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ções consideremos o estado verdadeiramente assustador em que nos achamos. E este estado é o precursor de uma crise horrivel. Que o digam os Srs. Deputados das Provincias, SS. Exas. bem sabem o que por lá vai. Acordemos portanto; acordemos, em quanto é tempo. Oxalá que depois, quando quizermos remediar o mal, não seja já tarde. Concluo votando ainda mais uma voz contra o Projecto em discussão: e estou certo que a Camara, por dignidade sua e honra do partido que representa, não dará o seu assentimento a uma Lei que seria o presagio de grandes calamidades, que arremessariam ao abysmo o Throno, as Instituições, e a Liberdade da Nação.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado teve tempo e até liberdade excessiva para lêr, e recitar o que quiz contra os Srs. Ministros actuaes - teve tempo, e liderdade para lêr e dizer o que quiz a favor de um dos ultimos Srs. Ministros; mas não teve, nem podia ter liberdade para fazer allusões ao Augusto Chefe do Estado (Apoiados). Foi essa a primeira razão, porque chamei o illustre Deputado á ordem; e porque além disso o que estava em discussão, era a Lei da Liberdade de Imprensa, e não os serviços deste ou daquelle individuo (Muitos apoiados) chamei-o tambem á questão.

O Sr. Ministro da Fazenda: - Sr. Presidente, eu pedi a palavra sobre a ordem, porque depois do que disse o Orador, que acabou do fallar, a Camara me fará a justiça de acreditar, que eu não podia ficar silencioso sobre a parte, em que o mesmo illustre Deputado esteve fóra da ordem, porque esteve fóra da discussão do objecto de que se tracta (Apoiados).

Sr. Presidente, depois da declaração franca, que eu aqui fiz, haverá 8 ou 10 dias por parte do Governo, quando o Sr. Assis de Carvalho, sem descer a declarações tão positivas, como o fez agora o illustre Deputado, dizendo que o Governo pela sua Politica e pelos seus actos queria levar o Paiz a um abysmo: eu devia ser tractado pelo illustre Deputado com mais consideração; porque nessa occasião convidei os illustres Deputados a entrarem francamente nesta questão; pedi-lhes que fizessem as accusações que tivessem a fazer contra a Politica do Governo, e segundo as fórmas do Regimento procurassem uma occasião propria para se entrar nessa questão, porque o Governo, longe de fugir della, muito desejava que ella fosse tractada convenientemente. Se quizerem, que o Governo responda a certos e determinados pontos, façam uma Interpellação, porque elle responderá.

Mas, Sr. Presidente, eu não posso ficar aqui, porque o illustre Deputado disse, que este Ministerio era o resultado de um tecido de intrigas, e produziu, como argumento desta asserção, que o Ministerio antecedente caíu na presença de uma Maioria parlamentar. Sr. Presidente, explicações a este respeito devem ser explicitas. Eu não estou aqui respondendo a artigos de Jornaes; eu não despreso nem os Jornaes, nem os Jornalistas; reconheço que na Imprensa Periodica está um fóco de eloquencia, mas quero evitar-lhe os desvios; respeita pois mais a Imprensa, quem lhe quer evitar os desvios, do que aquelles que desejam que elles continuem (Apoiados); mas volto á questão.

Sr. Presidente, eu não estou aqui respondendo a artigos de Jornaes; é á Administração que nos precedeu, a quem compete dar os motivos porque caíu; a esta Administração não pertence responder por esses factos, pelos quaes não é responsavel: responde só pelo seu proprio programma: mas a prova, de que a queda do Ministerio transacto não foi resultado de um tecido de intrigas, é que os Membros dessa Administração vieram incorporar-se na Maioria, e aqui estão apoiando a Administração (Apoiados).

Disse o illustre Deputado: - Foi demittido o homem que mais serviços tem feito a este Paiz, e a quem deveis essas cadeiras - Sem entrar agora na propriedade com que esta questão foi aqui trazida, o que já muito bem foi notado por V. Exa., com tudo devo dizer, que não serei eu, que queira diminuir a importancia dos serviços do Marechal Saldanha, porque S. Exa. sabe, que eu sou o primeiro a dar testemunho da consideração profunda, e do respeito que tenho por elle e pelos seus serviços; mas que se diria do Ministerio actual, se consentisse deixar-se enxovalhar da maneira porque o foi pelo Sr. Duque de Saldanha, depois da publicação de um Folheto que mandou publicar, o que hoje é do dominio publico, sem que fizesse sentir a sua desapprovação? Fosse quem fosse o homem que assim escrevesse contra o Governo e contra os Membros do Corpo Legislativo, fosse qual fosse a sua jerarchia, o Governo ou havia de stygmatisar esses factos, ou largar o Poder no mesmo instante; isto era questão de existencia, ou não existencia da Administração. Se obrasse de outra maneira, havia dizer-se della, que era fraca com os fortes, e forte com os fracos.

Sr. Presidente, foi com o maior desprazer, que os Membros do Governo se viram obrigados a obrar da maneira que obraram: e agora, Sr. Presidente, farei uma declaração á Camara o ao Paiz, porque é necessario que tudo se saiba. Quando esse officio do Marechal Saldanha chegou ás mãos do Governo, ainda por uma carta do Sr. Ministro da Guerra, escripta com a urbanidade e côrtesia que é propria do meu collega, e que todos lhe reconhecem, se lhe pedia, que retirasse o Officio; mas como se havia de retirar esse Officio, se elle tinha sido impresso e distribuido, antes de chegar ao seu destino?

Eu pela minha parte declaro que não tenho o menor empenho em estar nestas cadeiras (do Ministerio); porque foi com o maior de todos os sacrificios que entrei para o Ministerio; mas de certo não o largarei nem com deshonra para mim, nem com comprometimento do Paiz; não digo mais nada.

Tambem se disse, que o Governo, pelos seus actos, tinha a animadversão de todo o Paiz; que o Governo é olhado pelas Provincias com animadversão; mas, Sr. Presidente, a verdade é que o Governo tem recebido dos homens das Provincias, que interessam na manutenção da ordem publica, e que são homens pecuniosos, as maiores provas de adhesão á sua Politica.

Tambem se disse: - O Governo tem lançado a scisão no partido Cartista " Isto maravilhou-me!

Este Governo, Sr. Presidente, não é Governo de nenhum partido, é o Governo do Paiz; e eu não sei porque o nobre Deputado venha aqui dizer, que o Governo está mettendo a scisão no partido Cartista, e que não é o Governo do Paiz: nós somos o Governo do Paiz, e por consequencia fazemos justiça a todos: se se nos apresentar algum Cartista carregado de serviços, e que os tenha feito ainda na ultima lucta, mas se for criminoso, póde ter a certeza que