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Qualquer que seja a resolução, que nós tomemos agora, é tardia, é peior que a mesma resolução tomada ha um anno (apoiados). É este o mal inevitavel por culpa do sr. ministro (apoiados).

Mas eu não quero fazer questão politica, não peço que se vote censura ao sr. ministro, como elle podia merecer; mas peço em nome do interesse do paiz que se evite o mal que pôde ainda evitar-se (apoiados).

Cumpra-se a lei, tome o governo conta do monopolio com caracter provisorio (apoiados). Não se altere a legislação, não se alterem os preços, não se altere nada. Isto é facil, facilimo, só o não faz quem não quer, todos o sabem fazer (muitos apoiados). Depois estude-se (apoiados), depois inquira-se para se resolver definitivamente (apoiados). Não se resolva antes de estudar e inquerir séria e largamente (apoiados).

Examinemos a questão como cumpre e deve ser examinada, formulemos as nossas opiniões em resultado de estudo e exame cuidadoso, vejamos então o que o interesse publico exige (apoiados). Ponhamos de lado todas as preoccupações partidarias (apoiados), porque não ha aqui lema de bandeira de nenhum partido (apoiados), ha um grande interesse publico a defender e garantir (apoiados).

É isto o que se deve fazer. Se não se fizer, se o projecto for adoptado, cedo virá o dia em que o erro será reconhecido (apoiados), mas difficil e tardio virá o remedio (apoiados).

A lacuna ha de ser grande, enorme nos cofres do thesouro (apoiados); o imposto será chamado a preenche-la (apoiados); virá o imposto sobre o alimento, sobre o vestuario, sobre a habitação (apoiados); virá esse supprir o deficit do imposto do tabaco (apoiados).

Os homens que se sentam d'este lado da camara foram por largo tempo apodados de tributadores. Lançaram nos essa pecha em rosto. Conderanaram-nos ás gemonias da impopularidade... (Vozes: — Muito bem.) por uma phrase nobre e corajosamente escripta pelo meu illustre amigo, o sr. Fontes, em um notavel relatorio publicado em 1852. Dizia elle — o povo pôde e deve pagar mais.

Nem como opposição, nem como governo nos envergonhámos nunca d'esta phrase (apoiados repetidos do lado esquerdo). Nem como opposição, nem como governo a re negámos nunca (muitos apoiados do lado esquerdo).

O partido historico respondia então—o povo não pôde nem deve pagar mais. E preciso fazer economias, aproveitar as receitas sem aggravar o imposto. Era esse o thema do partido historico (Apoiados. — Vozes: — É verdade.)

Vieram ao poder e tributaram sem relatorio (apoiados repetidos). O relatorio estava feito antecipadamente pelo sr. Fontes (apoiados); os projectos fizéramos os nossos successores (apoiados).

Mais tarde fomos nós ao poder, e tributámos tambem. Tinhamos dito na opposição que era preciso tributar, que haviamos de tributar; fomos ao poder; tributámos. Podem as nossas convicções não estar muito longe das da maioria, pelo que respeita a principios politicos; mas é profunda a differença de conducta politica (apoiados).

O paiz pagou mais, e pagando provou que a phrase do relatorio do sr. Fontes era verdadeira (apoiados). O paiz está hoje pagando milhares de contos mais do que pagava em 1852 (apoiados).-

Mas quando nos atacaram pela phrase, quando apontaram para ella, escondiam a segunda parte da proposição.

A phrase tinha complemento; a lealdade pedia que não se escondesse (apoiados).

O sr. Fontes tinha dito: no povo pôde e deve pagar mais para os grandes melhoramentos, que hão de acrescentar o seu bem estar (apoiados). O povo pôde e deve pagar mais como o cultivador paga a semente que lança á terra, e de que ha de tirar larga colheita (apoiados). Tributámos em 1860. As leis tributarias de 1860 tinham tambem um complemento (apoiados). Eram os caminhos de ferro onde corre já a locomotiva (apoiados).

O sr. Fontes disse: «O povo pôde pagar mais». O povo respondeu pagando. Devia pagar e pagou, para o seu engrandecimento, para a sua regeneração economica (apoiados). Não devia, não quer pagar para as tentativas imprudentes do governo e para as condescendencias apaixonadas da maioria (muitos e repetidos apoiados do lado esquerdo).

Não recuámos diante do imposto da civilisação. Recusámos tenazmente o imposto da imprevidencia (apoiados).

Tenho concluido.

Vozes: — Muito bem, muito bem.

(O orador foi comprimentado por muitos srs. deputados de ambos os lados da camara.)