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SESSÃO DE 18 DE MARÇO DE 1885 807

curso do sr. Consiglieri Pedroso e da resposta do sr. Corrreia Barata!
Outros oradores da maioria fallaram ainda, e todos aggrediram com amior ou menor vehemencia o partido progressista, e nós conservámo-nos calados, e o silencio da opposição foi tão longe, e a nossa obstinação em não prolongar o debate acentou-se tanto que o sr. Barros Gomes, duramente aggredido pelo sr. franco Castello Barnco, quando duramente aggredido pelo sr. Franco Castello Branco, quando lhe chegou a palavra, limitou-se a dar uma simples explicação, entregando a s. exa. documentos comprovativos da sua sem-rasão.
Depois d'isto tudo veiu o illustre relator da commissão chamar-nos falladores! Foi uma falta de memoria verdadeiramente extraordinaria, e que se converteu n'uma falata de justiça, que ha de repugnar hoje á consciencia do sr. Franco castello Branco.
Não emprego para com s. exa. essa palavra, que me parece demasiado comesinha e modesta para classificar um ornamento parlamentar da ordem do illustre deputado. No entanto peço-lhe que tenha mais alguma bondade e mais alguma equidade para com os seus collegas da opposição.
Serei breve; não tenho conhecimentos especiaes para tratar d'esta questão; e não tomaria a palavra senão entendesse que, mais do que a ninguem, cumpre a um rapaz novo, qe entrou pela primeira vez n'esta casa, não deixar passar aqui um projecto d'esta ordem sem lavrar, com a sua palavra, um protesto energico contra este atentado inaudito, que não tem precedentes na historia de nenum paiz redigido por instituições constitucionaes. (Muitos apoiados.)
Tem-se fallado aqui muito dictaduras; tem-se definido dictaduras que se justificam e dictaduras que se desculpam; dictaduras em que o sr. Azevedo Castello Branco acredita piedosamente e outras em que acredita com diverso adverbio. (Riso.)
Eu não acredito senão nas dictaduras a valer e nas ditaduras para rir.
Dictaduras a valer são aquellas que encarnam e synthetisam uma revolução triumphante; dictaduras para rir são as que representam apenas o capricho ou os desvarios de um homem; dictaduras a valer são as que assignalam a transformação completa, a remodelação radical no modo de ser de um povo; dictaduras para rir, mas tambem para flagelar, são as que accusam sómente deploraveis symptomas pathologicos do estado morbido de uma sociedade decadente. (Muitos apoiados)
A disctadura do sr. Fontes foi uma dictadura de vaidade; disse-o n'esta casa uma voz eloquente e a sua phrase feliz teve echo e repercurssão no parlamento e fóra d'elle.
Foi esse grande orador, que, em palavras de amargo desalento, manifestou no seu ultimo discurso a sua escassa confiança no poder da eloquencia.
Não tem rasão, e cada discurso que elle proprio profere, desmente o pessimismo do inspirado tribuno, porque é sempre profunda a impressão que causam no paiz as suas palavras, em que se reflecte a um tempo o fulgor do seu alento excepcional e a integridade da sua immaculada consciencia. (Muitos apoiados.)
A dictadura do sr. Fontes foi a dictadura da vaidade, disse o sr. Antonio Candido.
Applaudo a phrase, mas acho-a incompleta.
A dictadura do sr. Fontes foi a dictadura da vaidade, mas não foi só isso. Foi tambem a dictadura do interesse.
O exercito estava descontente porque via a indifferença com que o sr. Fontes, ha tantos annos ministro da guerra, olhava para as necessidades da briosa classe militar. O sr. Fontes, tanto tempo descuidado, começou de attentar n'este phenomeno, que se accentuava cada vez mais, porque o exercito murmurava e esses murmurios cresciam todos os dias; e o sr. Fontes quiz, por um acto seu, do iniciativa pessoal, resgatar com uma munificencia serodia, e que o paiz ha de pagar, o seu desleixo, a sua incuria de muitos annos. (Apoiados.)
O sr. presidente do conselho diz que recorreu á dictadura, porque não podia fazer passar o projecto respectivo na camara dos dignos pares.
Se me fosse licito entrar nas intenções de alguem, confessaria francamente que imagino que o sr. Fontes estimou que esse projecto da reforma do exercito não passasse na outra casa do parlamento, para que o exercito não agradecesse ás camaras um acto regular, realisado normalmente com a cooperação de todos os poderes e á sombra das garantias constitucionaes, mas sim tivesse de ficar reconhecido á pessoa do sr. presidente do conselho por um acto da sua iniciativa exclusiva e especial, realisado com ostentoso menospreso das leis e das conveniencias geraes da nação. (Apoiados.)
O sr. Fontes, com a sua dictadura, quiz dizer ao exercito que elle p?de ?s vezes ser menos solicito, e cuidadoso no cumprimento dos deveres do seu cargo, e despresar durante largos. annos os interesses- e as necessidades das classes que lhe pertence defender e zelar, mas que quando lhe chega a hora da generosidade, a hora da munific?ncia não ha leis, nem princ?pios, nem ras?es que detenham ?? sua iniciativa. (Muitos apoiados.)
Que lição esta, sr. presidente, que moralissimo exemplo de disciplina que o sr. ministro da guerra deu aos defensores e mantenedores da ordem e disciplina social!
A dictadura do sr. Fontes foi a dictadura da vaidade, for a dictadura do interesse, foi, n'uma palavra, a dictadura do egoismo desalmado, que substituiu arrogantemente as conveniencias e os caprichos de um homem á magestade das leis, ao respeito dos principios e ás mais sagradas conveniencias publicas. (Muitos apoiados.)
Não profiro estas phrases duras por abrigar qualquer sentimento de hostilidade ou de animadversão, contra o sr. presidente do conselho.
Não me anima esse sentimento contra pessoa alguma, e muito menos contra s. exa.
A primeira vez que fa?lei nesta casa proferi uma phras?, que preciso explicar, (eu já a ver me obrigado a explicar as minhas phrases!) não pela phrase em si, mas porque todos, ou quasi todos os deputados da maioria, desde o discurso ardente do sr. José Novaes, até ao discurso engraçado do sr. Teixeira de Vasconcellos, a têem citado como argumento para oppor ás affirmações do illustre chefe do partido progressista e dos meus correligionarios.
Uma phrase minha a oppor-se ás affirmações do meu partido!
O caso é grave, e eu preciso explicar a phrase, que foi aquella em que eu disse que o sr. presidente do conselho tinha uma vida gloriosa.
Disse, sustento, e não retiro essa phrase.
O sr. presidente do conselho tem uma vida gloriosa. E é por isso que, sem experimentar uma sincera magua, não posso ver cair s. exa. nos erros e desatinos dos ultimos annos da sua vida publica.
Ha dois Fontes no sr. presidente do conselho. Ha o Fontes da primeira epocha, da primeira maneira, diria eu se se tratasse de pinturas, o audacioso reformador de 1851, o ministro dotado de uma iniciativa rasgada, o parlamentar indefesso que sustentava os bons principios e as boas doutrinas constitucionaes, é o primeiro Fontes, mas esse mormeu, pertence á historia. (Muitos apoiados.)
E a esse Fontes que eu rendo a homenagem do meu respeito e consideração politica. Mas ao que está hoje sentado n'aquellas cadeiras (as do ministerio), a esse, posto que lhe renda a homenagem do meu respeito e da minha consideração pessoal, não posso deixar de lastimar que represente uma triste decadencia politica. (Apoiados.)
Eu poderia citar uma auctoridade insuspeita em abono d'esta minha opinião, lendo á camara o que dizia o sr. ministro da marinha, que se senta hoje ao lado do sr. pre-