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Por deliberação da camara dos senhores deputados, tomada em sessão de 27 de março corrente, se publicam os seguintes documentos

(Continuado do numero antecedente)

Documento n.° 4

Ministerio do reino — Secretaria geral — 2.ª Repartição. — Por decreto de Sua Magestade de 15 de dezembro de 1856 — Sua Magestade El-Rei, attendendo aos relevantes serviços que o patrão da falua da torre de S. Lourenço da Barra, Joaquim Lopes, tivera occasião de prestar para o salvamento da tripulação da escuna ingleza Primrose, que naufragara no dia 16 de fevereiro de 1856 á entrada do porto de Lisboa; e querendo dar um publico testemunho do apreço em que tem este acto generoso e humanitario, praticado debaixo de immenso perigo e com distincto denodo e coragem: ha por bem, annuindo á proposta do ministro e secretario d'estado dos negocios das obras publicas, commercio e industria, fazer mercê ao mencionado maritimo da medalha de prata, para distincção e premio concedido ao merito, philanthropia e generosidade.

Pelo que ordena ás auctoridades, a quem o conhecimento d'este diploma pertencer, que o cumpram e guardem como n'elle se contém, deixando o agraciado usar livremente da mencionada medalha de distincção.

Não pagou direitos de mercê nem de sêllo por os não dever.

E para sua salva e guarda se lhe passou a presente portaria, que vae sellada com o sêllo das armas reaes.

Paço, em 18 de dezembro de 1856. = J. G. da Silva Sanches.

Documento n.º S

Real sociedade humanitaria instituida no Porto a 15 de abril de 1852, para a salvação de pessoas em naufragios, nas costas ao norte e sul da barra do Perto desde Caminha até Aveiro inclusivè, e no rio Douro; e em epidemias, incendios, inundações, e outras similhantes calamidades, que sobrevierem n'esta cidade e suas immediações; debaixo da protecção de Suas Magestades Fidelissimas El-Rei o Senhor D. Pedro V e El-Rei o Senhor D. Fernando. Presidente perpetuo Sua Alteza o Serenissimo Senhor Infante D. Luiz, Duque do Porto, e vice-presidente nato s. ex.ª o bispo do Porto. Na sessão da direcção de 7 de abril de 1857, sendo presidente o commendador Manuel de Clamouse Browne:

Foi resolvido unanimemente que o corajoso e humano comportamento de Joaquim Lopes, patrão da falua do Bogio em Paço de Arcos (já nomeado socio honorario d'esta instituição, por um igual acto de dedicação), salvando a nado no dia 27 de março de 1856 mm tomem que se adiava debaixo de uma canoa, que a braveza do mar virara, e retirando-o de tão imminente perigo com os sentidos perdidos, tornou digne o dito Joaquim Lopes da medalha de merito de 2.ª classe, com que esta real sociedade premia os actos de abnegação e generosidade, praticados para salvação do proximo, e que lhe é solemnemente entregue hoje na cidade do Porto, em sessão plena de 19 de abril de 1857. E eu, Eduardo Moser, 1:° secretario da real sociedade humanitaria, a subscrevi e assignei. = Antonio, bispo do Porto, vice-presidente = O presidente da direcção, Manuel de Clamouse Browne = Barão de Massarellos, vice-presidente = E. Moser, 1.° secretario = Antonio Augusto Soares de Sousa Cirne = O conselheiro, Placido Antonio da Cunha e Abreu = José Maria Rebello Valente.

N.° 68 — Reg. = Moser, secretario.

Documento n.º 6

Marine Imperiale — Le ministre secretaire d'etat au département de la marine et des coloiaies. — Certifie que, par un décret en date du 19 Janvier 1859, l'Empereur a décerné une médaille d'homneur en argent au Sª Joachim Lopez, patron de barque portugaise, pour avoir sauvé, le 16 novembre 1858, l'équipage du brick la Stephanie, de St Malo.

París, le 8 mars 1859. = Par le ministre, le directeur de l'administration, Rouffio.

Documento n.° 7

Centro promotor — N.° 13 — Ill.mo sr. — Sendo presentes ao centro promotor, pelo seu digno associado, o sr. Francisco Augusto Nogueira da Silva, os importantes e inexcediveis serviços prestados por v. s.ª em beneficio da humanidade nos arriscados lances em que muitos nacionaes e estrangeiros se têem encontrado quando impellidos a sulcar as aguas do mar; e querendo o centro dar um testemunho assas significativo do apreço em que tem similhantes serviços, resolveu em sessão de assembléa geral de 23 do corrente:

1.° Que, por concessão de v. s.ª, se collocasse o seu retrato n'uma das salas do centro;

2.° Que esta inauguração tivesse logar em sessão especial;

3.° Que para singularisar mais os elevados dotes de valor e de humanidade que v. s.ª possue, fosse por acclamação considerado socio do centro;

4.ª Que ao remetter o respectivo diploma, a mesa participasse a v. s.ª, que a sua admissão havia sido apoiada enthusiasticamente pela assembléa.

Cumprindo-me portanto transmittir a v. s.ª a deliberação da assembléa geral do centro promotor, permitta v. s.ª que da minha parte ajunte tambem que é com indizível satisfação que desempenho este dever.

Deus guarde a v. s.ª Sala das sessões do centro promotor dos melhoramentos das classes laboriosas, 28 de maio de 1859. — Ill.mo sr. Joaquim Lopes, digno patrão da falua do Bugio. = O secretario, José Antonio Vias.

Documento n.° 8

Attendendo aos distinctos serviços que Joaquim Lopes, patrão do escaler Salva Vidas do arsenal da marinha, ultimamente prestou, no salvamento da tripulação do brigue, hespanhol Achilles, naufragado na barra de Lisboa, havendo já em outras occasiões feito iguaes serviços em soccorro de muitos naufragos, sempre com reconhecido valor e humanidade: hei por bem fazer mercê ao mencionado Joaquim Lopes de o nomear cavalleiro da antiga e muito nobre ordem da Torre e Espada do valor, lealdade e merito.

O ministro e secretario d'estado dos negocios do reino assim o tenha entendido e faça executar. Paço de Caxias, em 3 de março de 1862. = REI. = Anselmo José Braamcamp. (Diario de Lisboa n.°, 93, de 1862.) Documento n.° 9

El ministro de marina — Don Juan de Zavala y de la Puente. — Por cuanto Don Joaquin Lopez, patron del salva-vidas português Paço d'Arcos, ha sido condecorado por real resolucion de 15 de marzo de 1862, con la medalla de oro creada por reales ordenes de 15 de abril y 13 de noviembre de 1858, por el humanitario ausilio que presto con evidente esposicion de su vida á los tripulantes dei bergantin español Aquiles, en ocasion dei naufragio de este buque en la embocadura dei rio Tejo el dia 19 de febrero dei corriente ano: ha venido la Reina Doña Isabel II en mandar que se le expida el presente diploma para que pueda usar la expresada condecoracion.

Dado en Madrid, el dia 5 de abril de 1862. — Zavala.

Documento n.° 10

Ill.mo sr. administrador do concelho. — Diz Joaquim Lopes, patrão da falua do serviço da torre de S. Lourenço da Barra, que elle precisa que v. s.ª lhe atteste, de maneira que faça fé, em como no dia 27 de março ultimo, pelas seis horas da tarde, fóra elle supplicante quem salvara a Joaquim Lopes, homem de uma canoa que serve as moletas de pesca, que demandam o porto de Paço de Arcos, que tendo-se soltado esta de quilha para o ar, em consequencia do grande mar que n'esse dia havia, ficára debaixo d'ella? a não ser a grande coragem e resolução do supplicante que, lançando-se ao mar fia muralha do caes da Saude, pôde conseguir tira-lo debaixo d'ella, a quem nunca mais largou, não obstante ter sido por algumas vezes arremessado pelas ondas aos (rochedos da praia da Sardinha, com perigo imminente de sua vida; e a não ser este acto de heroismo teria aquelle desgraçado perecido nas ondas; e portanto pede a v. s.ª que assim lhe atteste — E. R. M.ce — Paço de Arcos, 26 de dezembro de 1856. = Joaquim Lopes, patrão.

José Hyppolito de Almeida administrador do concelho de Oeiras, por Sua Magestade El-Rei, que Deus guarde, etc.

Attesto que me consta, por pessoas fidedignas do logar de Paço de Arcos, ser verdade tudo quanto o supplicante Joaquim Lopes, patrão da falua do serviço da torre de S. Lourenço da Barra, expõe em seu requerimento.

E para constar, e me ser pedido, mandei passar o presente, que assigno.

Administração do concelho de Oeiras, 30 de dezembro de 1856. = José Hyppolito de Almeida. (Continua.)