SESSÃO DE 17 DE ABRIL DE 1882

Presidencia do exmo. sr. Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa

Secretarios - os srs.
Francisco Augusto Florido da Mouta e Vasconcellos
Augusto Cesar Ferreira de Mesquita

SUMMARIO

Apresentação de representações, requerimentos e projectos de lei - Na ordem do dia continua a discussão do projecto n.° 122, ácerca do centenario do marquez de Pombal, tendo a palavra os srs. Rodrigues da Costa, ministio do Reino, Dias Ferreira, Luciano Cordeiro, Navarro, presidente do conselho, Cunha Bellem, Alberto Pimentel, Elias Garcia, Fuschini, que apresentou um additamento, e Luiz de Lencastre, que apresentou uma, moção O projecto foi approvado, sendo-o tambem o additamento, e a moção.

Abertura - Ás duas horas da tarde.

Presentes - 53 srs. deputados.

Presentes á abertura da sessão os srs.: - Abilio Lobo, Sousa Cavalheiro, Lopes Vieira, Agostinho Lúcio, Agostinho Fevereiro, Alberto Pimentel, Sarrea Prado, Azevedo Castello Branco, A. J. d'Avila, Antonio Maria de Carvalho, Santos Viegas, Pinto de Magalhães, Ferreira de Mesquita, Fonseca Coutinho, Augusto do Castilho, Zeferino Rodrigues, Castro e Solla, Caetano de Carvalho, Sanches de Castro, Conde de Thomar, Borja, Mouta e Vasconcellos, Coelho e Campos, Gomes Barbosa, Correia Arouca, Freitas e Oliveira, Jeronymo Osorio, Franco Frazão, Rodrigues da Costa, Ribeiro dos Santos, Sousa Machado, J. A. Gonçalves, J. A. Neves, Ponces de Carvalho, J. J. Alves, Amorim Novaes, Avellar Machado, Borges de Faria, Pereira dos Santos, Figueiredo Mascarenhas, José de Saldanha (D.), Luciano Cordeiro, Luiz de Lencastre, Luiz Palmeirim, Bivar, Luiz da Camara (D.), Correia de Oliveira, Guedes Bacellar, Miguel Tudella, Pedro Martins, Barbosa Centeno, Dantas Baracho e Visconde de Balsemão.

Entraram durante a sessão os srs.: - Adolpho Pimentel, Moraes Carvalho, Sousa e Silva, Gonçalves Crespo, A. J. Teixeira, Cunha Bellem, Mello Ganhado, Pereira Carrilho, Seguier, Potsch, Fuschini, Saraiva de Carvalho, Trajano de Oliveira, Barão de Ramalho, Brito Côrte Real, Conde do Sobral, Cypriano Jardim, Emygdio Navarro, Eugenio de Azevedo, Wanzeller, Hermenegildo da Palma, Silveira da Motta, Illydio do Valle, Jayme da Costa Pinto, J. A. Pinto, Scarnichia, Ferrão Castello Branco, José Bernardino, Dias Ferreira, Elias Garcia, José Frederico, José Luciano, Ferreira Freire, J. M. Borges, Vaz Monteiro, Pereira de Mello, Pinto Leite, Lopo Vaz, Malheiro, Gonçalves de Freitas, Manuel d'Assumpção, M. J. Vieira, Mariano de Carvalho, Guimarães Camões, Miguel Dantas, Miguel Candido, Pedro Correia, Tito de Carvalho, Visconde de Porto Formoso, Visconde de Reguengos e Visconde da Ribeira Brava.

Não compareceram á sessão os srs.: - Pereira Côrte Real, Ignacio da Fonseca, Pereira Leite, Conde da Foz, Diogo de Macedo, Pinto Basto, Estevão de Oliveira Junior, Filippe de Carvalho, Firmino Lopes, Vieira das Neves, Gomes Teixeira, Francisco Patricio, Guilherme de Abreu, Brandão e Albuquerque, Ferreira Braga, Rosa Araujo, Figueiredo de Faria, Teixeira de Queiroz, J. M. dos Santos, Sousa Monteiro, Rocha Peixoto, Silva e Matta, Aralla e Costa, M. P. Guedes, Pinheiro Chagas, Vicente da Graça, Marçal Pacheco, Pedro Franco, Pedro Roberto e Visconde de Alentem.

Acta - Approvada.

EXPEDIENTE

Officio

Do ministerio dos negocios estrangeiros, enviando alguns documentos relativos á emigração portugueza para as ilhas Sandwich.

Á secretaria.

SEGUNDAS LEITURAS

Projecto de lei

Senhores. - Honram-se a si proprias as nações cultas quando se mostram solicitas em acatar a virtude e premiar o merito; esta solicitude em galardoar dignamente os homens que por qualquer fórma lograram imprimir um vigoroso impulso ao progresso da humanidade é o mais seguro criterio da civilisação de um povo.

Nenhum premio é demasiado para recompensar aquelles que o desejo e enthusiasmo de novas descobertas estimula e incita a irem jornadear largamente pelos sertões de Africa com o generoso intuito de patentearem novos horisontes á geograplua e accumularem novos e preciosissimos thesouros às sciencias physicas e naturaes.

Entre estes incansaveis e benemeritos exploradores, que têem feito á sua patria o serviço relevante de lhe associarem o nome ao das nações mais empenhadas no conhecimento scientifico do continente africano, nenhum póde haver mais digno e meritorio do que José de Anchieta, que ha dezeseis annos procura quasi sem intermissão os territorios da provincia do Angola em fructuosas excursões principalmente zoologicas.

A existencia aventurosa e as longas peregrinações d'este nosso portuguez durante um tão extenso lapso de tempo poderiam, sem exaggeração, pôr-se em parallelo com a vida errante e as perigosas expedições dos mais fervorosos missionarios n'aquelles tempos em que as terras novamente descobertas eram mais procuradas como gleba onde lançar a semente da fé christã do que como amplissimo theatro aos descobrimentos da sciencia.

É a mesma abnegação, o mesmo sacrificio das mais simples e modestas commodidades, a mesma serena impavidez para affrontar os perigos eminentes, o mesmo menosprezo da vida, o mesmo viver nas selvas e descampados, a mesma austeridade e abstinencia, o mesmo a si proprio esquecer-se e descurar-se para não ver mais do que o cumprimento de uma voluntaria, mas irresistivel abnegação, o mesmo enthusiasmo que vem fortalecer o animo que desmaia e desdobrar as forças quando parecem desfallecer.

Não é a cobiça que conduz e aguilhoa o viajante e o consola dos trabalhos das jornadas com o prospecto das riquezas, como as que só busca as terras africanas para volver á patria na opulencia; não é a gloria que o incita, porque não vale o sacrificio dos annos florentes consumidos nos desertos africanos; é o enthusiasmo de uma idéa, é como que o fervor de uma religião; porque a sciencia tambem tem os seus apostolos e inscreve muitas victimas no seu martyrologico.

Basta enumerar os territorios por onde se têem dilatado as excursões de José de Anchieta, basta commemorar o peculio copioso de exemplares da fauna africana com que tem enriquecido o nosso museu nacional, basta citar a honrosa consideração com que o seu nome é hoje havido entre os zoologos mais illustres e que mais trabalham e se distinguem na sciencia, para aquilatar na justa medida os meritos e serviços do animoso e indefeso explorador.

José de Anchieta partiu de Lisboa em julho de 1866.

Principiou as suas explorações zoologicas em agosto d'aquelle anno, percorrendo successivamente os territorios de Benguella, os Dombes, Catumbela e Mossamedes.

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