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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discursos do sr. deputado José Luciano de Castro, proferidos nas sessões de 16 e 18 de março, que deviam ler-se a pag. 706, col. 2.ª e pag. 709, col. 2.º d'este Diario.

Sessão de 16 de março

O sr. Luciano de Castro: — Creio que a camara estará admirada de ouvir a discussão, que se tem aqui levantado sobre a administração do districto de Vianna. O espectaculo é, em verdade, edificante e moralissimo!

O sr. ministro do reino, que nos estavamos acostumados a respeitar nas pugnas da imprensa e nas lides da liberdade, acabou o seu discurso sobre a defeza da administração do districto de Vianna, aconselhando o silencio a uma e outra das parcialidades que ali se debatem, e declarando positiva e solemnemente: «que se a administração no districto de Vianna não era regular por um lado, tambem por outro o não tinha sido!» E com isto se contentem o nobre e illustre ministro do reino! Aquelle preclaro e famoso estadista, que subiu aos conselhos da corôa para restaurar a administração abatida, castigar abusos, reprimir immoralidades, e fazer respeitar as leis e a justiça!

Custa em verdade a crer que um ministro da corôa, que preze o seu nome e a dignidade do cargo que exerce, depois de ter vindo ler á camara algumas informações contraproducentes para responder a accusações serias, e de haver sorrido complacentemente a respeito de outras arguições, que arbitrariamente laxou de pouco importantes, acabe a sua longa e estirada arenga por dizer á camara que se a administração do districto de Vianna não era regular actualmente, tambem o não tinha sido quando a parcialidade contraria estava investida no poder n'aquelle districto (apurados).

Nobre e corajoso ministro! Nobre e corajoso estadista! Quem assim procede, é digno das bençãos da posteridade, e seguramente ha do merecer a admiração da historia! Quem defende a administração de um districto irregular, manchada de illegalidades, infamada de torpezas, pela simples rasão de não ter sido melhor em certo tempo, segundo elle diz e allegam os seus delegados, como se os erros do passado podessem escusar as arbitrariedades e as tropelias, que ora se praticam n'aquelle districto (apoiados), é sem duvida benemerito da nação!

Honrado e insigne ministro! O parlamento portuguez que se préza de liberal, não póde deixar de admirar as palavras e as virtudes do Catão, que outr'ora assombro implacavel dos tyrannos, severo censor de todas as demasias go-