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Hepanliol, e impossível de impedir-se o seu transporte , porque então depois lá vem o trigo em requas (este e' o termo próprio dos contrabandistas Hespa-tvhoes, que accostumados a este trafico, quando en-Iram com contrabando, já sabem os caminhos por onde se hão de dirigir, e quanto tem de pagar pela liberdade de transitarem com o contrabando). Ora agora pergunto eu , entrará depois mais trigo pela raia secca se concedermos esta exportação? Eu creio que não, porque a quantidade de trigo, que se exportar, ha de necessariamente fazer levantar o preço delle em Hespanha, e quando elle lá exceder o preço , do que pode ser transportado das diversas partes de Portugal para ali ha de haver muito menos por contrabando, porque quanto mais quizerern fazer menos ganho ha de dar a quem o trouxer aj Portugal*

Em consequência eu entendo que em logar de haver prejuízo n'esta exportação do trigo, acho que e' um grande remédio, e por isso convenho em que esta medida e' útil em conformidade com as relações que existem de Governo a Governo, e ainda mais, porque pelos direitos do Traclado somos obrigados [a prestar auxilio á Hespanba, e este e' um verdadeiro auxilio. Além do que, este vai dar lucro aos habitante de Portugal, porque vai dar trabalho aos braços que^se acham em ócio, e vai dar também lucro, porque essas despezas coin os indivíduos empregados no transporte deste género crescem sobre eile, porque não ha de haver uma carga de trigo, que custe menos de trinta moedas.

Ora combinando tudo isto: os ganhos de embar que, e desembarque vai deixar noPaiz asdifficuídadas que ha em contrabandear por terra este género, tudo isto rne induz a crer que longe de fazermos mal,.fazemos bem ao Paiz visinho, e ao nosso. Eis-aqui pois pois os motivos que teve aCommissão, para exarar este Parecer.

Mas agora póde-sè argumentar, e eu sei que se argumenta, que vem diminuir-se com esta importação a exportação dos nossos cereaes para Inglaterra. Já appareceti aidéa do temor da introduccão do contrabando deste trigo dentro do Paiz; agora ha outfa idéa que é, que esses trigos saindo pela Barra do Porto vão dar entrada em Inglaterra.

Sr. Presidente, creio que todos os Srs. Deputados me fazem a justiça de acreditar que eu me interesso na prosperidade, tanto como elles, do meu Paiz, e que se eu suspeitasse que estes trigos haviam de ter este destino, eu de certo me havia de oppôr com todas as minhas forças á sua introduccão. Todos sabem que a colheita de trigo em Inglaterra foi desgraçada para aquelle Paiz, e immediatamente que os In-glezes conheceram esta falta, deram ordens para lhe irem trigos; as primeiras ordens vieram a Lisboa e ae Porto, e com a sabida d'alguns mil moios entendeu-se que a Inglaterra continuaria a importar os nossos trigos, mas esta idéa durou por pouco tempo; ahi estão os papeis Inglezes cheios, e o Governo bem o sabe do que se passa e;n Inglaterra a este respeito; hoje os Portos de Inglaterra estão cheios de trigo do Báltico (apoiado^ apoiado), e note-se que ainda não chegaram iodas as eucomtnenclas que se fizeram para o Mediterrâneo, que em chegando a Inglaterra necessariamente hão de fazer ali baixar muito mais o preço do trigo, que já com o vindo do Báltico linha feito baixar tanto o que foi de Portugal, que não

continuou a animar a sua exportação. Além disto da. qui até acolheita próxima vão três mezes, e por consequência creio eu que o trigo Hespanhol, accarre tado para a Foz do Douro no que ha de gastar tem" pó, e carregado de direitos de importação no nosso Paiz, e os qúaes eu não vou fora, de/que se au-gmentem, necessariamente não pôde ir para Inglaterra competir; se lá chegasse antes da nova colheita, com as numerosas carregações que ali têem entrado, deste género- e com as outras muitas que ainda entrarem. Ora como ponderei, desde já digo, que não ha de haver extravio |no género embarcado para dentro do Paiz, e também me parece ter demonstrado que não pôde ser uma expeculação para o exportarem para Inglaterra.

Mas dizem os Srs. Deputados : e' necessário que nós ouçamos os Lavradores interessados neste negocio; também eu o quero, Sr. Presidente, e também o querem todos os Membros da Commissão ; porém devo observar que o Governo disse, que queria a urgência desta Proposta, e a Comuiissão apresentou o negocio o mais depressa que lhe foi possível; no entanto a commissão concorda no adiamento; porém a Commissão esta certa também, que a sua opinião, a sua assignatura é fiiha d'algutna cousa importante, e não se julgue porque a Commissão trabalhou pouco tempo, que ella deixasse de pedir os esclareci^ mentos que lhe eram necessários para trazer aqui este Projecto. Eu posso portanto responder por todos os Membros da Commissão, que eHes concordam, ern que a matéria fique adiada até que o Sr. Ministro dê os esclarecimentos, que os Srs. Deputados exigem. * *

O Sr. Visconde de Sá: — Sr. Presidente, o Governo de modo nenhum quer que a Gamara se prive do tempo necessário para bem meditar o negocio, por tanto o adiamento d'alguns dias será bem para a Camará se esclarecer. O Governo considerou' unicamente a questão política, e a questão militar^ e • não considerou outra questão. Ainda falta tractar d'outra, que e sobre o tratado da navegação do Douro, mas isso fica para depois; ora, como disse, o Governo tomou sóaierilé aquella questão pelo lado da política e militar, a questão politica militar é, que nós devemos dar algum auxilio á Hespanha, e quando se emittiu na Resposta ao Discurso doThro-no o paragrapho relativamente á Hespanha disse-se, que o dezejo da Camará era, que a Hespanha fosse soccorrida com uma divizão Portugueza, mas isso não pôde ser; no entretanto podemos e devemos auxilia-la deste modo, fazendo com que um dos seus Exércitos tenha o pão, qua lhe falta. Considerada a questão debaixo desle ponto de vista, sobre o qual eu chamo a attenção especial dos Srs. Deputados; o Governo não se oppôe, que o negocio se adie por alguns dias, e depois de ter combinado as ide'as da Commissão, virá apresentar umas pequenas emendas ao Projecto apresentado, tanto na quantidade do Trigo (Apoiado , apoiado) porque isso pôde aterrar mais os Lavradores do Alemtejo, e da Extremadura, que se possam oppôr a este negocio, como sobre a segurança do embarque, e conducção, para que se não possa extraviar do seu destino. O Governo apresentará as suas emendas, e concorda no adiamento. O Sr. Aguiar:—Sr. Presidente, eu approvo o adiamento, mas por poucos dias, nem posso deixar de approva-lo á vista do que acabou de dizer o Sr.