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812 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Não desejo fazer insinuações, porque não é isso proprio do meu caracter, nem posso formular accusações, porque não tenho os documentos. Mas affigura-se-me que desde o momento em que se pedem documentos relativos a uma verba despendida pelo governo, não ha explicações plausiveis que legitimem o facto do governo continuar a occultar esses documentos. (Apoiados.) Parece-me demasiada solicitude pela ordem das discussões, e notoria falta de zelo pelo bom nome dos ministros.
Depois de ter ouvido hontem o sr. Teixeira de Vasconcellos, é que comprehendi bem o pensamento do governo e do seu partido.
O sr. Teixeira de Vasconcellos disse: ?Votem o projecto, porque quem sabe (dizia s. exa. olhando para nós ameaçador e convicto) quem sabe quando esta nação terá de servir-se do exercito para defender a sombra da independencia que temos.» (Riso.)
V. exas. riem-se, mas, como sabem, a phrase é reprodução textual da que proferiu o illustre deputado da maioria, e é mais para entristecer do que para alegrar.
A sombra da independencia nacional!
Agora já se vê que é porque o governo e os seus amigos estão convencidos de que a independencia que temos é uma sombra, (Apoiado?.) que nos querem dar amanhã, uma sombra de reformas politicas, como nos deram hontem uma sombra de reorganisação militar! E assim vamos vivendo de sombras e de enganos, de ficções e de miragens, até que chegue a hora da liquidação final, em que expiemos todos a indifferença de muitos e os desvarios de alguns. (Muitos apoiados.)
Vozes: - Muito bem, muito bem.
(O orador foi cumprimentado por muitos srs. deputadas.)
Leu-se na mesa a seguinte:

Moção de ordem

A camara, reconhecendo que os actos dictatoriaes do governo tinham em vista attender inadiaveis necessidades publicas, approva o seu procedimento e continua na ordem do dia. = José Azevedo Castello Branco-
Fui admittida, ficando em discussão com o projecto.

O sr. Presidente: - A deputação que ha de apresentar a Sua Magestade o authographo das côrtes, relativo á prorogação do praso para o registo dos fóros, é composta dos seguintes srs. deputados:

José Frederico Pereira da Costa,
Conde da Praia,
Santos Viegas,
Pereira Leite,
Luciano Cordeiro,
Torres Carneiro,
Correia de Barros.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Fontes Pereira de Mello): - Sua Magestade receberá a deputação amanhã, pelas duas horas, no paço da Ajuda.
O sr. Franco Castello Branco: - Não era minha intenção usar da palavra n'esta altura do debate. Os meus collegas, membros da maioria, que estão inscriptos, de certo tinham maior competencia do que eu para responder a quaesquer arguições que pela opposição, e especialmente pelo orador que acaba de fallar, têem sido dirigidas contra o governo e contra a medida legislativa que vamos discutindo.
Uma accusação, porém, ou melhor uma insinuação feita pelo sr. deputado Carlos Lobo d'Avila, constitue-me na obrigação impreterivel e inadiavel de usar immediatamente da palavra a fim de desfazer uma injustissima apreciação que s. exa. houve por bem attribuir-me.
S. exa. arguiu-me de eu ter dirigido ironias ao sr. conde do Casal Ribeiro, immerecidas, acrescentou em tom dolente, quando no meu anterior discurso, e respondendo ao illustre deputado Veiga Beirão, me referi ao sr. conde. E porque esse facto é menos exacto, por isto, e só por isto, me apresso a tomar a palavra.
O sr. Carlos Lobo d'Avila, começando a responder ao discurso do meu collega e intimo amigo o sr. Azevedo Castello Branco, disse que esse discurso se dividia em tres partes: parte politica, parte guerreira e parte alegre.
E eu direi tambem, que o discurso de s. exa. se divide em duas partes: parte alegre e parte malevola.
Não me preoccuparei de responder agora á primeira, mesmo porque s. exa. reconheceu que é seria e muito seria a questão que nos occupa, e por isso deveria ter merecido mais seriedade ao illustre deputado. (Apoiados.)
Contra o que lavrarei, porém, o protesto mais vehemente, é contra este systema de tudo desvirtuar só para lançar desfavor e malquerenças sobre os seus adversarios. (Apoiados.)
(Áparte do sr. Carlos Lobo d'Avila.)
V. exa. disse o que eu tenho aqui escripto, palavras textuaes.
(Leu.)
Foi exactamente por este ponto, que eu comecei as minhas considerações em resposta ao sr. Veiga Beirão, lastimando e lamentando profundamente que nas discussões d'esta casa se accentuasse cada vez mais o ruim costume, que já vem de longe, de contrapor estes dois nomes celebres, do sr. conde do Casal Ribeiro e do sr. Fontes Pereira de Mello, que ambos são memoria gloriosa e sagrada na historia do partido regenerador.
Foram estas as minhas palavras.
E um homem que assim falla do sr. conde do Casal Ribeiro, podia ter tudo para com s. exa., menos ironias. (Apoiados.)
Ha de certo palavra mais auctorisada e eloquente que a minha para fazer o elogio d'esse homem verdadeiramente grande; mas o que ninguem pode é duvidar da veneração e respeito que eu lhe tributo e com que sempre aqui e fóra d'esta casa o hei tratado. (Apoiados.)
Não empreguei ironias contra ninguem.
Disse, e repito hoje, que não se faz, creio eu, nenhum serviço nem a s. exa., nem á politica portugueza, procurando sempre defrontal-o com o sr. presidente do conselho. (Apoiados.)
Não hei de deixar passar sem o devido correctivo a imputação de haver empregado uma ironia offensiva para o sr. conde do Casal Ribeiro, porque, se me importa muito pouco com a opinião de alguem a meu respeita, importa-me sempre muitissimo pagar o tributo de respeito e admiração que devo, a um dos homens que mais serviços têem prestado ao seu paiz, e que mais o têem honrado dentro e fóra d'elle. (Muitos apoiados.)
Nem o sr. conde se engrandece, nem o sr. Fontes fica deprimido, pelo confronto malevolo das suas poderosas individualidades. (Apoiados.)
Mas este empenho do partido progressista chega a fazer-me suspeitar, de que lisongeia o sr. conde, por não contar no seu gremio homens capazes de se medirem com o sr. Fontes.
Diz o sr. Lobo d'Avila que no sr. presidente do conselho ha dois Fontes. O de 1852 e o de hoje.
E tanto glorificam aquelle, como procuram deprimir este.
O Fontes da primeira epocha não incommoda já s. exas. e o Fontes do hoje é ainda o unico estorvo ás ambições mais ou menos legitimas do partido progressista. (Apoiados.)
Por isso disse e repito, que não só acho menos conveniente, mas immensamente ridiculo, que se affirme no parlamento e se queira fazer acreditar, que alguem n'esta ou na outra casa do parlamento recua com medo dos adversarios. (Apoiados.)
Um homem, como o sr. presidente do conselho, que tem