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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Sr. presidente, não ha um unico paiz bem administrado, cujo orçamento, alem de perfeitamente saldado, não offereça todos os annos uma differença grande a favor do estado, em vez de ser contra o estado, como é uso entre nós.

Em França depois d'aquella guerra terrivel, quando se propunham despezas uteis e indispensaveis, a resposta do governo era, que votadas essas despezas, o orçamento ficaria com deficit, e não apparecia na camara franceza uma unica voz para approvar a inserção de despezas, da qual resultava deficit no orçamento, porque conheciam os perigos do deficit. (Apoiados.)

Não ha paiz algum, regularmente administrado, que ao mesmo tempo que vota a despeza extraordinaria, não augmente a receita do thesouro, em tanto quanto e indispensavel para poder pagar o juro e amortisação do capital que vae pedir. (Apoiados.) Estes e que são os principios, e podem procurar á vontade, que não encontram em paiz algum, outro modo de proceder, que não seja aquelle que deixo declarado.

(Interrupção.)

E eu hei de responder, e replicar, porque tenho a vantagem de não me fatigar e o costume, de não me declarar fatigado, ainda que tenha de fallar durante muito tempo.

É n'estas circumstancias que eu digo ao governo que é impossivel progredir n'este caminho, porque o perigo é immenso e está imminente,e nós temos já avançado mais do que a prudencia nos pcrmittia. É indispensavel mudar e já. Em vez de augmentar despeza, temos de crear receita; e se não quizerem entrar n'este caminho, eu não posso do fórma alguma proceder para com o ministerio actual, cuja conservação no poder desejo, de um modo diverso d'aquelle por que procedi com relação ao governo passado; porque não sou dos que apoiam o governo n'um dia, para o hostilisar n'outro, sem motivo, nem rasão. (Apoiados). Eu defendo idéas o principios, e não aceito a um governo o que condemnei a outro.

Ha deputados cuja posição é outra e cujas opiniões são muito diversas.

A minha situação é esta e não me permitte outra nem o logar que tenho n'esta casa, nem a minha posição fóra d'aqui.

Por esta occasião termino aqui as minhas observações.

Vozes: — Muito bem.

O sr. Ministro da Marinha: — Direi muito poucas palavras porque não quero ficar com a palavra reservada para ámanhã.

Esta camara já votou projectos de augmento de receita, e alguns d'elles já passaram na camara dos dignos pares.

É provavel que os restantes lá sejam recebidos com a benevolencia com que foram aqui; e por elles podemos avaliar desde já o augmento do receita que advirá para o estado.

Parece-me difficil achar meios se quizeese responder tão precisamente como o fez o illustre relator da commissão.

N'estas circumstancias entendo que não é prudente, por parte do governo, pedir ao paiz maiores sacrificios do que aquelles que são essencialmente precisos para o regimen dos negocios publicos.

Quando o governo entender que não tem ainda os meios sufficientes para fazer face ás despezas, ha de vir pedir no parlamento os meios que só o parlamento lh'os póde dar.

Isto quanto á questão de fazenda, a respeito da qual não tenho mais nada que dizer.

Quanto á questão propriamente dita que se discuto, devo dizer ao illustre deputado que têem o paiz canhoneiras que precisam absolutamente de serem rendidas nas estações onde estão, sem o que a sua ruina é immediata. (Apoiados.)

É preciso que ellas venham a qualquer porto concetar-se. Se poderem vir a Portugal, melhor; mas uma d´ellas posso affirmar ao illustre deputado que não póde vir a Portugal; tem de ir a um porto proximo, ou para refazor-sc, ou para se lhe fazer o concerto que precisa.

A maior parte dos nossos navios do guerra devem ser revistos no dique ou eixal-os apodrecer.

Quero illustre deputado, póde alguem no parlamento querer fobre si a responsabilidade de deixar apodrecer a sua marinha? (Apoiados.) Não póde.

Preciso absolutamente que o parlamento me auctorise a mandar concertar alguns navios que possam render outros que precisam de concertos. eço absolutamente o que é preciso para já.

Já disse ao illustre deputado que podia vir com a proposta apresentada pelo meu digno antecessor; mas não vim. Reformei essa proposta; pedi muito menos ao parlamento do que s. ex.ª pedia.

O illustre deputado que tanto zela os interesses do paiz, como eu tambem me preso de os zelar, se o fizessem ministro da marinha e do seu voto dependesse que nós ficássemos com a nossa marinha a apodrecer por causa do 200:000$000 réis, o illustre deputado não votava contra o projecto que se discuto. Faço-lhe completa justiça.

Como não quero demorar por mais tempo a attenção da camara limito aqui as minhas observações.

(S. ex.a não reviu os seus discursos.)

Foi approvado a ultima redacção dos projectos n.º 45 e 55.

O sr. Presidente: —A ordem do dia para ámanhã é a continuação da que vinha para hoje e mais o projecto n.º 40.

Está levantada a sessão.

Eram quasi seis horas da tarde.