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6 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

d'elle, orador, construir-se em seis meses, e portanto ser aproveitado já no futuro anno lectivo.

[...] varios [...] da provincia, e pode assegurar que [...], onde não ha luimpesa, nem o material neceswsario para o ensino. O de Lisboa está em [...] condições. É por isso devido, em parte, ao reitor, que [...] proprio faz a policia do estabelecimento, e que, se por um lado tem vantagens, por que evita os graphicos que se vêem nas paredes dos estabelecimentos congeneres das provincias, por outro parece-lhe menos conveniente, porque a missão que incumbe ao reitor é muito superior a essa.

Bem sabe que esse procedimento do reitor é devido á escassez de empregados encarregados da policia, e por isso só merece elle louvores, visto que assim mostra o cuidado que toma pelo importante, estabelecimento que lhe está confiado; mas entendo que o não devem collocar nessa situação e fornecer-lhe os elementos necessarios para que elle se possa dispensar de tal serviço.

Entendo, alem d'isso, que os guardas encarregados do policiamento devem ter um uniforme, um distinctivo qualquer, que represente, por assim dizer, a auctoridade de que estão investidos, pois, a seu ver, a apparencia externa, não é demais neste caso.

Se a policia interna, no Lyceu Central de Lisboa, nada deixa a desejar, porque a tudo attende o seu reitor, o mesmo não pode dizer-se com relação ao que se passa fora do Lyceu, e isso devido em grande parte á sua situação, pois é frequente verem-se os alumnos, nos intervallos das aulas, metter-se com as pessoas que passam, e até com a Guarda Municipal, sendo repellidos a cachação, como tambem se vêem entrar nas tabernas proximas para lanchar e frequentar outras casas onde se deixa dinheiro, se perde a saude, e se adquire uma preversão precoce.

A questão da situação do edificio é portanto, como já disse, um elemento principal a attender.

A opportunidade da criação d'este lyceu depende, em parte, da organização que se der ao ensino secundario; e por isso lha parece ser esta a occasião opportuna para fazer o balanço dos resultados obtidos do actual regime, de ver, emfim, o que tem produzido este regime, o que ha a esperar d'elle, e o que é preciso fazer para o modificar.

A este respeito, deve dizer que a reforma iniciada em 1894, principalmente devida á iniciativa do Sr. João Franco Castello Branco, auxiliado pelo Sr. Conselheiro Jayme Moniz, tem panegyristas absolutos e detractores absolutos. Uns entendem que ella constitue um verdadeiro modelo, a maior sublimidade em materia do pedagogia, em instrucção secundaria. Outros entendem que ella é, apenas, uma escola de cretinização da mocidade.

Por sua parte, elle, orador não é nem por uns, nem por outros: está com aquelles que reconhecem as qualidades onde ellas existem, e os defeitos onde elles estão. Nesta questão não é iconoclasta; não tem a menor pretenção de derrubar ninguem que esteja sobre, um pedestal. Apreciará portanto a questão exactamente como ella é, tratando-a com a maior singeleza possivel.

Deseja fazer a apreciação do actual estado da instrucção secundaria, mas não póde fazê-lo sem recordar rapidamente, o que era o regime anterior, para dessa comparação se poder deduzir o que vale o regime, actual.

Pelo anterior regime, nós tinhamos aquillo a que poderemos chamar o modelo francos. Depois de 1870, porem, passamos a adoptar o modelo allemão, até que em 1892 se fez a reforma da instrucção secundaria. Até ahi o regime era o seguinte: os exames faziam-se por cadeiras, de maneira que, durante o curso secundario, faziam-se 20 ou 30 exames.

Evidentemente, era necessario corrigir tal systema, e, nessa parte, a reforma vem na maior opportunidade, baseando se principalmente sobre os seguintes pontos: organização de ensino official, disciplinas, programmas e [...]. os seus principaes defeitos, porem, forçou inutilidade e inapplicação pratica dos preparatorios, regime pedagogico, demasiadamente intensivo e abuso de exames.

Sendo sou intuito occupar-se da actual reforma, comparando a com a anterior, não pode elle, orador, eximir-se a prestar toda a homenagem devida, á iniciativa de quem a apresentou.

É ella devida á conjugação de duas iniciativas: a do Sr. João Franco, a quem presta a homenagem da sua estima, e a do Sr. Jayme Moniz, que, como todos sabem, foi um dos mais distinctos e aureolados professores no alto ensino academico.

Prestada esta homenagem, julga-se elle, orador, com toda a liberdade de apreciar essa reforma e a maneira por que ella foi elaborada. Sendo assim, parece que o que estava naturalmente indicado ao elaborá-la era fazer um estudo detido, pausado, de qual era a situação, não só em relação ao regimo vigente e ás difficuldades que se apresentavam, mas tambem em relação ao nosso ensino e ás suas necessidades; era, alem disso, fazer a caracterização, perfeita e rigorosa, de quaes as condições em que estamos e de que meios dispomos para resolver esse problema, tanto em relação á instrucção secundaria, como á instrucção superior.

É geral a tendencia para copiarmos o que, sobre este assumpto, existe na Allemanha; mas é necessario notar que os meios não são os mesmos. Na Allemanha o meio é um, e entre nós é outro. E porque? Porque as civilizações attingiram intensidade differentes as raças são differentes; as condições do meio, chamadas condições mesologicas, são differentes. Não podemos, pois, ter a pretenção de ir copiar aquillo que lá existe, quando queiramos fazer uma reforma de instrucção secundaria.

Alem d'isso, entre o cerebro allemão e o cerebro português ha grande diversidade, trabalham elles de uma maneira completamente differente.

Relativamente á mentalidade portuguesa, todos sito concordes em que ella é de uma extrema vivacidade; ao passo que o allemão é o contrario.

Neste ha um poder de concentração consideravel, mas não tem a apprehensão tão rapida.

Se não podemos, pois, ter a pretenção de ir copiar o que lá existe, bem podia fazer-se uma reforma noutros moldas. A reforma vigente foi vaga de mais: parece-lhe que quem a fez não formulou nitidamente o seu problema, porque nem sequer se diz n'ella, claramente, o que é instrucção secundaria.

Um dos pontos a que não se associa, quanto ás modificações introduzidas na reforma, é no que respeita ao methodo de ensino.

Não comprehendo que se metta de infusão a sciencia na cabeça da criança.

Outro defeito que lhe nota é a fórma por que estão organizadas as disciplinas; reputa-as excessivamente fragmentadas, de sorte que,, ao cabo de um corto numero de annos, o alumno tem já perdido aquillo que ganhou no principio.

No que diz respeito aos livros e programmas, considera-os tambem excessivos, e pelo que se refere ao professorado, diz a reforma que deve ser encolhido o que appareça com mais intelligencia e saber. Dever-se-ha porem, para o ensino secundario, exigir essa grande intelligencia e saber? O que é principalmente necessario é capacidade e competencia adaptadas especialmente ao fim.

Um homem de grande intelligencia, mais com tendencias para summidade do que para professor, podo dar um illustre conferente, numa academia, mas dá um péssimo professor.

Portanto, o recrutamento dos professores não deve fazer-se só pela intelligencia o saber; deve ser feito, como,