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SESSÃO DE 18 DE MARÇO DE 1885 805

Isto não é nenhum deslustre para as pessoas que têem estado á frente da administração militar, porque em França fez-se o remodelamento da sua administração depois dos desastres de 1870, e ainda depois d'esta epocha se reconhecem novos vicios, que a França trata de remediar.
A França havia melhorado a sua tactica e a sua estrategia e ra evidente que a sua administração era defeituosa, por isso tratou de a melhorar e de a collocar a par dos exercitos mais bem organisados, porque se a Allemanha deve muito á estrategia de Moltke, á tactica do principe Frederico Carlos, se deve muito ás sabias combinações de Birmarck, esse enredador de ferro, deve muito á administração militardo general Roon, que foi o chefe da sua administração militar.
Eu não estranho, porque desejo que para mim tambem se não estranhe que o sr. Simões Dias tenha dito verdadeiras inexactidões em cousas militares, e não estranhei porque elle mesmo nos confessou que era hospede n'essa materia.
Eu concordo com s. exa., mas direi que foi hospede impertinente, porque muito maltratou quem o hospedou. (Riso.)
Vou agora responder ao meu amigo o sr. Correia de Barros.
A reforma do exercito impunha-se, porque vinham de longe já os clamores pedindo uma reorganisação, e desde o momento que se julgou asada a occasião, o governo não podia deixar de a fazer.
Portanto, a necessidade da refoma era reconhecida, e essa necessidade era de tal ordem e de tal conveniencia que não se podia espaçar a sua discussão, estando de mais a mais proximo o periodo eleitoral, que a opposição desejava se fizesse pelo recenseamento de 1883.
E, visto que fallo em periodo eleitoral, permitta-me o illustre deputado que lhe diga que esse periodoé effectivamente tristemente celebre, e sabe s. exa. porque? Primeiro pela indifferença a que s. exa. se referiu; mas foi mais tristemente celebre ainda porque n'essas eleições houve a necessidade de conciliar interesses dos nossos partidarios, amortecer amuos, e muito mais do que isto, conciliar até os interesses dos nossos adversarios. (Muitos apoiados.)
Esta é a sua triste celebridade!
Eu tambem concordo com essa opinião de s. exa.
Quero agora referir-me muito ligeiramente áquelle decreto de 3 de julho, contra que s. exa. teve palavras de pouca benevolencia se não para o decreto em si pelo menos para o modo como o governo usou d'essa auctorisação.
Aquelle decreto, pelo qual o governo se auctorisava a empregar medidas preventivas contra o cholera, foi de grande beneficio, porque o espirito publico estava tão justamente sobressaltado, que desde o momento em que não visse medidas muito energicas e rasgadas neda lhe inspiraria confiança. (Apoiados.)
Parece-me que se o decreto dissesse: fica o governo auctorisado a gastar 10:000$000 réis com as medidas preventivas contra o cholera, não seria de admirar que a imprensa progressista viesse clamar que 10:000$000 réis não chegavam para estabelecer um cordão sanitario na fronteira, fundar lazaretos e melhorar a salubridade de Lisboa. (Apoiados.)
Eu tenho para mim a certeza de que os 428:000$000 réis que se dizem gastos, se gastaram única e simplesmente para evitar que a epidemia do cholera nos invadisse.
E eu lamento profundamente que se insinue no espirito publico que o governo desviou essa quantia para fins menos convenientes. (Apoiados.)
Lamento isto, e não é porque a probidade individual de cada um dos ministros não esteja acima de tudo, e a prova é que os deputados da opposição quando se referem a cada um dos ministros, têem para elles sempre palavras do maximo elogio e respeito, (Muitos apoiados.) mas é porque o fundo de nosso caracter nacional é ingenitamente pessimista, e sempre propenso a acreditar o mal, e que se torna origem de descrença das classes dirigentes.
Quando se discutir o orçamento, ou as contas do thesouro, então faremos o ajuste d'essas contas; por emquanto não posso dizer, senão que creio piamente, que se gastaram bem, e acredito-o, pela honra do meu paiz e pela probidade dos cavalheiros que ali se sentam.
Com relação a assumptos de marinha devo dizer, que pouco sei, e parece-me que deveria estar completamente dispensado de responder ao illustre deputado que me precedeu, apesarde s. exa. tambem não pertencer á briosa classe dos officiaes da armada, em todo o caso, guir-me-hei mais pela minha rasão, do que pelo meu saber, ácerca da especialidade do assumpto.
Effectivamente v. exa. tem rasão, a nossa marinha não está na altura em que deve estar, e nós devemos attender conjuntamente á organisaçãodo nosso ecercito de terra e á organisação da nossa marinha; e, porque se não podemos ter nunca a idéa de invadir a Hespanha, se não podemos tambem ter a pretensão de entrar nas grandes collisões europêas, podemos, ao menos, ter a esperança de ir descobrir, pela terceira vez, o Congo, porque duas vezes já eu sei que foi descoberto, (Apoiados) e n'esse caso nós, que precisâmos ser uma nação colonial, que temos o nosso futuro ligado ao bem estar das nossas colonias, (Apoiados) devemos necessariamente attender a ellas, e consequentemente, á nossa marinha de guerra.
Não discordando, portanto, do illustre deputado que me precedeu, entendo que a marinha de guerra portugueza não está ainda como deve; precisâmos de uma percentagem maior de officiaes, e precisâmos, porque devemos ter nas colonias sempre promptos para representarem os nossos direitos, que são valiosos. (Apoiados.)
Mas se isso é preciso, traz comsigo tambem augmentos de despeza.
E será isso possivel em toda a sua largueza?!
Esta pequena dictadura do sr. Pinheiro Chagas já trouxe o grande beneficio de dar uma percentagem mais regular, para cada um dos nossos navios, porque realmente estavamos tratando de assumptos importantes, e então precisavamos de Ter nas colonias navios nas condições de fazerem respeitar o paiz.
Mas o que digo é que s. exa. augmentou pouco, e n'esse ponto tem a receber, não só as minhas censuras, mas aindsa as minhas reciminações por não augmentar mais.
Eu queria mais, queria uma dictadura grande, porque queria que nos queixassemos dizendo: «Realmente estrangulou a lei, mas levantou a nossa marinha». É assim que gosto das dictaduras; porque ellas tambem de vem em quando têem alguma cousa de bom, e podia citar-lhes algumas dictaduras que em tempos antigos produziram beneficos resultados.
Pois não seria a dictadura de Cromwel o renascimento do commercio inglez?
E mais, e mais...
V. exa. sabe perfeitamente que, ao tempo em que se publicava este decreto dictatorial, nós tinhamos navios a construir nos estaleiros de Inglaterra e tinhamos sobretudo necessidade de estabelecer divisões navaes regulares, nas costas oriental e occidental de Africa.
Uma voz: - Já estavam estabelecidas.
O Orador: - É verdade, mas não estavam em pratica, porque não havia officiaes...
(Interrupção que não se percebeu.)
bem sei onde s. exas. querem chegar, e n'esse caso creiam que faço côro com s. exas.
bem sei que não é conveniente que officiaes de marinha estejam fóra dos seus quadros e empregados em commissões especiaes de serviço, devia realmente haver um quadro especialmente para os officiaes de marinha, para aquel-