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SESSÃO DE 7 DE ABRIL DE 1886 839

(Continuando a leitura.) «e não para fazer interesses.»
Continuem a ouvir a resposta da associação dos artistas vimarenenses á falla da sua auctoridade administrativa.
(Lendo) «como a defeza da honra e da dignidade da nossa terra, indignamente ultrajada e a salvaguarda das franquias e garantias liberaes de que nos despojam. Por isso nos lançámos no conflicto com a energia verdadeiramente indomavel, que v. exa. justamente admira, porque prezâmos acima de tudo a nossa honra, porque prezâmos acima de tudo a nossa honra, porque amâmos a liberdade e porque não queremos que a gloriosa historia da nossa querida terra seja manchada com a nodoa d'um servilismo ignobil e de uma ainda mais ignobil indifferença perante os ultrajes que lhe têem sido arremessados.»
(Interrompendo a leitura.) Como em Guimarães estão bem esclarecidos, tranquillos e prudentemente dirigidos os animos! E ha quem pense que para Guimarães esta questão não passa de capricho e rancor!
Pois não são bem claros estes periodos que acabei de ler?
Querem ouvir outro do mesmo tom que vem no officio do administrador do concelho de Guimarães.
(Lendo.) «Coube-me por sorte...»
(Interrompendo a leitura.) Não diz se boa ou má; creio porém que ha de ser boa e até grande. (Riso.)
(Continuando a leitura.) «Coube-me por sorte administrar tão brioso povo, talvez n'um dos periodos mais difficeis que modernamente tenha atravessado. Não posso deixar de tornar bem publico que tenho admirado a energia verdadeiramente indomavel e ao mesmo tempo erdeira como tem sabido pugnar pela realisação da sua causa.»
Estes dois documentos foram, sem duvida, redigidos pela mesma penna!
E depois ainda mandam publical-os; e em que jornal? No jornal que mais conhecido é em todas as povoações do norte e lido por toda aquella gente!
Vejam v. exas. como o administrador do concelho espera a solução concebida ou emprehendida pelo sr. presidente do conselho de ministros! Vejam como a auctoridade se dobra diante da nobre cidade de Guimarães!
E quer o sr. presidente do conselho de ministros que nós esperemos!
Pois bem. Teremos por s. exa. a attenção que não têem tido os seus delegados; esperaremos. Até quando? Deus o sabe.
Pergunto porém ao sr. presidente do conselho de ministros se entende que este conflicto entre as cidades de Braga e Guimarães foi a fonte perenne de prospriedades para o concelho de Guimarães, a aurora do reinado de Astrêa.
Se s. exa. entende que estas palavras foram imprudentes, pergunto que tenciona o sr. ministro do reino fazer para corrigir taes demasias na imprensa praticadas, ou auctorisadas, ou recommendadas e solicitadas pelos seus delegados.
Rasão teve o sr. Guilherme de Abreu, este meu honrado amigo, o venerando decano dos parlamentares do districto de braga, sempre e para todos leal, (Apoiados) para affirmar o triumpho extraordinario da cidade de Guimarães, victoria que é uma afronta para a cidade de Braga.
Pois que? Guimarães ainda n'este mesmo officio da associação dos artistas vimaranenses, insiste, com severidade de accusador, em tornar Braga responsavel pelo que fizeram duzentos ou trezentos homens desconhecidos! Pois com a mesma rasão os de Braga podem dizer que os Guimarães mandaram esses duzentos homens a Braga provocar o conflito e injuriar os procuradores de Guimarães, para indispôr assim o paiz contra a capital do Minho.
O sr. Azevedo Castello Branco: - Isso não é exacto.
O Orador: - Tanta rasão ha para esta conjectura como para se suspeitar que a cidade de Braga injuriou a de Guimarães. Ambas são conjecturas inverosimeis; é certo. Mas Braga nunca affirmou a conjectura desfavoravel para Guimarães; e Guimarães ainda agora, ao receber das tremulas mãos do sr. presidente do conselho de ministros a corôa dos louros triumphaes, está a insistir na conjectura desfovoravel para Braga.
Não é exacto que Guimarães haja promovido por uma insidia o lamentavel conflicto a que me refiro; mas tambem não é exacto que a Braga pertença a responsabilidade de Ter promovido ou tolerado as causas d'esse conflicto; nem esse mesmo conflito provocou; antes fez as mais dignas diligencias para evital-o.
Agora, sr. presidente do conselho de ministros, vamos até ao conselho de Alijó, se nos deixar chegar lá o administrador do conselho que v. exa. lá tem.
N'um jornal d'esta cidade e de hoje encontro, transcripta de um jornal de Villa Real, a seguinte extraordinaria noticia:
«Segundo lêmos no Districto de Villa Real o sr. Nobrega, administrador de Alijó, acaba de praticar um acto de inqualificavel despotismo.
«Estavam pronunciados sem fiança dois irmãos, Manuel Augusto Sampaio e Manuel Domingos Sampaio. Este ultimo, porém, tem a felicidade de ser favorito do administrador. O sr. Nobrega mandou Manuel Augusto para a cadeia; e encarregou Manuel Domingos de ir dar os sentimentos á mulher do preso.
«Esta veiu logo a casa do administrador, supplicando-lhe que a deixasse fallar ao marido. Foi-lhe isso recusado; e entretanto o administrador andava passeiando pela villa com Manuel Domingos. Este chegou a Ter vergonha de similhante procedimento, e espontaneamente se quis constituir preso; mas o sr. Nobrega não lh'o consentiu, dizendo-lhe que havia de ir para a cadeia quando elle o mandasse!»
Ao sr. presidente do conselho de ministros, peço me diga immediata e categoricamente se tem noticia d'este facto; e, no caso de tel-a, se é verdadeira em todas estas extraordinarias e repugnantes circumstancias.
O sr. Conde de Villa Real: - É falso, como são falsos todos os factos de que trata o jornal.
O orador: - Quem ouvir v. exa. n'essa geral negativa e formal accusação, contra o jornal que publicou esta noticia, póde suspeitar de que alguma cousa ha de verdade.
(Interrupção.)
V. exa. é muitissimo digno de tomar o logar de presidente do conselho de ministro; mas não o occupa ainda. Como deputado, v. exa. não tem a auctoridade que tenho o direito de invocar aqui, a primeira que deve acudir á minha invocação.(Muitos Apoiados)
A sua auctoridade pessoal é muita, principalmente para quem o conheces e tem relações com v. exa. (Apoiados.) Mas, Deus nos livre, de que essa actoridade seja invocada n'esta casa a qualquer de nós; porque, se v. exa. entendo que a sua auctoridade póde ser aqui discutida, v. exa. dá a esta camara o direito de pol-a em duvida.
Isto não póde ser. (Apoiados.)
Deixe v. exa. que me responda o sr. presidente do conselho de ministros, o unico que tem a sufficiente auctoridade para dar-me a resposta que peço e de que preciso.
É claro que estas reflexões excluem o caso de v. exa. poder exhibir documentos comprovativos da sua asserção. (Vozes - Muito bem.)
Como deputado, não posso contentar-me com a declaração de v. exa.; e continuo a dirigir-me ao sr. ministro responsavel.
Pergunto ao sr. presidente do conselho de ministros se tem noticia d'este facto; e, se isto é verdade, que providencias tenciona adoptar.
Compromette-se o sr. presidente do conselho de ministros