734 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS
putado queria; mas, se houve algum ponto a que me esquecesse de responder, s. exa. poder-me-ha repetil-o para eu lhe responder.
O sr. Neves Carneiro: - Mando para a mesa uma proposta para que sejam aggregados á commissão de instrucção superior e especial, os srs. Bernardino Machado, Laranjo e Alfredo Peixoto. E mando tambem outra proposta, para que sejam aggregados á commissão de administração publica os srs. Pinheiro Chagas, Manuel d'Assumpção e Luciano Cordeiro.
Peço a urgencia.
Leu-se na mesa a seguinte
Proposta
Proponho que sejam aggregados á commissão do instrucção superior especial os srs. Bernardino Machado, Laranjo e Rocha Peixoto. = A. Neves Carneiro.
Votada a urgencia, foi approvada a proporia sem discussão.
Leu-se a seguinte:
Proposta
Proponho que sejam aggregados á commissão de administração publica os srs. deputados Manuel Pinheiro Chagas, Manuel d'Assumpção e Luciano Cordeiro. = A. Neves Carneiro.
Votada a urgencia, foi approvada sem discussão.
O sr. Luciano Cordeiro: - A commissão parlamentar de emigração, continuando nos seus trabalhos, requesitou, do ministerio do reino exemplar bibliographico de Innocencio da Silva, obra imprensa e em publicação por conta do estado.
Acabo, como presidente que tenho a honra de ser d'essa commissão, de receber do mesmo ministerio um officio, em que se diz que nem no archivo do ministerio, nem na imprensa nacional existe exemplar algum completo d'aquella obra que possa ser posto á disposição da commissão.
Como vejo presente o sr. ministro do reino, aproveito a occasião para observar a s. exa. que n'uma ou n'outra d'estas duas estações devêra existir um deposito de exemplares d'aquella obra, que, como disse, está ainda em publicação por conta do estado. Ser-me-ía facil acrescentar que o ministerio do reino está mal informado, respondendo á commissão de emigração e suppondo-se exonerado de outra resposta, que não existe na imprensa nacional nenhum exemplar d'aquella obra. Se a pedimos é porque precisâmos d'ella, e a commissão não póde prescindir do direito de receber do governo todos aquelles auxilios que só elle póde prestar-lhe. Repito, creio que está mal informado o ministerio do reino. Mas isso pouco importa.
Peço ao sr. ministro do reino para dar as ordens que entender convenientes, a fim de que á commissão seja fornecida aquella e as mais obras de que a commissão possa precisar.
E de passagem direi á camara que reclamámos aquella para orgnisarmos uma bibliographia de obras corographicas e estatisticas portuguezas que nos habilitasse melhor a proceder a algumas investigações historicas necessarias para a conclusão dos nossos trabalhos.
O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Luciano de Castro): - Sr. presdente, mando para a mesa duas propostas de lei, que passo a ler.
(Leu.)
Como as considero urgentes, epço a v. exa. lhes dê o destino conveniente.
Com respeito ás considerações que fez o sr. Luciano Cordeiro, direi a s. exa. que assignei o officio a que s. exa. se referiu, em virtude de uma declaração que me foi feita, tanto pelo emprego que superintende no archivo do ministerio do reino, como por parte da imprensa nacional.
É grave a declaração do illustre deputado, affirmando que deve haver na imprensa nacional esses exemplares.
O que posso assegurar a s. exa. é que vou proceder a nova informação.
A informação que tive foi que exemplar completo não havia nenhum; creio que faltam um ou dois volumes nas collecções que existem na imprensa nacional.
Por isso foi que se disse no officio, que não havia exemplar completo; todavia, se se verificar que a asserção de s. exa. tem fundamento, eu não só hei de mandar a s. exa. um exemplar, como hei de castigar o empregado que deu a falsa informação.
Se houver exemplar completo, póde o illustre deputado ter a certeza de que darei ordem para elle lhe ser enviado; se não houver, vista a insistencia de s. exa. e a necessidade que a commissão parece ter de possuir um exemplar d'aquella obra, darei as providencias necessarias para que ella se adquira, e lhe seja enviada.
Creio ter respondido satisfactoriamente ao illustre deputado.
As propostas vão publicados no fim da sessão a pag. 738.
O sr. Oliveira Peixoto: - Sr. presidente, pedi a palavra para chamar de novo a attenção do governo sobre factos que considero gravissimos.
Na sessão de 20 do corrente, expuz á camara factos altamente criminosos que os meus adversarios politicos tinham praticado no meu circulo.
Nas sessões seguintes de 22 e 23 pedi igualmente a palavra, mas não a obtive por se ter passado á ordem do dia.
Agora que ella me foi concedida, e que vejo presente o sr. ministro do reino, não posso deixar de chamar a sua attenção sobre outros factos extraordinarios que ocorreram posteriormente no meu concelho.
Na sexta feira, quando de uma das freguezias do mesmo concelho se dirigia para Fafe, seriam dez horas da noite, um amigo meu, com o fim de seguir para Guimarães na diligencia da meia noite, foi assaltado por uma cohorte de homens aramados, que o quizeram espancar; e lhe dirigiram os maiores insultos e ameaças, impedindo-o assim de realisar a sua jornada, e collocando-o na necessidade de se recolher a uma hospedaria que ali encontrou.
Não contentes com isto, os mesmos homens continuaram a insultar e a ameaçar, no meio das mais infernaes vozerias, este cavalheiro quando elle já estava recolhido; e apenas elle chegou á janella, e disse que não temia ameaças e que acabassem com as arruaças, um chuveiro de pedras despedidas por aquelles selvagens caíu sobre a casa em que elle se achava, forçando-o, pela furia com que o atacaram, a fechar immediatamente as portas para não ser victima d'aquella synagoga.
Mas não ficaram ainda completamente satisfeitos com estas gentilezas de um verdadeiro canibalismo.
Dirigiram-se a casa do administrador do concelho, e sendo já meia noite, voltaram com elle á frente, invadiram a hospedaria e prenderam o mesmo individuo que haviam insultado, encerrando-o com uma prisão, aonde esteve até ao dia seguinte, sendo então posto em liberdade pelo poder judicial, depois de ter prestado fiança.
O sr. ministro da fazenda, a quem tributo a maior consideração pela sua grandissima intelligencia, pela sua assiduidade ao trabalho, e pela sua illustração, expediu uma circular aos differentes empregados dependente do seu ministerio, prohibindo-lhes que de fórma alguma, ou por qualquer meio, se ingerissem nas eleições, sob pena de usar para com elles da maior severidade. Não me consta que por parte dos outros ministerios se mandassem identicas ordens; porque o novo adiministrador do meu concelho com os seus novos regedores, apenas tomou conta da sua adminsitração, officiou a estes, ordenando-lhes que intimassem perda as juntas de parochia e masarios de confrarias, sem perda de tempo, para que apresentassem perante elles os respectivos livros das contas das suas gerencias. Era muito louvavel este zêlo, se porventura tivesse por fim a