APPENDICE Á SESSÃO DE 9 DE JULHO DE 1890 1036-E
estava condemnado a ficar por concluir como as obras de Santa Engracia. (Riso.)
Este melhoramento custou dinheiro, é verdade, mas é preciso attender á receita que elle já produz e ha de produzir mais ainda; porque quando se abre á exploração uma via de commnicação não começa logo a produzir o que ha de produzir mais tarde.
O rendimento é primeiro diminuto e depois vae crescendo á medida que o commercio se desenvolve.
Ainda que a receita do caminho de ferro do Algarve não dê hoje para o pagamento da garantia de juro do capital empregado ha de dar mais tarde e os resultados que se esperam, hão de compensar bem os sacrificios que o paiz hoje faz.
Auctorisou a construcção da ligação directa da linha do sul com a do Algarve, em Beja.
Ordenou a inauguração das pontes internacionaes do Minho e Agueda.
Tudo isto augmenta, é verdade, a despeza, mas são melhoramentos que aproveitam ao paiz. (Apoiados.)
Concluiu o caminho de ferro do Minho e Douro. Creio que todos concordam na grandissima utilidade que d'aqui resulta. (apoiados.)
Concluiu o ramal da alfandega do Porto.
Creou a repartição dos caminhos de ferro.
A creação d'este serviço, que não existia, é de uma grande importancia. Esta repartição está muitissimo bem montada e á tosta d'ella está um cavalheiro competentissimo e a quem todos que o conhecem tributam a maior consideração, refiro-me ao sr. Perfeito de Magalhães. (Apoiados.)
Fez o regulamento das circumscripções hydraulicas.
Mandou fazer o prolongamento da avenida da ponte de D. Luiz I no Porto, até á esfacelo central da mesma cidade.
Concluiu, a linha ferrea de Mirandella.
Parece-me, que esta linha foi inaugurada quando o fallecido Rei D. Luiz foi em visita ás provincias do norte. Os povos estão immensamente satisfeitos e bemdizem o ministro que contribuiu para a conclusão de tão importante melhoramento.
Ordenou a construcção da linha ferrea a Cintra, Torres Vedras e Figueira da Foz.
Determinou novas clausulas e condições geraes para empreitadas.
Publicou o regulamento para as arrematações de obras publicas.
Ordenou a construcção de uma nova ponte sobre o Tejo, na linha ferrea de leste.
Ordenou o assentamento da dupla via na linha de leste entre Lisboa e o Entroncamento.
Todos sabem, que o assentamento da dupla via é uma das obrigações da companhia, mas até agora nenhum ministro teve coragem nem energia necessaria para obrigar a companhia a cumprir esta clausula do seu contrato, o assentamento da segunda linha até ao Porto.
Seria bom, que o collega de s. exa., o sr. Arouca, fizesse ao menos este serviço ao paiz.
O sr. Arouca ainda não trouxe um projecto, nem para estradas, nem para caminhos de ferro, nem para melhorar as condições da agricultura, nem para cousa alguma; apenas creio que foi um eximio fazedor de eleições. Eximio, é um modo de dizer, porque creio que as difficuldades que o governo tem encontrado são devidas ao sr. Arouca, e ainda ha de encontrar mais.
Portanto o sr. Arouca nem ao menos foi um soffrivel fazedor de eleições. Ainda se fosse o sr. Lopo Vaz, esse faria alguma cousa, porque é mestre segundo dizem; mas o sr. Frederico Arouca, esse borrou a pintura! (Riso.)
Mas eu noto uma cousa, e é que s. exa. continúa no mesmo caminho. O sr. Lopo Vaz fez muito mal em se entregar nas mãos do seu collega das obras publicas, porque lhe estragou tudo.
E isto não é indifferente para o projecto que estou discutindo, porque eu tenho ouvido dizer aos melhores estadistas: «Dêem-me boa politica, que eu vos darei boas finanças». E os ministros dão-nos má politica e por consequencia más finanças. (Apoiados.)
Esta era a theoria do sr. Fontes, mas esta theoria, como todas as d'aquelle illustre estadista, estão revogadas pelo sr. Franco Castello Branco.
Portanto, não estranhem que eu misture politica com as finanças, porque as difficuldades com que s. exa. estão luctundo são devidas á detestavel politica que têem feito; politica de vinganças, de perseguições, a ponto de terem concitado odios como no tempo de D. Miguel.
E tanto assim é, que o Economista francez diz, que devido aos processos do sr. ministro da fazenda 6 que os nossos fundos desceram e que as obrigações do ultimo emprestimo não tiveram cotação.
Portanto, já vêem que n'este projecto não póde deixar de se misturar a politica com as finanças, porque ellas andam intimamente ligadas. E tanto isto é verdade, que o sr. relator é que nos arrastou para este campo, pois s. exa. entendeu que não podia defender este projecto sem fazer a historia politica dos dois partidos.
O sr. Franco Castello Branco não imagina como eu gosto de o ver com esse ar risonho. Parece-me que s. exa. seguiu o meu conselho tomando o brometo do potassio, tanto que até está hoje mais bonito e mais guapo. (Riso.)
S. exa. ou tomou o remedio que eu lho aconselhei ou deixou os nervos em casa. (Riso.)
Assim é que eu gosto de o ver.
Abandone os ares carrancudos que o tornam muito feio e apresente-se-nos sempre com aspecto jovial, que nos colloca mais á vontade.
S. exas. com o tempo que vão dando ao officio hão do ir aprendendo. (Riso.) Vejam, se no que eu disse tinha ou não rasão. A questão era, não deixar passar a primeira perrice ao sr. ministro da fazenda. (Riso.)
Ainda o sr. ministro da fazenda ha de vir ás boas commigo e fazer o accordo de deixar fallar o sr. Manuel de Arriaga e Luiz Bandeira. Ainda ha de entrar no verdadeiro caminho, ha de agradecer-me e dizer: «Bem dizia o capitão Machado; elle é que tinha rasão». (Riso.)
Estas cousas não se levam com teimosias, dizia s. exa. quando estava d'este lado da camara, e eu inclino-me a acreditar, que esta theoria é a verdadeira. Para governar é preciso geito.
A bruta não se leva nada, deixe s. exa. esses processos para o seu collega das obras publicas, que lhe dá muita honra e gloria.
Não queira s. exa. tamanha honra.
Mas continuemos.
O sr. Emygdio Navarro concluiu e inaugurou as pontes de Entre os Rios e Espozende.
A ponte de Entre os Rios fica na confluencia do Tamega com o Douro. Já por lá passei. Terminam ali tres concelhos, o de Penafiel, Marco de Canavezes e Castello de Paiva. A ponte está collocada n'um sitio admiravel, o panorama é lindissimo e a montanha da margem direita do Douro revestida de arvoredo dá o aspecto mais encantador que conheço.
Aconselho os meus collegas a que vão dar um passeio até ali; não se hão de arrepender, é melhor do que irem passeiar a muitas terras do estrangeiro.
Este obra custou muito dinheiro, é verdade, mas estas cousas não se fazem sem dinheiro.
Reformou o serviço das correios, telegraphos e pharoes.
Toda a gente conhece a importancia d'este serviço, e o sr. Jacinto Candido e outros deputados regeneradores mais de uma vez têem pugnado pela collocação de pharoes nos diversos pontos da nossa costa, onde a navegação offerece mais perigo. É um dever de humanidade illuminar as nos-
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