O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

educação intelieclual, e pela sua muita utilidade em quasi todas as Industrias; a Escripturação porque é hoje reconhecido que nem o Commercio , nem as Manufacturas, nem a Agricultura podem ser dirigi-das prudentemente, quando não são acompanhados de uma contabilidade bem organisada.

São importantes todos os objectos da Instrucção Primaria acima indicados; mas, sendo necessário dar preferencia a alguns, é a estes que incontestavelmente é devida. Mas todos os outros que por ora não forem ordenados, o devem ser successivamen-te,' e é conveniente que o. Governo fique auetomado para o poder fazer, á proporção que as circumstan-cias o forem permitlindo.

• A natureza e importância dá Instrucção Primária mostra a todos a necessidade de que beija o maior numero de Escolas, de maneira que ninguém deixe de poder utilisar-se dos benefícios da Jnstrucção. Grandes dificuldades pecuniárias se oppoem , além de outras causas, ao iinmediato estabelecimento de todas as Escolas necessárias. E obrigação do Poder Legislativo dar a este objecto a devida consideração»

Entre os diveivos objectos que constituem o todo •da Instrucção Primaria ha alguns, que por serem o fundamento de todos os outros, são necessariamente os que formam o piincipio dá ínstrucçãp, e a que os meninos podem e devem applicar-se em idade ainda mui tenra; os outros só hão de estuda-los quando • ( i v trem adquirido maiores forças, assim in-tellectuaes como. fysicas. O ensino dos primeiros deve ser posto em todas as Povoações, e, por a*sitn dizer, á porta \ie todas as habitações ; os segundos basta que sejam ensinados em menor numero de lugares, PI-ÍS que ao tempo de estutla-los já os aieni-nus hão de podei andar maiores distancias , e por ventura não será necessário que aeíles seappliquem com a continuidade indispensável no estudo dos pii-meiros.

Este é o fundamento da divisão, hoje muito adoptada", da Insuucçáo Primaria em doas grãos'; dl-' visão também importante pela maior clifficuldáde de haver Professores convenientemente aptos para o gráo superior, e pela necessidade de que sejam menos parcamente retribuídos. Desta forma á ninguém se faltará com a Instrucção a que tem direito; esta abrangetá todos os elementos de que deve compor-se, e ao mesmo tempo será menos dispendiosa.

Mostra a experiência de todos os Paizes quanto é' difficultoso , ou antes impossível , conseguir 'que todos os meninos completem a Instrucção que lhes conviria, especialmente se occorrem quaesquer, ainda que leves embaraços, e muito principalmente quando os meninos lêem chegado á idade de poderem já fazer algum'trabalho sensivelmente.útil. Não pôde por isto haver muitas esperanças de que as Escolas de gráo superior sejam tão frequentadas como é p» r a desejar.

Como cada gráo de estudo deve ser* um .todo em si até certo ponto sufficiente e completo; e sendo sem duvida que o simples conhecimento do que poderemos chamar Mechanico na leitura e na es-cripta, $èria de per si de mui pouca utilidade, se se não ensinasse o que ha de verdadeiramente intellectual no ler e no" escrever, é claro que nas Escolas do primeiro gráo se deve também ensinar, além das primeiras operações Arithmeticas , quanto baste da .Grammatica para que a leitura não seja um acto VOL. 3.°—MARCO—1843.

puramente mechanico, mas seja acompanhado da intelligencia cios pensamentos escriptos. Fácil é achar a razão porque o ensino Morai e Religioso deve igualmente entrar nestas Escolas: bem como a Co« rographia e a Historia Portugueza; e porque com o tempo se lhe deve accreseentar a Gymnastica, e noções da Historia dos ires Reinos da natureza, corri applicação especial á Economia" e Artes*clomestieas. - O Estudo Gramrnatical nestas Escolas do gráo inferior não pôde ser semilhante ao que deve s»;r «só superior. No primeiro deve fundar-se quasi unicamente na explicação do Professor, sem dependência de theorias o» de regras, que.são de mui difficil intelligencia • ú primeira infância. Os Professores hábeis muito bem sabem distinguir estes ensinos; na falta de um termo próprio, serviu-se o Governo da expressão uai pouco vaga =;Exercidos Grammaficaes.

O "ensino das,Escolas do segundo, gráo deve sor em tudo mais elevado de que" no primeiro; ma& é claro que a Aritlifíielicfí3 a Geometria, e outros objectos que pertencem a esín gráo se hão de ensinar roais pratica do que profundamente. A profundidade dos conhecimentos não é o que mais se deve exigir nas Escolas populares e de meninos ; esta profundidade só pôde ter cabimento nosgráos mais elevados.

Quanto ao tnelhodo que se deve adoplar nas Escolas, erro séria se o legislador quizesse fixa-lo, ou. por qualquer modo dar preferencia a algum. Talvez que o melhor dos mel bodos seja aquclle que for (Dais accoincnodado ao objecto que se ensina, ao numero dos alumnos da Escola, e até ao caracter pessoal do Mestre, e a outras muitas círcums-lancias.

O ensino mutuo, que ião preconisado foi em aN guns Paizes, tem decaído, na opinião dcindividuos competentes, um pouco da sua antiga consideração; e com quanto julguem que nus Escolas de ura gfande jiumero de alumnos seja quasi indispensável, uotam-se de menos próprio para a cnllura da iuteliigencia , e de menos suírUiente" para ligar á instrucçâo a educação que a- devo acompanhar. Nações illuslradas não admitleui hoje senão'o ensino simultâneo.

Em Portugal não ternos ainda a conveniente ex-periencia comparativa. Se duas ou Ire* Escolas de Ensino Mutuo parecem Escolas aperfeiçoadas, falta-nos ainda a observação do-En&h.o Simul:aneo« Nas nossas Escolas ordinárias, posto que a Lei lhes chame de Ensino Simultâneo, o methodo é muitos vezes o'individual ; e só poderá ser geralmente Si-roultaueo quando os Professores tiverem delie o mais cabal conhecimento, e qnairdo existir a indispensável uniformidade nos livros e outros objectos próprios do ensino. A questão da preferencia dos mefhodos não é uma questão resolvida, e a experiência -que deve esclarece-1 r» , e só o tempo poderá indicar o q-ue no nosso Paiz seja mais conveniente nas diversas circumstancias.

Habilitação dos Professores.