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exista um interesse geometricamente igual para todos os contribuintes? Não o conheço. E' da natú-reza da communidadc que cada um venha em soc-corro do bem com m u m com uma Contribuição proporcional aos saus haveres; mas é impossível que a igualdade s«íja absoluta para todos 'os contribuintes. Aã faculdades próprias de cada indivíduo, a sua organisação, o seu modo fruir as vantagens cofnmufis, estabelecem uma desigualdade inevitável nas conveniências que cada um receba deste ou daquelle ramo de serviço publico: quando se exije de motores diversos uuia força determinada, esses inoloies esforçam-se mais ou menos para produzirem essa força, segundo a sua organisa>;ão e situação -, o contrario e' impossível. Assim "digo eu , que os Concelhos do Reino, posto que não sejarn rigorosamente do mesmo modo interessados na confecção das estradas, liem todos um grande interesse com-mum nessa confecção; o- tanto basta para que lo-dt>s devam vir em auxilio destas obras com os seus esforços.

• Agora consideremos a faculdade de remir o tostão com o trabalho, para aquelles que se acham a grande distancia das obras. Se a quota , porque ee pôde remir a trabalho, fosse igual, ou ainda um pouco superior ao valor ordinário do trabalho, a desigualdade para a remissão seria uui pouco vexatória para os que não poiessem, por causa da dislan'cia, fazer o trabalho ; mas. desapparece essa desigualdade pela avaliação do dia de trabalho, cm um tostão. Um tostão é o mínimo jornal que se paga neste lleino: e éffectivaineate em poucas localidades se paga este jornal ; e nos• pontos-era que tal jornal apparece , e somente em certas estações do anno, quando o trabalho e pouco; -mas, logo que e' maior a procura de braços, o preço cresce : e então não póie fazer conta a pessoa alguma re,mir o tostão com o 'trabalho de um dia.

O simples jornaleiro vai ach.tr nestas obras uma compensação ;ios -i'J 3 reis que se lhe exigem; p >r-que havendo, e;n cons -quenci i deste'deseuvolmetilo de obras,'um i denriifda correspondente- de b tacos, que não eáisie agora, essa demanda de braços ha de fuzer crescer os jornaes.' Dir-se-ha quex> crescimento dos jornaes será nocivo aos agricultores, que empregam homens na sua lavoura. Eu nego-,'o digo, que.lhes vai ser vantajoso; porque desgraçadamente para a maior parte dos homens ha utna grande distancia cnl.e a saciedade e a extenção dos seus consumos ; e quando augmenlar para o homem, que possue pouco, a faculdade de adquirir, ha da augmentar o seu consumo; ha de por consequência haver maior de.uanda de productos e-maior valor para os mesmos; porque todos sabem que não -e o consumo considerável de meia dúzia de opuien* tos que alimentam as industrias do Paiz; é assim a integral de todos os'consumos .ténues, mas numerosíssimos dos pequenos consumidores.

Eis-aqui , pois, como esta quota de contribuição nào e vexatória, não e desigual; como a sua ré-missão não off-nde os direitos década um. Demais, não teremos nós um meio facillimo de compensar imniedia.tanj.enle, e com usura, esses quatro dias. de trabalho? Lancemos o» olhos sobre o Mappa que aqui trago, e ver-se-ha que são .privados de trabalhar em Portugal os Cidadãos, em virtude dos Domingos, 53 dias e em virtude dos dias saneio» de \7oL 3.'— íYUuço — 1843.

Guarda, 18, E não seria fácil reduzir esses 18 dias saúctos a um numero menor, a 6 ou 9 por exemplo ? E não se diga que os dias sanctos não prejudicam as industrias: que n tem especialmente vivido nas Proviocias, quem conhece os misteres awra-f rios j sabe quanto elles prejudicam os trabalhos; porque, além de muitos, recahem elles exactamente nos tempos em que são mais prejudiciaes : os dias sanctos da Páscoa da'Ressureição e de Pentecostes, coincidem com o tempo em que a cultnra demanda nriis braços; assim como os do Natal, para ospai-zes altos que aram e semeiam nessa occasiâo. Por consequência peço ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros que, quando tractar du fixar definitivamente uniu Concordata com a Corte de Roma , não se esqueça de restituir ao^seu Paiz (lias de trabalho, quedevem ser de grande utilidade , e quecorn-pensarão com usura os que exige a contribuição. (Jlpoiaios) E peço á. Cambra que considere quanto deve ser fácil obter isto; porque, dir-lhe-hei, que não ha em lio na tantos dias sanctos como era Portugal, .e que se o Sancto Padre reduzisse os dias sanctos' de Portugal ao que são nos seus Estados, dar-se-nos-hiam mais de quatro dias de trabalho.

Sr. Presidente, tractarei de co-nparar a contribuição individual com a contribuição de oito tostões por fogo, e parece-me que poderei facilmente mostrar que esta contribuição e' muito mais injusta do que aquella. Três argumentos se apresentaram para combater o imposto por indivíduos : disse-se primeiro que a cada indivíduo custa pouco á, pagar um cruzado em cada um anno, que este imposto e leve para as famílias de um só indivíduo collectaveí ; mas se o chefe de família tiv^er cinco filhos, já não lèiri que pagar una cruzado , tem de pagar seis cru-z»K>s, e quanto a este indivíduo par* o qual , sendo singuitr, a contribuição seria ténue, tendo elle esta familia torna-se-lhe-ha po-sada. O' Sr. Presidente, pois muda o valor de um i fracção, quando auijjs os termos se multiplicam'• pela mesma quantidade? Por certo que não, porque a Arithmetica não é faliivel. A contribui ;ão individuil é uma contribuição imposta ao projucto do trabalho de cada indivíduo, logo o indivíduo, sendo um, paga nesta proporção, porque o trabalho e também um; rnasquan-dp esse indivíduo em logar de ser um se torna^ cinco indivíduos, e verdade que se lha exijem cinco quo tas; mas também e' verdade que são cinco indivíduos de qnem ella se exije, indivíduos que vencem cinco jornaes em togar-dê um jornal, e portanto a contribuição é sempre a mesma para cada indivíduo. Sr. Presidente, quem tenha vivido nos campos com a classe pobre não póJe igorar que os filhos desde os 8 ou 10 annoà até que saheai da casa paterna não são um ónus, são urna riqueza. Oxalá que assim fosse para todas as classes, oxalá que et;« ros de organisaçào social não tornassem os fijhos ern ónus para algumas delias! A existentia de urn Cidadão devera, ser sempre um beui, devera ser sempre uma riqueza paraca Republica. Na singeleza dos campos o pai que reúne em torno de si dez, ou doze filhos e' um verdadeiro Palriarcha, sustentado por outras, tantas colurnnas, que administra em cotti-mum õ pró dueto de todo o trabalho quê eile e seus filhos fazem. As famílias populares numerosas melhoram por outra razão , que todos nós conhece-