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O Sr. Emílio Brandão í ~ Eu pedi á palavra só* mente para dizer, que concordo inteiramente, em que seja ouvido o Sr. Ministro da Fazenda.

O Sr. ./. M. Grande: —Sr. Presidente •, pedi a palavra para mondar para a Mesa Um Projecto de Lei tendente a melhorar os estudos das Escolas Medico-C;rúr#icas de Lisboa e Porto: por não fatigar a attençâo da Camará mando*o para a Mesa 6 lá terá a leitura: eu pediria que se declarasse urgente, para ser mandado á respectiva Commissão , que e' a d'lnstrucção Publica, e como e' objecto de importância, a respeito do qual será útil ouvir as opiniões do publico, também desejaria que se mandasse inserir no Diário do Governo.

Senhores:— O grande numero de alumnos que ultimamente se tem dedicado aos estudos das Escolas Medico-Ciruvgicas de Lisboa e Porto e' muito superior ás necessidades actuaes do Paiz. Daqui re-, sulta que a mocidade estudiosa , que vai procurar •áqtiellas Escolas, juntamente com a instrucção, uma profissão decente e lucrativa, depois de laboriosas fadigas. e de de-pezas consideráveis, vê com dissabor perdidos o seu tempo e seus'capitães, e frustradas suas justas esperanças de uma honesta subsistência.

A falta de Escolas de Instrucção Especial — a carência de uma Lei geral de habilitações, que offe-reça urn porvir aos mancebos, que se hão dedicado tom proveito ao estudo de certas Scienoias, e lhes assegure uma justa preferencia no provimento dos diversos empregos do estado — a languida e sempre ameaçada vida da nossa industria---e a pequena extensão e movimento do nosso Commercio, desviam naturalmente os talentos e aptidões de um grande numero de carreiras, e vão lança-los no Foro, e na Medicina, em tão grande cópia que se embaraçam e damnificam uns aos outros» Este grande mal carece de ser remediado, sobre tudo pelo que respeita áSciencia, que se occupa do estudo do homem são e enfermo.

Ninguém por outro lado duvida , que uma vasta instrucção preparatória deixe de ser necessária para poder entrar os penetraes das Sciencias Medicas; e ' para podt-rejevar ale áallura da sua profisóãoaquel-!es mancebos que se devotam ao penoso e antigo sacerdócio da arte decorar. Nesia arte transcendeu* te os acertos são difficeis — as analyses complicadas •"—os erros quasi que são crimes — e a ignorância um ílagello da humanidade. E todavia, como nos dizia o Pai da Medicina, na elegância • aforistica da sua lingoagern —a vida é livre, a arte longa> os juízos perigosos, e as experiências diffíceis!'

Collige-se daqui , que não ha profissão alguma com que a Lei deva de ser tão exigente. A vida e a saúde, estes bens preciosos, não devem confiar-se ás mãos de homens, que não tenham passado por unia longa fieira de habilitações. A Sociedade deve velar solicita na salvação e na saúde do povo.

O Projecto que eu tenho a honra de submetter á consideração da Ca-mara, tom por fim dar mais extensão ao* estudos preparatórios dos alumnos das Es-colas Medico-Cirurgicas de Lisboa e Porto ; e isto com o dobrado intuito não só de alcançar uma maior aptidão scienlifica para os estudantes destas Escolas, senão também de diminuir um pouco a sua afluência, que se torna grandemente funesta a elles mesmos. ÁSciencia ganhará tanto corno a hu-

manidade enferma, tias medidas que vou propor—*-a Sciencia j porque os seus cultores , mais ricos de conhecimentos, poderão melhor comprehen.de-la em Iodas as suas parles; adianta-la com suas investigações, e honra-la com suas praticas-^ a humanidade enferma, porque tem de encontrar naquelN-s a quem se entrega, mais garantias de acerto, e poderá com mais confiança esperar e conseguir o remédio de seus mal»?-,.

Senhores, o que eu vos venho propor é com pou*. ca differença o mesmo que o illustre Orfila (jropoz -haverá seis annos em França, e o Projecto que vai ser-vos presente aSsemeíha-se ba*ts

Os estudos preparatórios, a que eu q4rero subníet* ter os Estudantes das Escolas Medico-Cirurgicas, são as disciplinas do primeiro anuo dê MathematU ca, de Chymica, de Fysica, de Zoologia e de Botânica ensinadas ou na Universidade de Coimbra, ou na Escola Polytecbnica. Estes estudos preparatórios são indispensáveis para se fazerem verdadeiros e sólidos progressos nas Scíencias Medicas.

As disciplinas do primeiro anno Malhématico são não só indispensáveis ao estudo de Fysica e de Chymica , mas muito próprias para guiar e formar o espirito nos processos ideológicos. O pensamento alarga-se e fortifica-se com os methodos analyticos da (jeomeíria e da Álgebra, e adquire precisão nos seus juízos, segurança na sua marcha, e vigor nas suas demonstrações. Estas qualidades do espirito são sobre tudo necessárias aos que se destinam á arte de curar. E em verdade são tantas e tão variadas ás causas das moléstias^ são tão multiplicados e fu» gitivo? os factores destes productos, tão pouco constantes e determinados os processos pathologicoS) que e' mister uma grande forÇa de penetração, um longo luíbito de analyse, e ale"m de tudo isto uma larga e esclarecida experiência para poder acertar a maior parte das vezes!