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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

e ha de seguir quanto possivel o systema que ultimamente tem adoptado, e que tem dado vantagens. (Apoiados.)

E não é caso este para se elogiar o governo, teia sido isso devido ás circumstancias do paiz, que têem permittido fazerem-se hoje aqui operações importantes.

A opposição está sempre a accusar-nos, e eu sempre a explicar as minhas palavras. Está-se sempre a dizer que ha expressões saídas da minha bôca que poderão parecer uma accusação a outras administrações.

Eu não faço taes accusações, porque me prezo de ser homem recto, e o governo não quer nunca dizer cousa alguma que possa injuriar os que o antecederam no ministerio, nem os seus adversarios.

Por conseguinte o que eu digo é que tendo a camara a convicção de que o governo ha de zelar os interesses publicos, a proposta restricta do sr. Mariano de Carvalho me parece desnecessaria; a camara resolverá, porém, o que entender.

Vozes: — Muito bem.

O sr. Mariano de Carvalho: —... (O sr. deputado

não restituiu o seu discurso a tempo de ser publicado n'este logar.)

O sr. Luciano de Castro: — As minhas palavras foram claras, e não dizem mais, nem menos, do que as minhas intenções. Rejeito a facil indulgencia que o sr. ministro da marinha me offerece, quando suppõe que eu disse mais do que queria dizer.

Eu respeito a probidade pessoal do sr. Andrade Corvo, como respeito a probidade pessoal de todos os ministros. Creio que já tenho feito esta declaração por mais de uma vez. E os illustres ministros podem muito bem tratar todos os assumptos, podem perfeitamente defender-se de todas as accusações que lhes fazemos, sem collocarem todos os dias as questões politicas no terreno da probidade pessoal. (Apoiados.)

Nós não confiámos nem nas palavras, nem nas tendencias do sr. ministro. Infelizmente a experiencia tem-nos convencido de que não devemos ter confiança alguma nas suas declarações.

Nós estamos acostumados a ver como se cumprem essas declarações. Não lhe ouvimos nós dizer, por exemplo, quando se tratava do emprestimo para a compra de navios de guerra, que esse emprestimo era apenas para comprar navios proprios para o serviço colonial? E a final o que succeder (Apoiados.) Todos o sabemos.

Não temos rasão alguma para confiar no sr. ministro. Não se trata da sua probidade pessoal. Essa respeitâmo-la. A opposição actual, para combater o governo, não precisa fazer descer as questões a esse terreno mesquinho. Do que precisámos é de declarações francas, claras, categoricas, que ponham a entidade do governo acima de todas as apprehensões e suspeitas.

Quando o sr. ministro se recusa a acceitar uma proposta que não tendia senão a conseguir que a operação de credito de que se trata, se realisasse nas mesmas condições em que se têem realisado outras, e desde que o vemos refugiar-se em affirmações vagas de probidade pessoal, nós temos o direito e a obrigação de dizer que respeitámos a probidade pessoal do sr. Andrade Corvo, como homem particular, mas que não acreditámos nas declarações do sr. ministro da marinha, já desmentidas pelos factos.

O sr. ministro da marinha quiz aproveitar o ensejo para coroar a sua fronte e a dos seus collegas com os louros das suas apregoadas glorias, a proposito do systema de fazer emprestimos, inaugurado por este governo. Ora, todos sabem que se o governo póde fazer esses emprestimos em vantajosas condições, é isso devido á prosperidade excepcional do reino, e não ás virtudes e esforços dos srs. ministros.

Isto é sabido. Isto é claro. Isto é corrente. Pôde s. ex.ª cegar-se a si mesmo, e póde cegar alguns dos seus amigos

com estas nuvens de pó lançado aos seus olhos; mas não consegue illudir a opinião sensata e imparcial.

Ficamos sabendo que o sr. ministro da marinha não quiz a proposta do sr. Mariano de Carvalho, porque quer ficar com as mãos livres para contratar o emprestimo com quem lhe aprouver. Não tem compromissos actualmente, mas póde tê-los ámanhã. Para mim isto é claro. Não digo mais nada.

O sr. Mariano de Carvalho: — Desejo que V. ex.ª declare á camara se põe primeiro á votação a emenda que offereci ao artigo 3.° do projecto.

O sr. Presidente: — Vou pôr á votação o artigo substituido pela commissão de fazenda, que foi acceite pelo sr. ministro e pela commissão do ultramar; se for approvado, fica prejudicada a proposta do sr. deputado, e se for rejeitado, vota-se a proposta. Depois ha a votar o additamento proposto pelo sr. José Luciano de Castro.

O sr. Mariano de Carvalho: — A proposta apresentada pelo sr. José Luciano de Castro é sem duvida um additamento, e bem está que seja votado depois do artigo.

Agora emquanto á proposta que apresentei, e que considero uma emenda, deve ser votada primeiro do que o artigo; e se a minha proposta não é emenda, declaro que não sei definir parlamentarmente o que seja uma emenda. Mas não faço questão d'isso, e limito-me a pedir a V. ex.ª que consulte a camara se quer votação nominal sobre o artigo, e rejeitando-o não se pense que eu não quero a realisação do emprestimo, mas sim porque entendo que a minha proposta deve ser votada primeiro, porque é preferivel ao artigo do projecto.

O sr. Presidente: — -Vae ler-se a proposta apresentada pelo sr. Mariano de Carvalho. (Leu se.)

O sr. Presidente: — Os senhores que são de opinião que a proposta apresentada pelo sr. Mariano de Carvalho é uma emenda, e como tal deve ser votada primeiro do que o artigo, têem a bondade de levantar-se.

A camara decidiu que se votasse depois do artigo.

O sr. Osorio de Vasconcellos: — A pratica é V. ex.ª classificar.

O sr. Presidente: — Apresentei o modo por que devia resolver-se a questão, e vendo que se levantaram duvidas, appellei para, a camara, julgando assim ter cumprido religiosamente o regimento.

Consultada a camara sobre o requerimento do sr. Mariano de Carvalho, para que o artigo fosse votado nominalmente, foi approvado.

Feita a chamada

Disseram approvo os srs.: Alberto Garrido, Teixeira de Vasconcellos, A. J. Seixas, A. J. Teixeira, Cunha Belem, Carrilho, Rodrigues Sampaio, Zeferino Rodrigues, Carlos Vieira da Mota, Forjaz de Sampaio, Vieira das Neves, Pinheiro Osorio, Van-Zeller, Guilherme de Abreu, Paula Medeiros, Illidio do Valle, Jeronymo Pimentel, Ferreira Braga, J. M. de Magalhães, Ribeiro dos Santos, Vasco Leão, J. J. Alves, Matos Correia, Correia de Oliveira, Dias Ferreira, Pereira da Costa, Guilherme Pacheco, Figueiredo de Faria, Namorado, Pereira Rodrigues, J. M. dos Santos, Mexia Salema, Pinto Basto, Luiz de Lencastre, Camara Leme, Bivar, Faria e Mello, Manuel de Assumpção, Rocha Peixoto (Manuel), Alves Passos, Mello Simas, Marçal Pacheco, Cunha Monteiro, Pedro Jacome, Pedro Roberto, Thomás Ribeiro, V. da Arriaga, V. de Carregoso, V. de Sieuve de Menezes, Gonçalves Mamede, barão de Ferreira dos Santos, Mouta e Vasconcellos.

Disseram rejeito os srs.: Osorio de Vasconcellos, Braamcamp, Antunes Guerreiro, Sousa Lobo, conde de Bertiandos, conde da Graciosa, Francisco de Albuquerque, José Luciano, Pires de Lima, Pinheiro Chagas, Mariano de Carvalho, D. Miguel Coutinho.

Foi, portanto, approvado por 52 votos contra 12.

Sessão de 21 de março