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1338 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

14, 16, 18 e 20 do corrente mez, por motivo justificado.- Dr. Oliveira Valle. Para a secretaria.

O sr. Presidente: - O sr. Arrojo pediu para ser publicada no Diario do governo a representação da associação dos manipuladores do tabaco do Porto, que s. exa. mandou hontem para a mesa.
Consulto a camara.
Foi permittida a publicação.
O sr. Manuel José Vieira: - Mando para a mesa um projecto de lei, relativo á cultura de canna de assucar no districto do Funchal. As rasões que o justificam, acham-se desenvolvidas no relatório que o acompanha, e por isso me abstenho de de novo, as reproduzir.
Vae assignado pelos meus collegas nesta casa, que commigo representámos especialmente o districto do Funchal, bem como por outro nosso distincto collega, que, igualmente conhecedor das circumstancias do mesmo districto, se dignou honrar com a sua assignatura o projecto que apresento.
Peço a v. exa. lhe mande dar o expediente que o regulamento prescreve.
Dispenso-me de ler o relatório, e leio apenas o projecto, que é o seguinte:
(Leu.)
Ficou para segunda leitura.
O sr. Visconde de Silves: - Mando para a mesa um projecto de lei, auctorisando a camara municipal de Faro a desviar do fundo de viação a quantia de 1:000$000 réis em cada um dos annos de 1887, 1888, 1889, 1890, 1891 e 1892, para applicar á conclusão dos paços do concelho.
(Leu.)
Ficou para segunda leitura.
O sr. Júlio de Vilhena: - Mando para a mesa um projecto de lei, isentando de contribuição de registo a herança de José Ribeiro Cardoso, legada á misericordia de Vouzella.
(Leu.)
Ficou para segunda leitura.
O sr. Antonio Candido: - Disse que se celebrava hoje o jubileu de Sua Magestade a Rainha de Inglaterra, Imperatriz das Índias.
As grandes virtudes d'esta senhora, que, ha cincoenta annos, governa a nação ingleza, recebiam n'este dia a universal homenagem de justiça e de amor, a que ellas têem segurissimo direito.
Está relacionada, por laços de sangue, á familia real portugueza; a Inglaterra é nossa amiga e alliada desde muito. Por estas rasões, propunha que a camara consignasse na acta um voto de congratulação á augusta soberana que, entre as adorações dos seus subditos e os respeitos de todo o mundo, vê passar hoje o ultimo dia do glorioso cincoentenario do seu reinado.
A Rainha Victoria é uma das mais bellas figuras d'este seculo. N'este seculo, em que tantas instituições têem baqueado, em que têem caido tantas dynastias, em que tão vigorosas formas de poder se têem desfeito, ella tem sabido conservar sempre o seu immenso prestigio, tem podido manter a sua influencia moral e política, tem logrado avivar, de dia para dia, o lustre e o esmalte do seu nome de princeza.
N'estes ultimos cincoenta annos a Inglaterra tem feito grandes cousas. No interior, uma enorme revolução economica; na politica internacional, a expansão, cada vez maior, do seu dominio, com fortuna desigual, é certo, mas sempre com gloria e com honra.
De uma e de outra ordem de factos acrescenta o orador, resáe sempre a bella e profunda significação da historia ingleza, isto é, aquella admiravel harmonia, nunca desmentida, das causas do egoismo nacional com os grandes interesses da civilisação humana.
Isto não é, não póde ser, o simples resultado de uma influencia individual; isto só póde ser produzido pela força impulsiva da raça, educada e disciplinada por uma grande tradição. Mas só pela ignorancia das causas e dos factos, que constituem a causalidade positiva da historia, é que póde deixar de attribuir-se á Rainha Victoria grande parte nos successos e nas fortunas do povo inglez. É alem d'isto, que é incontestavel e que é incontestado, fica bem, fica admiravelmente ao aspecto moral da Inglaterra, frio e grave, o perfil feminino, delicado e correcto, dessa senhora, que, ao mesmo tempo que tem continuado virilmente as tradições da política ingleza, tem sabido inspirar a formosissima lenda do seu coração de mulher, do seu coração de esposa e de viuva, lenda de poesia e de virtude, lenda sympathica, verdadeiramente adoravel!
E isto não é sem valor; na vida dos individuos, como na existencia das nações, é preciso, é indispensavel o idealismo exaltado do coração e do espirito...
A esta hora a graciosa Rainha atravessa as das de Londres, num cortejo maravilhoso, formado por Principes da Europa e do Oriente. Ha pouco, o velho Imperador da Allemanha recebia em Berlim as saudações de todos os estados civilisados, e, como uma grande figura de outro tempo, superior e solemne, presidia a uma assembléa, como raras vezes se tem visto no mundo. Vae realisar-se, dentro de pouco tempo, o jubileu de Leão XIII, e o veneravel Pontifice, que tanto tem querido consolar a consciencia e pacificar as nações, receberá no Vaticano, por essa occasião, os vivos testemunhos da sympathia, da admiração e do respeito que tem inspirado universalmente.
Estes factos, disse, concluindo, o orador, encerram uma grande lição. Provam que o espirito humano é cada vez mais justo, reconhecendo e premiando o valor eminente, onde quer que elle existe, e, o que mais é, mostram a reconciliação, cada vez maior, da tradição com a liberdade, tendem a pacificar a politica, que já não póde ser revolucionaria, e annunciam um fim de seculo, que será mais tranquillo e mais feliz do que se esperava.
Termina pedindo que seja considerada urgente a proposta que mandou para a mesa.
(Extracto revisto pelo orador.)
(Será publicado o discurso, quando s. exa, o restituir.)
Leu-se na mesa a seguinte

Proposta

Proponho que se consigne na acta um voto de respeitosa felicitação a Sua Magestade a Rainha da Gran-Bretanha pelo cincoentanario da sua elevação ao throno, e ao povo inglez, que hoje commemora, com as preclaras virtudes da soberana, meio seculo de gloriosa prosperidade nacional . = Antonio Candido.
Sendo declarada urgente entrou em discussão.

O sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros (Barros Gomes): - Sr. presidente, cumpro um dever gostoso associando-me, em nome do governo, às palavras eloquentemente proferidas e mais nobremente sentidas, do orador que me precedeu, o sr. Antonio Candido Ribeiro da Costa.
São antigas as relações de amisade, que prendem os dois paizes e as duas dynastias. Essas relações vão buscar a sua rasão de ser, e a sua raiz, por assim dizer, a alguns dos factos culminantes da historia deste paiz. E se, em um caso ou outro, os interesses diversos, e por vezes em collisão, têem podido trazer difficuldades, e crear attritos, é certo que nos seus traços geraes, nas suas grandes linhas, a harmonia e a confiança tem sido constantes entre o governo da Gran-Bretanha e o governo de Portugal. Nestas circumstancias, o povo portuguez toma parte, e experimenta satisfação com todos aquelles acontecimentos, que significam e denotam a prosperidade, a grandeza, o desenvolvimento nacional do povo da Gran-Bretanha, e principalmente se affectam de modo directo á soberana, que durante