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grande utilidade desta medida. Disse o Sr. Serpa Machado que era necessario promover a educação primaria, e que a secundaria não devia ser verdadeiramente gratuita, porque he para homens, que já tenhão certa instrucção, e he mais uma profissão, do que outra cousa. Porem uma idéa não exclue a outra; antes he precisoq eu existão ambas! A Educação primaria, e inda a secundaria deve estabelecer-se nos proprios Governos: os Alumnos mais adiantados, e habeis são escolhidos para irem a Coimbra; e que cousa mais util do que aprenderem a Historia Natural, a Phisica, as Amthematicas, a Metalurgia, e a Medicina? Estes comnhecimentos são absolutamente necessarios para se poderem extrahir as immensas, e occultas riquezas, que existem naquelles Paizes, e para melhorar a sorte, e a saúde daquelles infelizes habitantes. Demais; para se estabelecer em Coimbra um Collegio, ou Casa não são precisas grandes despezas. Os Governos Estrangeiros, por exemplo, o Francez mandou para os seus Estabelecimentos d'Africa um Naturalista no fim do Seculo passado. Os Inglezes tentãoor todos os modos, e a custa de muitas despezas tomar amplos conhecimentos daquelles Paizes; e nenhumas destas Nações tem alli Conquistas, que tenhão a menor comparação com as nossas. O Commercio das Praças do Bussáo, o Cacheo, antigamente grande com o interior do Paiz, está hoje desviado pelos Inglezes, e Francezes, porque nós lhes não levâmos os Generos, de que precisão, por preços cómmodos. Não duvido que hajão Portuguezes, que estejão habeis para irem á Africa para instruirem aquelles Povos, mas certamente desta maneira seria necessario fazer grandes despezas, e muitos lá morrerião. Eu acho que o mais justo he que aquelles Africanos, que se acharem com alguns preparatorios, se devem applicar Ás suciencias, que podem servir de grande utilidade, tanto a elles, como a nós. Disse-se que, em vindo á Europa, não tornavão ao seu Paiz: não he assim; porque, vindo elles para se instruirem, essa mesma instrucção lhes fará vêr que em nenhuma parte sobresahirão tanto os seus talentos como no seu Paiz, em que tão grande he a ignorancia; e alem disso deve ser uma das Condições do Contracto. Finalmente, Srs., devemos attender que a despeza he mui pequena, pois se fará com quatro, ou cinco contos de reis, e as vantagens são mui grandes.

O Sr. L. T. Cabral: - Olhando, Sr. Presidente para o que diz a Carta vemos que tanto direito tem para a instrucção os Portuguezes habitantes em Portugal, como os Portuguezes habitantes na Costa de Africa. Das nossas Provincias d'Africa são mui raros os Estudantes, que apparecem na Universidade; e porque? Porque não tem meios. Tanto basta para mostrar que o Governo lhos deve dar, porque também os dá a alguns Estudantes Europeos. Sivrão de exemplo os que em Coimbra são sustentados pela Intendencia Geral da Policia. Agora em quanto ao dizer-se que em elles estanbdo formados não voltarão lá, tem uma resposta, que he: em elles se achando Formados, e querendo ter uma consideração, que cá não hão de ter certamente, hão de voltar para as suas Patrias. Nas nossas Provincias da Costa d'Africa há riquezas, que a Nação, e o Governo ignorão, e ignoravão em quanto naquelle Paiz não houver quem tinha conhecimentos de Botanica, Mineralogia, etc. Será mui difficil, e dispendioso mandar para lá Europeos com esses conhecimentos; e por isso he necessario dar os mesmos conhecimentos aos Naturaes das mencionadas Provincias. Na Africa serão precisos Estabelecimentos, em que esses homens poderão ser empregados com vantagem sua; e em uma palavra, arranje o Governo com elles, antes de para cá virem, as condições, que mais convenientes forem para se conseguir o fim proposto.

O Sr. Serpa Machado: - Eu concordo que haja instrucção, mas eu quero que esta instrucção seja elementar; e, querendo-se ensinar aos Africanos as Sciencias, eu não me opponho que se estabeleção Collegios, mas não na Cidade de Coimbra; eu sou de parecer que se estabeleção na Africa. Eu não sou de opinião que não queiramos transmittir a instrucção aos Africanos, mas conheço maior utilidade em que o estabelecimento deste Collegio seja na Africa; e se he necessario que para isto se faça uma Lei, recommende-se ao Governo. Deixar-se a instrucção primaria digo que não he util, pois que he a mais necessaria. Disse-se que as despezas são tiradas das rendas d'Africa; as rendas d'Africa, como as rendas das mais Provincias, fazem uma massa, e della he que se tirão as rendas públicas. Na Universidade de Coimbra tem havido bastantes Alumnos Africanos; em, que apparecêo, desenvolvendo grande talento era estimado por todos, e até era um grande Poeta. Se he preciso estabelecer-se uma Casa de Educação estabeleça-se, mas por modo nenhum seha este estabelecimento privativo para os Africanos; lá he aonde ella pode ser mais proveitosa. Acho que não he necessario p ara que os Africanos sejão doutrinados nas grandes Sciencias tenhão de vir á Europa; pois que nós temos pessoas bastantemente sabias, que se o Governo por meios estimulantes os convidasse, elles de certo acceitrião o ir para Africa. Concluo que não he necessario para a sua instrucção o elles virem á Europa, porque nós temos pessoas, como já disse, doutrinadas em Sciencias naturaes, que irão com bastante gosto, uma vez que o Governo os estimule.

O Sr. Sousa Machado: - Levanto-me para defender o Artigo, e refutar dous argumentos, que vi produzir contra elle, os quaes me não parecem ainda sufficientemente dissolvidos pelos Illustres Collaboradores do Projecto, que me precedêrão a fallar. Disse um Sr. Deputado pela Provincia da Beira: 1.º que o Thsouro estava muito alcançado, não chegando a receita para a despeza, e que não seria conveniente augmentar as difficuldades, em que os achâmos, com o augmento de despezas, que necessariamente exigia semelhante estabelecimento: 2.º que não se obtinha o fim do Projecto; porque a maior parte dos Africanos, depois de instruidos, achando-se n'um Clima mais favoravel que o seu, e com meios seguros de subsistencia, não voltarião a sua Patria, e a Nação perderia as despezas, que tinha feito com elles. Já o Sr. Soares Franco expoz com a sua constumada eloquencia as grandes vantagens, que a Nação pode tirar dos Estabelecimentos d'Africa, se aquelles Povos forem illustrados, promovendo-se naquelles Paizes os progressos da Civilisação: elles são taes, que não tem proporção alguma com a diminuta despeza, que o Thesouro devêra fazer +ara este fim, e ninguem colhe sem primeiro semear: he necessario augmentar primeiro a des-