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Vesse muito tempo; e isto não só pelas difficuldades que haviam de apparecer, porém, mesmo porque a indole do systema constitucional, e muito principalmente nesta época em que nos achamos, os ministros não estão longo tempo no poder. S. ex.ª podia tambem ter ensaiado o seu systema, e esse systema não agradar ao seu successor, e por conseguinte não se poderem tirar d'elle os resultados proficuos que esperava.

Quanto a dizer-se que só certas medidas é que poderiam fazer subir os fundos, não sei realmente o que este ministerio tem feito; mas o que sei, é que em outro tempo os nossos fundos estavam mais baixos do que o estão hoje, e isto acontece apesar de se intentar e apregoar por toda a parte, que o actual ministro da fazenda destroe o credito, desbarata tudo, ataca certos estabelecimentos, falla á fé dos contractos, ele. E pergunto eu, não haverá n'isto alguma confusão ou algum sofisma? Eu não quero dizer nada de injurioso, e até me não refiro ao illustre deputado.

O sr. si vila: — Ainda que referisse, a palavra não tem nada de injuriosa.

O Orador: — Pois não haverá nisto nenhum sofisma? Intendo que este resultado prova o contrario, porque os fundos lá fóra estão mais altos do que o estavam quando entrei para a administração; por conseguinte os fundos não se tem resentido na proporção da reducção do juro e da emissão dependente da ultima capitalisação; as operações da thesouraria são feitas com juros mais equitativos do que se faziam antes. Onde está, pois, a perda do credito?... Será porque o Stock Exchange nos fechou as suas portas?... Pois a declaração de Stoch-Exchang não é o effeito do desgraçado procedimento de alguns portuguezes na praça de Londres?... ('Apoiados)

Sr. presidente, o illustre deputado e a camara, avaliam de certo as grandes difficuldades que o governo encontra dentro e fóra do paiz, para poder realisar certos fundos, e a maior parte dessas difficuldades que o governo tem encontrado, nascem do procedimento do banco, e d'alguns portuguezes, que instigados por esse estabelecimento, têem tractado de desacreditar o governo. O procedimento destes homens tem sido uma alavanca politica contra o governo; (Apoiados) e o illustre deputado,] e todos os srs. deputados sabem que onde entra a politica, entra a paixão um pouco desarasoada, e nestas circumstancias nunca as cousas podem ser consideradas e resolvidas convenientemente. Isto é exacto, e então para que se diz que o governo está em descredito, e que este descredito provém das medidas, propriamente financeiras do governo? Provém, sr. presidente, d'outras causas. Póde muito bem ser que eu não esteja raciocinando bem, mas parece-me que esta é que é a verdade. (Vozes: — Deu a hora). Ouço dizer que deu a hora, e então peço a v. ex. que me reserve a palavra para a seguinte sessão.

O sr. Presidente: — Devo previnir a camara que o sr. ministro da fazenda não póde amanhã assistir á sessão...

O sr. Ministro da Fazenda: — Acabo de receber um aviso do sr. presidente, em que me diz que sou indispensavel amanhã na outra camara para discutir, e assim creio que não ha inconveniente que a palavra se me reserve para a sessão seguinte.

O sr. Presidente: — Em consequencia disto a ordem do dia para amanhã, será depois do expediente, trabalhos em commissões. Está levantada a sessão. — Eram quatro horas da tarde.

O redactor

José de Castro Freire de Macedo.