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APPENDICE Á SESSÃO DE 8 DE JULHO DE 1890 1102-C

têem a pretensão de ser os mestres de nós todos, e a velleidade de que só elles procedem bem. Como desejo andar sempre pelo bom caminho, vou procurar aquelle, que é talhado pelos palinuros que se dizem mais experimentados.

E note v. exa., que o sr. Baracho não combatia o lançamento de novos impostos, combatia apenas factos já consumados, isto é, o orçamento rectificado.

Se, quando o illustre deputado era opposição, o governo do meu partido apresentasse aqui medidas tão vexatorias e tão iniquas, que de sessões não levaria s. exa. a verberar tão inqualificavel procedimento?!

A impaciencia dos meus illustres collegas da maioria não se justifica, porque eu apenas fallo ha tres sessões com esta, num assumpto de tal magnitude.

Muitos de s. exas. vêem pela primeira vez á camara e não sabem as proezas, que aqui praticaram os que hoje se sentam nas cadeiras de ministros. (Apoiados.)

Não se indignem portanto, porque eu estou desempenhando uma missão patriotica.

Aponto estes factos, para que os meus collegas vejam que não estou desempenhando um papel que ainda não tivesse sido desempenhado pelos amigos de s. exas.

Em resposta ao sr. Baracho disse eu na sessão nocturna de 9 de junho de 1888, em que tive a honra de usar da palavra, o seguinte:

«Sr. presidente, são tão vastos os assumptos dos dois discursos, a que me tenho referido, dos srs. Avellar Machado e Dantas Baracho, que a sua materia está compendiada em tão grande numero de volumes, que constituiria uma verdadeira bibliotheca.

«Não houve assumpto da vasta sciencia militar em que s. exas. não tocassem.

«Não houve ponto por mais secundário ou insignificante que fosse, a que s. exas. se não referissem.

«Vê v. exa., sr. presidente, e vê a camara, por estas simples e breves palavras, qual a dificuldade em que me encontro para responder aos extensissimos discursos dos meus illustres amigos e distinctos collegas, e por isso tenho de resumir tanto quanto possivel as minhas considerações, satisfazendo a um dever, que me é imposto pela minha consciencia, pelo logar que occupo nesta casa e pela honra que tenho de ser um humilde membro do exercito portuguez.

«Sr. presidente, para me justificar perante v. exa., perante a camara e perante o paiz, de não dar uma resposta cabal e completa aos dois discursos que começaram ha uns poucos de dias e tiveram o seu termo ha poucas horas, no fim da sessão diurna, vou provar que a discussão do orçamento rectificado tem tido um desenvolvimento acima de tudo quanto se podia esperar e como não ha memória na historia do nosso parlamento.

«Este anno fica-nos exemplo para tudo e os que se seguirem de nada terão que se admirar.»

Ahi tem a camara como se procedia.

Querem saber os meus illustres collegas quantas sessões tinham decorrido desde o começo da discussão do orçamento rectificado, quando eu respondia ao meu sympathico amigo e distincto collega o sr. Baracho? Dezesete; ao passo que, nos annos anteriores aquelle documento fôra discutido em uma ou duas sessões.

Note-se, que o projecto em discussão é muito mais importante no meu modo de entender de que o orçamento rectificado.

Não comprehendo o que lucra o governo com toda esta pressa. (Apoiados.) Isto já não vae a vapor, vae em balão. (Riso.)

O governo não tenha pressa, deixe as discussões correrem com a placidez necessaria, para que todos os pontos fiquem bem esclarecidos.

Diz o governo e dizem os seus amigos que os impostos são provenientes das exageradas despezas que foram feitas pelo governo progressista; digo eu e dizem os meus amigos que não é exacto o que s. exas. affirmam.

N'estas circumstancias parecia racional darmos um largo desenvolvimento a este debate, para se apurar quem tem rasão.

A pressa com que o governo está, leva-nos a crer, que não póde rebater os argumentos esmagadores que lhe apresentâmos.

Estas cousas devem fazer-se com vagar, estudo e reflexão e não sobre o joelho.

O sr. ministro da fazenda deseja que este projecto seja approvado com a rapidez com que s. exa. architectou o seu plano financeiro. Não pude ser. Deixe discutir, que o paiz fará justiça a quem a tiver.

Ora, sr. presidente, como ia dizendo, em 1888 tinham-se consumido, quando eu respondi ao sr. Baracho, dezesete sessões na discussão do orçamento rectificado, e agora estranham s. exas., que a opposição progressista demore algumas sessões na discussão de um projecto como este!

Sr. presidente, então tratava-se do orçamento rectificado, tratava-se de saber o que o governo tinha gasto, agora trata-se de tirar a pelle ao contribuinte com um novo imposto, não para fazer face a despezas justificadas e urgentes, mas para gastar com os amigos!

E esta a rasão por que combato o projecto actual, é por que sou verdadeiro patriota, assim como não o combateria se o governo, tendo entrado no verdadeiro caminho das economias, viesse pedir um imposto util, proveitoso e necessario para os interesses do meu paiz.

Eu sei, que s. exas. se estão incommodando com o meu discurso, mas tenham paciencia.

Quando nós eramos maioria, s. exas. fallavam emquanto queriam, cediam ao seu temperamento e deixavam-se arrebatar, chegando muitas vezes a dizer inconveniencias e noa tudo ouviamos e supportavamos, com bastante custo é verdade, mas não os provocavamos.

Se um ou outro dos meus amigos mais insoffrido se incommodava com as palavras da opposição, os ministros impunham a sua auctoridade para evitar conflictos, mas agora succede o contrario; quando falla alguém da opposição, sem offender a maioria, mas criticando apenas os factos, s. exas. incommodam-se, estão impacientes, e nervosos!

Pois tenham paciencia!

Eu hei de dizer o que entendo ser justo, sabendo todavia que não evitarei a votação dos 6 por cento. Se eu podesse evitava este escandalo á custa do meu sangue.

Era esse o meu ideal, o meu desideratum!

Os illustres deputados da maioria creio que são muito affectos ao governo; e custa-lhes muito ver que nós não tratâmos o governo com o carinho com que desejavam que elle fosse tratado. (Riso.)

V. exas. queriam que nós dissessemos amens a tudo quanto o governo faz, queriam que o governo continuasse a praticar toda a sorte de escandalos, e nós ainda por cima lhe mandassemos um doce a casa.

Tenham paciencia; resignem-se, que foi o que nos aconteceu. Nós temos tido uma conducta tão benovola para com o governo, que o paiz está admirado da nossa cordura e da nossa moderação perante os attentados que este governo tem praticado, e depois do que nos fizeram na opposição os homens, que hoje são ministros, é difficil explicar procedimento tão benevolo da nossa parte. Declaro em meu nome unicamente, que hei de fazer a este governo toda a guerra que poder, porque nunca vi quem mais a merecesse.

No emtanto hei de ver se não commetto as inconveniências que vi commetter aos homens, que hoje são ministros. Hei de ter muita cautela quando fallar d'estes logares, porque não quero partir carteiras, e nem eu nem os meus amigos queremos seguir o exemplo do sr. ministro da fazenda