboa e Porto, ha 185 nos quaes não ha um unico metro de estrada municipal construida, segundo determina á lei de 6 de Junho de 1864, e 83 em que ha alguns raros kilometros de estrada construidos.

Ora, tendo esta lei sido publicada em 1864, isto é, tendo já sete annos de existencia, ao examinarmos os resultados que ella tem produzido durante este periodo, havemos de nos convencer que ou ha defeitos na mesma lei, ou da parte dos seus executores (apoiados). Com isto não quero fazer censura ás auctoridades; mas tanto n'um como n'outro caso, depois de se reconhecer que os resultados não têem sido taes como era para desejar, não são aquelles que estavam na mente de legislador, cumpre-nos examinar esta legislação e reforma-la o mais em harmonia com as necessidades do paiz, de fórma que os seus beneficos resultados se es tendam a todos os concelhos e não só 83 como actualmente acontece, estando 185 completamente desprovidos dos beneficios da viação (apoiados).

Parece-me que ha urgente necessidade de tratar d'este assumpto.

Como v. ex.ª sabe, e este mappa nos diz, ha em cofre para ser applicado a coustrueções d'essas estradas, municipaes a quantia de 449:000$000 réis, cifra redonda.

Ora, parece-me que tratando nós de facilitar os meios para que as camaras municipaes possam applicar esta quantia com mais vantagem para o serviço e para os concelhos, fazemos um bom serviço ao paiz (apoiadas).

Não possa deixar de attribuir, não tanto a falta de zêlo da parte dos empregados administrativas ou das proprias corporações, o facto da lei ter deixado de produzir beneficos resultados que d'ella se esperavam, mas á propria lei.

O sr. Julio de Carvalhal: — Apoiado.

O Orador: — Não com relação ao seu fundamento, com o qual estou de accordo, e que não póde ser senão procurar desenvolver, debaixo de certos preceitos, esta viação municipal, de sorte que ella se torne mais proveitosa possivel, juntando um certo numero de garantias para formar um todo harmonico e uma rede combinada de estradas, que dê os resultado que são para desejar e que o paiz precisa; mas quanto a muitas das suas disposições, porque são taes as paias e os embaraços que se põem ás camaras municipaes, para ellas poderem applicar os seus fundos, quando precisâmos instantemente revogar a lei em tudo quanto tender a coarctar a liberdade de acção das camaras municipaes (apoiados).

(Áparte.)

Póde ficar alguma cousa, mas o que é indispensavel é que simplifiquemos o serviço, e que não vamos pela complicação a que elle está sujeito obstar a que as camaras municipaes possam applicar os fundos que têem em cofre, como o devem ser (apoiados).

Ha aqui algumas disposições que devem ser revogadas. Posso lembrar algumas, sem com isto me querer demorar no assumpto, para não cansar a camara que tem a sua attenção voltada para a questão politica.

Ha na lei um artigo no qual se determina que a commissão de viação districtal decidirá quaes as obras a fazer nas estradas de 1.ª classe, no anno immediato. Ora, aqui eu acho um grande defeito, porque esta disposição tira a iniciativa ás camaras municipaes (apoiados), que devem ser mais conhecedoras das necessidades que ha nos seus concelhos em relação a essas mesmas estradas.

Apparecem outras disposições no artigo 9.° (leu).

Não vejo n'isto senão embaraços, e nós que sabemos que da parte das corporações, em geral, pouco zêlo ha em cumprir com os seus deveres (apoiados), devemos receiar que as garantias de tal ordem, que só servem para embaraçar á acção d'essas corporações, para que a vontade d'ellas seja insufficiente para tornar em factos os precisos e justos melhoramentos.

Reservar-me-hei para em occasião opportuna tratar mais de espaço d'este assumpto.

Mando para a mesa uma proposta, a qual tem por fim auctorisar a mesa a nomear uma commissão para proceder aos trabalhos da revisão da lei de que tenho fallado, e peço a v. ex.ª que consulte a camara sobre se dispensa o regimento, a fim de se approvar a urgencia da minha proposta.

Vou escrever a proposta, para a enviar para a mesa.

O sr. Ministro do Reino (Marquez d'Avila e de Bolama): — Estou de accordo com o illustre deputado que acabou de fallar, com relação á conveniencia de se converter em lei o projecto d'esta camara que passou para a outra casa do parlamento.

Foram pedidos ao governo alguns esclarecimentos para facilitar a approvação d'esse projecto, é o governo mandou proceder immediatamente á organisação d'esses esclarecimentos, mas infelizmente algum dos que vieram das diversas localidades não estavam em estado de se poder fazer obra por elles. Em consequencia d'isto, apressei-me em mandar para esta camara o mappa que o illustre deputado pediu, e folgo que a camara tivesse decidido a sua publicação do Diario, porque eu já tinha mandada tirar uma copia para a camara dos dignos pares, na esperança que tinha de que por esta copia se poderia fazer obra, emquanto não viesse o mappa pedido.

Podem os srs. Coelho do Amaral e Francisco d'Albuquerque ter a certeza de que hei de empregar todos os meios para que aquelle projecto seja, ainda n'esta sessão, convertido em lei, e não julguem os nobres deputados, como disse o sr. Francisco de Albuquerque, que este projecto ha