690 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS
va-se até que para o norte da ilha tinha havido também algumas mortes.
Nào sei o que ha de verdade n'isto. Não recebi carta alguma da ilha da Madeira; mas é certo que as ultimas cartas que vieram pelo paquete são todas conformes em dizer que os espíritos dos habitantes da ilha estilo um pouco alterados em consequência, creio eu, das medidas financeiras que o governo tinha apresentado na camara.
Parece que um caixeiro de uma loja, que costuma vender objectos da ilha, foi a bordo, e quo um official do navio lhe disse que á saída tinha havido grandes tumultos na ilha.
Chamava a attenção do governo, não só para este assumpto, porque tenho apprehensões que me affligem, em consequência das ultimas noticias, como tambem para que s. exa. tivesse a bondade de me declarar se o governo recebeu alguma communicação official escripta em relação a este objecto.
Aproveito esta occasião, para mandar para a mesa um requerimento de D. Maria do Carmo, D. Clara, e D. Ida Valdez de Moura, solicitando o cumprimento do decreto que lhes concedeu, e a sua mãe, uma pensão.
O sr. Ministro das Obras Publicas (Calheiros e Menezes): - Tenho a declarar á camara e ao nobre deputado que o governo não teve communicação alguma do que acaba de mencionar o nobre deputado, nem official, nem particularmente.
Ainda hontem perguntei ao meu collega do reino, tendo ouvido estes boatos, se tinha noticia d´elles; e s. exa. declarou me positivamente que não tinha noticia alguma.
Se o governo tiver noticia de alguns sucessos deploraveis, á similhança dos que se deram na ilha de S. Miguel, o governo dará promptamente as devidas providencias.
Não tenho mais nada, que dizer ao illustrw deputado.
O sr. Affonseca: - E certo que ha tres ou quatro dias se tem espalhado em Lisboa a noticia de serios acontecimentos no Funchal e em toda a ilha da Madeira.
Sr. presidentes, eu não tive communicação alguma, mas como sou filho d'aquella terra e tenho a honra de a representar, entendi que devia dar todas os passos convenientes a fim de aprofundar a origem d´estes boatos.
Sr. presidente, devo dizer a v. exa. e á camara que ha em Lisboa differentes estabelecimentos do productos da Madeira, e entre elles ha um que costuma, quando chega qual quer vapor estrangeiro, mandar a bordo um agente com alguns d'esses productos para tentar mercado, e vendar alguns d'elles.
Effectivamente na terça feira, das cinco para as seis horas da tarde, entrou um vapor de guerra inglez; este vapor mandou para terra despachos não ha duvida nenhuma.
O agente que foi a bordo perguntando o que havia de novo na ilha, disseram lhe: "nós saímos no domingo ás sete horas da tarde, e á hora em que saíamos, constava na cidade que tinham rebentado serios tumultos no norte da ilha". O rapaz insistiu na pergunta, e teve sempre igual resposta.
Eu fui indagar a fundo este negocio, fallei com o rapaz e perguntei-lhe se algum marinheiro teria espado a brincar com elle; porém elle respondeu me "não, senhor, fui um official que me deu estas informações".
Eu faço votos ardentes para que não seja exacta esta noticia, não só porque primeiro que tudo sou portugues, mas tambem porque sou filho d'aquella ilha (apoiados). Mas sr. presidente, se acaso houver algum acontecimento desagradavel n´aquella ilha, não me hei de espantar d'isso, porque nas ultimas cartas que recebi anteriormente á chegada d'este navio, se me dizia que os espíritos estavam lá n'mna especie de exaltação; e alem d'isso acrescia a circumstancia de que no 1.º de julho se deveriam começar a pôr em pratica as novas medidas de capacidade.
Estas mudanças repentinas, e não preparadas convenientemente, têem muitas durezas, não me admira que isto e o augmento dos impostos, que já lá se sabia, tenham produzido serio desgosto, e mesmo alguma desordem.
Porém o que para muita ha de parecer uma cousa singular e extraordinária, é que em presença da pouca instrucção que o povo tem ainda sobre as novas medidas, se mande dissolver a repartição competente; a mim, sr. presidente, espantam estas cousas pouco, porque estou habituado a ellas, parece que ha um dedo de desacerto a apontar sobre tudo que nós fazemos.
Mas, sr. presidente, não são os senhores que se sentam n'aquelles cadeiras (apontando para as cadeiras dos ministros), não somos nós os unicos que podemos ser accusados do praticar esses desacertos, porque elles vem de longa data. Já a grande expedição á Africa do Senhor D. Sebastião, para ensinar os mouros a ler e evangelho, foi influída pelo tal dedo ominoso. A fugida da família real para o Brazil, em 1807, fazendo dizer a Napoleão I: " O rey fugia e deixou me o reyno", dando assim logar a acontecimentos que talvez se não dessem tão cedo, tudo isto é ainda do tal dedo do desacerto. Em seguida a mesma influencia, mandando um inglez tratar dos artigos da separação, em vez de um portuguez, aquelle tratou logo de si, fazendo um tratado com o novo imperio, e para nós arranjou o titulo fôfo de imperador in partibus (riso), em favor do Senhor D. João VI.
Ainda a mesma nefasta influencia na febre dos caminhos de ferro se apederou de nós, até queremos um para trazer os chapéus de Braga a grande velocidade!
E com relação a caminhos de ferro, só direi que por longos annos nós não precisavamos senão de estradas macadamisadas, de bons carros de transporte accelerados e boas diligencias; e que quando o paiz estivesse montado poder receber estas innovações, então se trataria da dos caminhos de ferro. Portanto ainda aqui andou o dedo do desacerto!
de nú",
eonvern-ido do qim se, qunndo o Drazil §e separou olhado para as nopnos colónias, para a
Afrien PHpeeinlfnento, o
íis rompido o que separa a
oriental da conta occidcntal, já a efttn" horas a§ dua" coutas catavam em ciunmimicar^n directa, (i terinmos feito
iilAo o que agora vau faxer o ur.
Se a^tieíla nohHíi possemAo pi-rlaricesne a outra nnc;,?io, ï 11*10 a IHM, ha muito que c"*e caminho estnria fui to. A entre nina o outra co#Ut é de ;")()() leguan ; já to"
mo" avaiKalhido íJOO leguan, parta da oriental, a parte da
c o quo re^ta fazia m com o trabalho de um batalhão de caradores e duan pm;as de artíllieria,
isto nAo era novo. O"* governadores do Angola já mandaram despacho*, por terra, p Ainda o dedo do desacerto ! Uiiin r""lHçAo nos boatos nobre a Madeira faço votos pnra que a IVovideneia afasto de nos mais essa calamidade ; mas receio muito que, HC HO nAo deu, se venha a dar algu- ma coiina eM}i#rnd;iv< l, em consequência das suctorídadcM cjiiií ali temo"* ; u.nas imbeeís, as outras antipathicas o todas inconvenientes, csp^eiulmentc nas aetimes eircutnstaiifias. O secretario gera! serviu em "S. Tiiomé e Príncipe, pó mesmo caracter, e creio que f">i o RCU primeiro logar; parece-me não a melhor rt/>rent!H*
Também ali existe um commandantc militar, que mio está á altura das circumstaneias em que ims achámos, e a prudência aconselha a pua substitui-lo (juarito antes. Kmiirn eu reeommendo ao governo, e peço ao sr. ministro das obras publicas, que se acha presente, se digne com-municar aos seus collogas que é preciso olhar com seriedade para este negocio; e que, havendo receio de que a desordem de 8. Miguel se conmmniqua á Madeira, ó preciso, antes de tudo, ter em vista que as aúctoridades nSo dês-