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974 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

via falsidade noa balanços, se dizer que eram effeitos rhetoricos.
Não ouvira o discurso proferido na ultima sessão pelo seu amigo o sr. Moraes Carvalho, e acabara de ouvir dizer ao sr. relator que esse sr. deputado fôra contradictorio, porque, ao passo que condemnava o projecto, sustentava a necessidade de se sair do estado actual. Não lhe parecia que n'isto houvesse contradicção.
Podia haver necessidade de se sair do estado actual, e não votar um projecto que ha de ser prejudicial para o thesouro e ser a desgraça d'aquella industria; havia necessidade do sair do estado actual, mas não era para o monopolio por conta do estado.
E admirava-se que, tendo o partido progressista como titulo de gloria o haver decretado o systema da liberdade do tabaco, viesse hoje propôr a régie.
Tambem o sr. relator dissera que o sr. Moraes Carvalho se pronunciara contra o monopolio da fabricação do tabaco, mas que não tinha duvida em o acceitar, se juntamente houvesse o monopolio da venda e da importação; parecia-lhe que o sr. deputado dissera que o monopolio ainda seria possivel quando augmentasse os creditos do thesouro; agora o que s. exa. condemnára fôra que, se estabelecesse o monopolio sómente para a fabricação e não para a venda e para a importação.
Disse que não podia deixar de notar a ausencia do sr. presidente do conselho, porque a sua presença era muito necessaria n'esta discussão.
Queria ver s. exa. sustentar por coherencia politíca, os principios e doutrinas que advogara no principio da actual sessão legislativa, quando dissera que, como chefe do gabinete, tinha ingerencia em todas as pastas, e queria ver ainda como s. exa. respondia ao acervo de illegalidades, de contradicções e de incoherencias praticadas pelo governo na quentão dos tabacos. Desejava que s. exa. estivesse presente para dizer á camara quaes os motivos, ou o jogo
de interesses, que transformaram n'uma impossibilidade a liberdade dos tabacos e que fizeram com que se chegasse ao estado de ninguem saber o que ha e o que se passa a respeito de uma tal questão.
Tratando de tal questão o sou primeiro dever era apresentar a proposta que o anno passado apresentara e que é a seguinte:
«A camara, reconhecendo que só do aperfeiçoamento do regimen da liberdade de industria dos tabacos poderão resultar vantagens reaes para as finanças publicas, para as classes dos manipuladores e revendedores, e para os consumidores, continua na ordem do dia. = Arroyo.»
Ainda lhe parecia quo era esta a questão que hoje se devia estabelecer.
Fez a historia do que se tem passado com este governo, a respeito da questão dos tabacos, entendendo que o procedimento do governo tem sido incorrecto e prejudicial aos interesses publicos.
Alludiu ás dissidencias que tem havido no gabinete por causa d'esta questão, e sentiu que o sr. ministro da fazenda preferisse continuar a estar no governo a sustentar as suas primitivas idéas, que eram as do monopolio a uma companhia.
Um homem de elevada estatura, como era o sr. ministro da fazenda, não devia curvar-se, ou submetter se á vontade despotica de outros, e quando não podesse fazer vingar as suas idéas, a sua obrigação era abandonar o poder.
Depois de outras considerações, como desse a hora, pediu para continuar o seu discurso na sessão de ámanhã.
(O discurso será publicado em appendice a esta sessão, quando s exa. o restituir)
O sr Presidente: - A ordem do dia para ámanhã é a que estava dada.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas da tarde.

Redactor = Rodrigues Cordeiro.