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APPENDICE Á SESSÃO DE 5 DE JULHO DE 1890 1066-G

O sr. Mattozo Santos: - Peço a v. exa. que consulte a camara sobre se permitte que seja publicada no Diario do governo a representação que hontem mandei para a mesa contra o addicional de 6 por cento. Não fiz hontem este pedido por não me ter chegado a palavra antes da ordem do dia.

E, visto que fallei do projecto do addicional, aproveito o ensejo para agradecer ao sr. ministro da fazenda as palavras amaveis que me dirigiu, as quaes, posto as tenha por injustas, na parte em que se referem á minha competencia e aos recursos de que posso dispôr. (Não apoiados.) nem por isso me lisongeiam menos nem menos sinceramente as agradeço. Considera-os, em parte, illusões da sua boa amisade, a qual muitissimo aprecio, em parte, resultado de se impôr a justiça da causa que defendia.

Sem querer transportar para este momento a discussão de assumpto pendente na ordem do dia, não posso deixar de dizer, que a resposta do sr. ministro da fazenda me não satisfez.

Ou por deficiencia minha, ou por menos boa interpretação de s. exa., ou por outra qualquer causa, o sr. ministro da fazenda mostrou não ter entendido muitos dos meus argumentos, nem ter bem attingido o alcance das minhas afirmações.

É certo que s. exa. fallando de muita cousa, fazendo muitas accusações e tambem muitas confissões nem tentou mostrar a necessidade do addicional, necessidade que eu principalmente mostrára não existir.

Mas repito, não desejo deslocar as questões; e ha um assumpto para mim de subida importancia ao qual principalmente desejo referir-me.

A ultima vez, e póde dizer-se a unica, que nesta sessão fallei em assumptos financeiros, procurando quanto sabia e podia combater o que eu creio, e todos vem, se deduz do relatorio de fazenda contra a administração progressista, deixei transparecer bem visivelmente a minha admiração sincera e profunda pelo homem que n'essa situação geriu por mais tempo a pasta da fazenda. Se não dei mais extensa e claramente largas ao meu sentir foi porque sabendo todos as minhas intimas relações de amisade com aquelle estadista, receiei fossem as minhas palavras havidas como inspiradas pela amisade e não ditadas pela justiça; como filhas de outro sentimento que não fosse uma profunda convicção.

Receiei, sr. presidente, que o meu enthusiasmo se julgasse suspeito e isso attenuasse o valor das minhas affirmações.

Hoje, esses motivos de melindre desappareceram completamente. Desde que o illustre parlamentar e meu amigo, o sr. Carrilho, veio hontem juntar aqui a sua admiração pela gerencia do sr. Marianno de Carvalho á admiração confessada pelo sr. ministro da fazenda no seu relatório, já não tenho motivos para retrahimentos. (Apoiados.)

A auctoridade que a taes demonstrações dão a situação do sr. ministro da fazenda e a posição burocratica do sr. Carrilho, cuja competencia em assumptos financeiros ninguem contesta, (Apoiados.) garante-me que não corro o risco de se descontarem exageros de amigo nas verdades que eu disser a respeito do sr. Marianno de Carvalho. Por isso me empraso a provar a esta camara quanto foi realmente brilhante a administração d'aquelle estadista; e tão brilhante, que offusca, cega até, por vezes, aquelles que olham para ella e depois a querem apreciar.

Não ultimou infelizmente a sua obra, é verdade, mas no esboço que deixou, a animadversão, a paixão politica e mesmo sentimentos de outra ordem, que me affirmam existem, mas que eu não conheço e por isso duvido d'elles, podem achar a confusão, a desordem, o desalinho; a consciencia, porém, affirmam, até aos que assim dizem pensar, que se sente em tudo o dedo do gigante.

O nome de Marianno de Carvalho, não só no restricto ambito do nosso pequeno paiz, mas em qualquer paiz do mundo, seria glorificado como jornalista, como parlamentar e como homem do estado. (Apoiados.)

Ahi fica o emprasamento que a mim mesmo faço. Não posso n'este momento v. exa. comprehende-o decerto, e a camara achar-me-ha rasão, suffocar em citações numericas, esmagar sob montanhas de cifras a expansão que emfim me é permittido dar aos meus sentimentos pelo homem publico, sentimentos que não acrescentam, mas tornam respeitosa, a minha amisade por Marianno de Carvalho.

Vozes: - Muito bem.

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