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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

deputados da opposição appareciam rari nantes; no dia 29 caiu o ministerio, e não caiu mal na minha opinião, (Riso.) tomou a pasta do reino o meu illustre amigo, o sr. bispo de Vizeu, tinha s. ex.ª quatro dias para fazer a eleição geral: pois n'esses quatro dias, não teve o tempo materialmente indispensavel para receber dos diversos circulos do paiz as maiores, provas de dedicação pelo novo governo!

Era geral o enthusiasmo nos circulos do paiz!

A dedicação pelo governo, conservou-se, mas transferiu-se rapida e espontaneamente do sr. Dias Ferreira para o sr. bispo de Vizeu e o governo, não por necessidade, mas unicamente para salvar as apparencias, adiou as eleições por 15 dias, e afinal teve a mesma maioria que estava para ter, o sr. Dias Ferreira; a differença era apenas dos nomes; os circulos que tinham a eleger por unanimidade um candidato elegeram por unanimidade o candidato proposto.

A verdade é esta (Apoiados.)

Uma camara que vem com a certeza de quê dá governo, e de que a sua resolução ou indicação parlamentar é necessariamente, attendida pelo poder do estado, que tem obrigação de a attender e que não póde, esquecel-a, essa camara resolve e encara todos os assumptos a sangue frio, com conhecimento de causa, resolve com absoluta imparcialidade e ao mesmo tempo que dá o seu voto sobre o assumpto assume a responsabilidade que resultaria a todos de terem de substituir o governo que em virtude d'esse voto vae deixar as cadeiras do poder; mas uma camara para quem a queda do governo significa suicidio politico e na grande maioria o descanso das lides parlamentares passando de representantes do paiz, o que é digno e honroso, apenas a aspirantes para quando, voltar ou surgir no poder, em virtude de uma formula desconhecida, a segunda edição do governo a quem serviam, essa camara, ainda que queira, não póde; e a prova é que ás camaras não têem podido até hoje, quando se trata de uma moção de confiança, distinguir é assumpto que se discute.

O argumento é simples e o meu amigo, o sr. Freitas Oliveira, acaba de o expor muito bem, — quem quer vota, quem não quer não vota; (Riso.) quem quer viver com o governo, vota a moção do sr. Freitas Oliveira; quem quer morrer, vota contra.

E n'estas condições estranhava no outro dia o meu illustre amigo e collega, o sr. Luciano do Castro, á inconveniencia do sr. Antonio de Serpa por ter dito, a proposito do imposto do tabaco, que, quando o sr. Luciano de Castro era ministro, a opposição tinha como unico recurso saír pela porta fóra.

Eu não dou grande novidade ao meu illustre amigo, declarando que o argumento do sr. Antonio do Serpa, digno ministro da fazenda, não era tão deslocado, nem vinha tão pouco a proposito como ao sr. Luciano de Castro pareceu.

O sr. Antonio de Serpa só diz o que quer dizer, e façamos-lhe justiça, só quer dizer o que lhe faz contai

E já que fallei n'este assumpto, deixe-me V. ex.ª declarar que eu julgo não me enganar, suppondo e affirmando que o melhor vinculo ou o mais seguro meio da união da maioria,.é o receio do sr. Luciano do Castro.

O que sé fez em publico, a declaração do sr. Serpa, foi apenas uma edição em voz alta de argumentos empregados(ha muito tempo em conversações particulares. (Riso.)

E este um meio muito poderoso de disciplina, (Riso.) é poderosíssimo, é mesmo infallivel tia ficção constitucional que nós substituímos constantemente, e ha muito ao verdadeiro. Systema parlamentar. (Apoiados.)

A questão é collocar a maioria entre a necessidade de votar moções de confiança a proposito do todos os actos do. governo é o suicidio politico, ou a morte voluntaria.

Voluntária ou forçada, a morte é feia; e a maioria encontra-se collocada entre as moções de confiança o a morte terrivel, que reveste, não sei porque, um caracter mais terrivel ainda quando vem representada na pessoa altamente sympathica do meu collega e amigo o sr. José Luciano de Castro (Riso.)

Eu podia desfazer este argumento, porque realmente faz-se ao sr. José Luciano de Castro uma injustiça atroz. (Riso.) Mas não vale a pena.

Como não quero principiar a fallar no assumpto para dizer só duas palavras, peço a V. ex.ª o favor de me dizer a hora a que fecha a sessão. O sr. Presidente: — A hora é ás cinco e meia e já deu!

O Orador: - Então peço a v. ex.ª que me reserve a palavra para amanhã.

O sr. Presidente: - Peço aos srs. deputados que ámanhã estejam presentes à uma hora»:

A ordem do dia para ámanhã é a mesma de hoje.

Está levantada a sessão.

Eram pouco mais de cinco e meia horas da tarde.

Sessão de 11 de março de 1879