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SESSÃO NOCTURNA N.° 52 DE 26 DE ABRIL BE 1898 949

e hoje com mar chão, sem estar muito carregado, deita 10 milhas; nem já serve para guarda costa e nem raio de acção tem para ser alguma outra cousa. Alem d'isso é um typo de navio abandonado e já se não constroem guarda-costas.

Depois d'esse navio de combate que ha de vir, seguem-se o Adamastor, o S. Gabriel, o S. Raphael e o D. Amelia, tendo uma marcha de experiencia em 15 e 17 milhas, que ficarão reduzidos no effectivo de serviço a 12 e15 e constituindo uma esquadrilha de cruzadores auxiliares. A invenção do nome não é minha. Chamei, a estes novos navios de parada e de paz; mas a designação de auxiliares foi dada pela commissão organisada pelo meu successor quando apreciou as propostas dos differentes concorrentes. A camara notará, pois, quanto ha de curioso nesta organisação de material naval, em que, ha um navio de combate e quatro auxiliares sendo maior o numero de auxiliares do que os elementos de acção!

Isto significa simplesmente a falsa orientação que tem havido por parte das commissões technicas e dos inspiradores dos diversos ministros que têem gerido a pasta.

O principio que tem servido de orientações é a de muitos navios para haver muitos commandosinhos. Toda a gente quer ser almirante, e como o dinheiro é pouco, e por isso daria para um só navio bom, desdobra-se para haver muitos naviosinhos para satisfazer as aspirações e ganancias dos commandos. Claro está que, n'estas condições, justamente o que não temos é navios de guerra.

Não vou fatigar, a camara reeditando o que disse a este respeito na sessão de 15 de julho passado.

Desculpe-se-me a vaidade, se me desvaneço por ver mais ou menos directamente confirmado o que disse então, pelo que se contém no relatorio das commissões, que trataram da acquisição de navios e de que só pude ter conhecimento detalhado em janeiro d'este anno, confirmando-se o que tenho dito, apesar da extraordinaria boa vontade, por parte d'essas commissões, em acompanhar a orientação do ministro ou da cotteric dominante. Navio de combate vem só classificado como tal, n'esse relatorio, o cruzador D. Carlos, os outros, sem contestação da commissão, foram classificados pelo sr. Guimarães de auxiliares e este official tem uma auctoridade especial para o caso, pois que foi chamada a cooperar com a commissão, como sendo doutor em capello em materia de construcção naval; como se vê da respectiva portaria que o nomeou: a maioria da commissão, fazendo parecer em separado, não contestou a classificação dada.

Para v. exa. verem a desorientação que ha em marinha a respeito de navios, devo dizer que em 1889, sendo ministro da marinha o sr. Ressano Garcia, os mesmos individuos que tiveram intervenção na escolha dos typos agora em construção, opinaram e n'essa conformidade se fez concurso para navios de 2:200 toneladas e 16 milhas de marcha; enquanto que sete annos depois, em que todo o material naval tem augmentado em tonelagem e velocidade, estes mesmos elementos, dirigentes foram insinuar ao governo que se adquirissem navios, não de 2:200. tonelados, mas de 1:800, não de 10 milhas, mas de 15! Quer dizer, quando em todas aã marinhas se augmenta a tonelagem e a velocidade, na nossa diminuo!

E não se hesitou em dizer nos relatorios que são navios para as estações navaes.

Ora, quer v. exa. saber o que quer isto dizer?

É um navio que, quer d'aquelle tamanho, quer maior tem a mesma acção sob o ponto de vista da influencia sobre as costas coloniaes, porque não entra nos rios; para isso têem de ser muitissimo menores.

Em todas as. nossas colonias só o rio Zaire dá largo accesso ao interior para grandes navios.

Para todos os outros rios é necessario a marinha colonial, que hoje tem um desenvolvimento extraordinario, organisada com a lanchas canhoneiras que afóra vapores e outros são já em numero de 24. Os navios de 1:800 toneladas não podem ser empregados na policia, fiscalisação e acção directa contra os gentios dos nossos dominios.

Vê-se, pois, que o nosso material naval deve dividir-se em duas classes: a colonial composta de pequenas lanchas canhoneiras capazes de navegar nos rios e mais ou menos transitar nas costas, e de grandes navios que serviriam a um tempo de depositos de pessoal o de elemento de força destacada da metropole para qualquer acidente que possa dar-se.

Em logar d'isto temos um navio do combate, os taes quatro auxiliares novos e mais uns navios que ainda continuam a chamar-se de estação - como é a corveta Duque da Terceira, Affonso de Albuquerque e ainda a Rainha de Portugal, isto é, sete auxiliares para um de combate e um guarda-costas, para continuar a chamar-lhe assim, para defeza do porto de Lisboa, embora não sirva para defender cousa alguma.

Desculpe-me v. exa. que eu me alargue n'estas considerações, por necessidade de propaganda, para ver se se corrige este mal. O mesmo almirantado, ou o mesmo governo, ou o mesmo ministro, ou como melhor se queira, que acceitou as declarações do relatorio da sua maioria, reprovando as propostas de alguns navios no concurso feito para a acquisição do material, por ter a sua principal artilheria na bateria baixa e não no plano mais alto, com uma acção mais effectiva e desafogada, esse mesmo almirantado, ou esse mesmo governo ou esse mesmo ministro acceita e manda construir no arsenal de marinha um dos taes cruzadores, dos chamados auxiliares, o D. Amelia em que à sua principal artilheria está na bateria da tolda, e a de menos importancia no castello e no tombadilho.

Veja v. exa. como corre esta administração, como é desorientadissima a noção ou a aspiração technica sob o ponto de vista de material naval.

Aqui estão os pareceres que não leio para não fatigar a camara, que me faz sem duvida a justiça de acreditar que eu não faria referencia a uma cousa que assim não fosse. No entretanto peço auctorisação á camara para que consinta que sejam publicados no Diario das sessões todos os documentos que eu possuo, relativamente á acquisição do material, desde 1889 para cá, fazendo d'isto uma especie de monographia muito illustrativa a todos os respeitos, abrangeu do todas as responsabilidades, sem haver n'este ponto de vista uma questão de incidencia politica, mas um objectivo de administração de um aspecto um tanto extraordinario! E v. exa. já viram por uma pequena amostra, que dei, se a minha affirmativa é ou não verdadeira. Em 1889 pretendia 5 pessoal superior de marinha que se adquirissem navios de 2:200 toneladas e 16 milhas de marcha pelo menos. Em 1896 os mesmos individuos diziam ao governo que adquirisse navios do 1:800 toneladas e 15 milhas de marcha, quer dizer, inferiores em grandeza e em velocidade, quando, estes elementos são dos principaes para dar à nota da efficiencia para combate nos navios e quando todas as nações, têem elevado taes caracteristicas de uma maneira prodigiosa.

Eu creio que, se não todos, pelo menos alguns membros d'esta camara, sabem que quando por 1876 a 1883, a Italia começou a fazer os grandes couraçados melhor chamados cruzadores couraçados, do typo do Lepanto de 14:000 toneladas e de 18 milhas de marcha, a Inglaterra, que não tinha ainda navios d'essa especie, criticos o facto; mas em 1890 fazia votar um credito de 90.000 contos de réis para fazer, uma enquadra completa de navios do mesmo typo, de maneira que, emqnanto nas marinhas estrangeiras melhoram o seu material em relação, a grandeza e velocidade, guardadas as proporções de grandeza ao objectivo da esquadra, na nossa marinha, as commissões technicas, não sei por que inspiração, retrogradam, e, o que é mais, a desorientação chega a ponto de quasi no mesmo dia, e no mesmo, periodo, emquanto uma commissão reprova