O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

se poderia fazer nas officinas do canal de Suez; por duas vezes foram mal succedidos os trabalhos, e a final o leme teve de ser fundido no nosso Arsenal, e é uma obra que honra a capacidade do pessoal do nosso arsenal. Depois disso seguiu viagem para Aden.

Na saída para Aden pareceu que havia avaria nos condensadores e o commandante pediu licença para se demorar, não só para reparar essas avarias, como tambem para renovar o pessoal que estava extenuado com o grande calor que fazia então.

Actualmente está tudo reparado, e hoje ou amanhã partirá, estando apenas á espera de abastecimento de viveres e do pessoal que daqui partiu para substituir o pessoal que vae retirar.

Como disse ao illustre Deputado, provavelmente amanhã terá todos os documentos, e poderá estudar a questão com todo o cuidado.

Tenho dito.

(O orador não reviu).

O Sr. Presidente: - Communico á Camara ter recebido da Associação Commercial de Lojistas de Lisboa uma representação contra alguns artigos do tratado com a Allemanha. Nella se pede a publicação respectiva no Diario do Governo.

Consulto, pois, a Camara sobre se autoriza essa publicação.

Foi autorizado.

O Sr. Zeferino Candido: - Sr. Presidente: pedi a palavra para em muito breve agradecer a V. Exa. o convite, citação, intimação, ou como melhor dizer se possa que recebi, para comparecer a esta sessão á hora regimental e manter-me na sala das sessões até ao encerramento dos trabalhos.

O Sr. Presidente: -Pedido é que foi.

O Orador: - Ou pedido.

Eu se V. Exa. permittir, de acordo com a lei que nos governa, não estou muito disposto a chamar a isso um pedido, antes me parece, com todo o fundamento, dever qualificar-se de um chamamento á ordem.

Na prescritiva determinação do nosso regimento, um dos seus artigos estatue como obrigação ao Deputado isso mesmo: comparecer á hora regimental todos os dias de sessão e manter se na sala das sessões até o fim dos trabalhos. Em outro artigo diz-se que o Presidente da Camara chamará á ordem os Deputados, por isto, por aquillo, e por aqueloutro e por ter infringido qualquer artigo do regimento.

Conseguintemente, aquelles que não comparecem infringem um determinado artigo do regimento e, portanto, podem, ser chamados á ordem. V. Exa., Sr. Presidente, não tem nada que pedir, chama-os á ordem.

Eu quero varrer a minha testada, e é para isso que, com sacrifício da minha saúde, pedi a palavra.

Sr. Presidente: tenho comparecido a todas as sessões para fazer numero, quer dizer, na hora regimental da abertura da sessão. Na acta dos trabalhos d'esta Camara ha de ver se que tenho comparecido todos os dias em que tem havido, e não tem havido sessões por falta de numero.

Dividem-se os trabalhos das nossas sessões em duas partes, a parte da ordem do dia, e a parte que não é da ordem dia, e que eu, por antithese, chamarei a parte da desordem.

Eu á parte da desordem tenho assistido sempre, e não me retiro da sala antes das quatro horas, em que começa a ordem do dia.

Nesses trabalhos da ordem do dia ainda não VI gastar tempo com qualquer cousa útil.

O que aqui se tem discutido, como toda a Camara sabe e certamente está de acordo commigo, deve ser classificado de cousa inútil ou de verdadeiro passatempo e que realmente não deviam ser as verdadeiras occupações de quem exerce um mandato como o nosso.

O que se tem discutido aqui? As casas baratas para inglês ver e que apenas offereceram a singular coincidencia de ser uma discussão de casas baratas numa das casas mais caras do mundo.

Se eu ainda tivesse algumas illusões nesse assunto, perdia-as, porque vi que todos falaram contra o projecto e approvaram-no. Foi condemnado pela rhetorica, mas foi approvado pelos votos. Estamos num tempo que é preciso contentar a todos.

A segunda cousa que aqui se discutiu digna de preoccupar a attenção dos defensores dos interesses da patria foi o regime da Caixa Geral de Depositos, que ha de ser reformada dia de São Nunca á tarde, e que ha de continuar a estar como está. (Apoiados).

E este o motivo por que não era para mim edificante ficar aqui algumas horas para tratar de assuntos em que não vejo possibilidade de poder concorrer para a felicidade do país.

Invoco, pois, o testemunho autorizadissimo de V. Exa. para justificação desta falta que tenho commettido.

Foi ha dois dias que recebi essas recommendações, que justamente coincidiram com o apparecimento de alguma cousa de supposta utilidade para o país. como vem a ser a discussão e approvaçâo do tratado do cominercio com a Allemanha.

Eu tinha dito a V. Exa. que dividia o tempo das sessões em duas partes: a da desordem e a da ordem, e que á primeira parte tinha assistido sempre com pacificação do meu espirito, proveito para a minha educação, relativo prazer e tambem relativo desgosto, porque, nessa parte diaria dos nossos trabalhos, tinha perdido tambem algumas das minhas illusões.

Uma dellas, devo dizer com sinceridade, foi, no ultimo dia da sessão, ver votar, como por acclamação, com dispensa do regimento, que determina que as urgencias só sejam dispensadas, não em assuntos de somenos importância, mas em casos de manifesta urgencia, ver votar, repito, um projecto que vae aumentar as, despesas publicas, o que não se devia fazer emquanto não chegássemos a um período de relativa prosperidade económica, ou de menores difficuldades financeiras.

Pois vi que uma das cousas mais urgentes que tinha-mos a fazer, e tão urgente, que se pedia dispensa do regimento, era votar um aumento de subsidio a uma das classes do funccionalismo.

Ora eu, Sr. Presidente, não quero levar a minha intransigencia até o ponto de negar o meu voto á approvação de certos benefícios para algumas classes do funocionalismo publico, embora, n'este periodo angustioso que estamos atravessando, qualquer melhoria, grande ou pequena, seja de certo peso para as nossas finanças.

Effectivamente ha varias classes do funccionalismo que estão mal, pagas e às quaes se devia melhorar a situação, consignando-se, por exemplo, no orçamento uma verba para que annualmente fossem beneficiadas algumas dessas classes, tendo-se assim prévio conhecimento da quantia destinada a esse fim.

Porem, da forma como se procede, dia a dia vão crescendo as despesas sem conta nem medida. Mas alem de se consignar no orçamento uma verba fixa determinada, que se nomeasse uma commissão de inquerito para ver entre as diversas classes do funccionalismo publico aquellas que devem ser attendidas nos seus pedidos, porque não está demonstrado que o que aqui se tem pedido seja de uma necessidade inadiavel e urgente. Todos nós sabemos que a classe dos empregados do correio e telegraphos está realmente numa situação má e