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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

fizesse com a directriz constante da planta que acompanhava o requerimento da companhia, e do pedir que fosse adoptada uma directriz que partisse de Braga, já o digno ministro das obras publicas nos tinha dito, muito terminantemente, (e confesso que foi com desprazer nosso que lh'o ouvimos, nós os que pretendiamos a directriz a partir do Famalicão) que esta ou outra qualquer concessão que com esta entendesse era inconveniente, e por isso impussivel, sem que prevíamente se estudem ambas as directrizes que se propõem, para ligar entre si as provincias do Minho e Traz os Montes; por isso a commissão representante da associação commercial de Braga, nada fez, nada influiu n'este negocio, salvo se é fazer alguma cousa o fazer o que estava deliberado o feito. A commissão chegou tarde, ou antes, foi s. ex.ª o sr. ministro das obras publicas que deliberou cedo. (Vozes: — Muito bem.)

Tambem não serei eu quem vá arrancar da mão protectora do sr. conde de Bertiandos a honra dos seus constituintes. (Riso.) Nem a honra nem o pasquim que n'ella lhe vejo. S. ex.ª apresentou-se mui honrosamente! (Riso.) Trouxe comsigo a honra dos seus eleitores, que está realmente bem entregue, a sua que ninguem lhe contesta e eu lhe reconheço, e a honra do nobre ministro das obras publicas, em nome e em bem da qual diz que levantou aqui esta edificante questão. (Riso.)

Não me arrojarei a acompanhar s. ex.ª no honroso campo em que soube collocar-se; felicito-o e passo adiante, ao principal motivo por que pedi a palavra a v. ex.ª e á camara.

Pedi-lh'a para apoiar, bem assignaladamente, s. ex.ª o sr. conde de Bertiando, quando em um dos seus momentos de feliz e, justa inspiração confrontou esta camara com uma praça publica.

É, sim, sr. presidente. Uma assembléa em que um dos seus membros se levanta com um pasquim na mão, sem menção de typographia, anonyino, e por isso espurio de responsabilidade, que reconhece que e um abuso, mas que faz obra por esse abuso, que lhe dá os fôros de authentico, de legal e serio, que o cobre com as immunidades de deputado, para com elle e por elle se dirigir a um ministro, essa assembléa, sr. presidente, é effectivamente uma praça publica.

(Sussurro.)

É uma praça publica, sr. presidente, mas quem não tem direito de assim a alcunhar é quem lhe imprimo esse caracter, (Apoiados.) é quem lhe imprimo essa feição; (Apoiados.) e quem lhe imprimo esse caracter e essa feição é o sr. deputado conde de Bertiandos. (Apoiados. — Vozes: — Muito bem.) Foi s. ex.ª que proferiu a sua propria condemuação. (Apoiados.)

Tudo isto, que não o assumpto da carta, explica plenamente a magna da camara, que s. ex.ª chegou a notar. (Apoiados.)

Disse s. ex.ª que a carta veiu publicada em um jornal. Pois entre os dois elementos de publicidade s. ex.ª fez bem decidir-se pelo pasquim.

O sr. Francisco de Albuquerque: - V. ex.ª desconfia que a carta fosse publicada no jornal?

O Orador: — Não desconfio, admiro a opção entre o jornal e o pasquim; mas eu creio que o sr. deputado conde de Bertiandos não pediu o auxilio do sr. deputado Francisco de Albuquerque para o ajudar a defender.

O sr. Francisco de Albuquerque: — Eu não preciso que o sr. conde de Bertiandos ou alguem me chame a fallar. Hei de fallar quando entender que o devo fazer.

Vozes: — Ordem, ordem. Peça a palavra.

(Susurro.)

O Orador: — Eu peco aos illustres deputados que deixem fallar e eu ouvir s. ex.ª As suas interrupções são-me agradaveis, longo de me incommodarem. S. ex.ª está um pouco excitado, mostra que é, irascivel, é como eu.

Eu quando disse que me parecia que o sr. conde de Bertiandos não tinha chamado o illustre deputado para tomar-lhe a defeza, é porque estava capacitado de que o sr. conde não está nas condições do cego a quem se quebrou o instrumento e mandou o moço adiante com descantes, continuando no peditorio. (Riso. — Vozes: Muito bem.)

Termino aqui e peço a v. ex.ª que me reservo a palavra, para o caso de me ser preciso fazer uso d'ella depois de fallar o sr. conde de Bertiandos.

Vozes: — Muito bem.

O sr. Antunes Guerreiro: — Sr. presidente, quando entrei na sala acabava de fallar o sr. Jeronymo Pimentel, e não sei portanto o que se passou; mas como se tratava do prolongamento do caminho de ferro do Porto á Povoa até Chaves, negocio em que com a melhor vontade andei envolvido com mais alguns srs. deputados, não podia oximir-me a tomar a palavra para explicar á camara o que se passou, bem como a minha posição a similhante respeito.

Não tenho absolutamente nada com a carta do sr. Jeronymo Pimentel, nem com o que se tem passado a respeito d'ella; o que me compete, para varrer a minha testada, é explicar o que se passou, restabelecendo a verdade dos factos. Ignoro os motivos que levantaram tanta poeira n'esta casa, mas sejam quaes forem, declaro-me estranho a elles, para ficar na posição em que estou, desde o seu principio, collocado n'esta questão.

Sr. presidente, em outubro de 1877 foi o sr. Barros e Cunha, então ministro das obras publicas, ao Porto. N'essa occasião, a companhia do caminho de ferro do Porto á Povoa convidou a ex.ª para um passeio n'aquelle caminho de ferro.

Eu, que estava, então no Porto, acompanhei com muitos outros cavalheiros o sr. Barros e Cunha, e conversando-se na vantagem das linhas de via reduzia no interior do paiz, s. ex.ª lembrou por essa occasião a grande conveniencia que resultaria para o paiz em geral, e para a provincia de Traz os Montes especialmente, da prolongação d'aquelle caminho de ferro até Chaves.

Note v. ex.ª e note a camara que foi o sr. Barros e Cunha quem fez esta indicação.

A direcção do caminho de ferro do Porto á Povoa, aproveitando a lembrança de s. ex.ª, apresentou pouco depois ao ministerio das obras publicas uma memoria no sentido de pedir a concessão da prolongação d'aquelle caminho até Chaves e de um ramal de Chaves á Regua a entroncar no caminho de ferro do Douro. Seguidamente a cidade, de Braga levantou-se com meetings o representações em sentido contrario, pedindo não só que não fosse feita aquella concessão, mas tambem que o governo mandasse construir um caminho de ferro de Braga a Chaves, pelo valle do Cavado. Como a camara sabe, os povos, a quem interessava a, linha que a companhia do caminho de ferro do Porto á Povoa pretendia construir, levantaram-se tambem como um só homem dirigindo as suas representações ao governo em auxilio da direcção d'naquella companhia, e a camara municipal, o corpo commercial, a associação dos artistas e os habitantes do concelho de Chaves representaram tambem no mesmo sentido.

E eu confesso que exultei de prazer quando vi que aquelles povos, associações e municipios, com a melhor vontade e por impulso proprio representavam ao governo pedindo a concessão, por me parecer que tantas representações produziriam impressão favoravel no espirito do ministro.

Vim para Lisboa, e aqui, conjunctamente com outros srs. deputados igualmente interessados na realisação de tão grandes melhoramentos, fomos em commissão ao nobre presidente do conselho pedir-lhe que removesse todas as difficuldades e obstaculos que, se oppozessem á concessão pedida pela companhia.

Tratou-nos s. ex.ª com a maior urbanidade, deu-nos as melhores esperanças, mas é claro que não podia satisfazer a nossa anciedade e desideratum, pela maneira e prompti-