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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

ferente d'aquella que eu dei e que a commissão me encarregou de fazer n'esta camara, e acrescentei que eu, não só pelo muito respeito e deferencia para com os meus collegas, mas porque tambem me julgava preso por um dever de honra e lealdade, não podia fazer aqui outras revelações e não podia dar outras explicações ou informações alem d'aquellas que dei. Não declarei, nem podia declarar, que os srs. José Luciano e Mariano de Carvalho tambem não seriam capazes de cumprir esse dever de honra e lealdade; o que fiz lei um additamento ao que s. ex.ª fez a meu respeito.

O Orador: — Eu tinha ligado ás palavras do s. ex.ª outro sentido muito differente, e era por isso que queria protestar contra ellas.

Guiado unicamente pelas narrativas que correm no publico, e pelas declarações do sr. Bivar, disse eu que havia trabalhos feitos e concluidos. S. ex.ª diz-me agora que isto não é exacto, que não ha similhantes trabalhos já promptos e acabados.

Ora, eu creio que esta affirmativa não está em harmonia com a narração que s. ex.ª fez á camara ha dias. O sr. Bivar informou ha dias a camara, de que o sr. Mariano de Carvalho linha estudado a questão dos fornecimentos feitos pela firma Ferraz & Choque. (Apoiados.)

Não sei se devo crer o sr. Bivar de hoje, ou o sr. Bivar de hontem. (Apoiados.)

O sr. Bivar: — O sr. Mariano de Carvalho não constitue a commisão; eu entendo que a comniisssâo é um todo collectivo, que se fórma de onze vogaes. Eu declarei que a commissão ou qualquer das sub-commissões não lêem trabalhos para apresentar; que qualquer dos vogaes póde estar habilitado a apresentar o resultado dos seus exames que tinha feito dos documentos. Isto é que eu disse e sustento. Por parte da commissão ou sub-commissões, não ha nenhum trabalho que possa ser apresentado. (Apoiados.)

O Orador: — Permitta-me s. ex.ª que eu ainda insista na sua declaração antiga.

O sr. Mariano de Carvalho, que é um membro da commissão, e que não é toda a commissão, foi á commissão a declarou que já tinha os trabalhos relativos aos fornecimentos da casa Ferraz & Choque. Esta foi a declaração feile pelo sr. Bivar. Muito bem.

Mas a commissão desde o momento em que um dos seus membros tinha já trabalhos promptos relativamente aos fornecimentos da casa Ferraz & Choque, sobre um capitulo, podia examinal-os.

(Interrupção.)

Mas não quiz. Bem.

Unia voz: — A responsabilidade é da commissão.

O Orador: — Eu sei que a responsabilidade é da commissão, mas eu tenho tambem direito e liberdade para poder apreciar o procedimento da commissão como entender. (Apoiados.)

O sr. Eduardo Tavares:- Sem lá estar, e só pelos boatos publicos.

O Orador: — Não é pelos boatos publicos, é pela declaração do sr. Bivar, que ha pouco acabou de fallar.

Eu vou mostrar a v. ex.ª que não faço obra unicamente por aquillo que se diz no publico.

Quando pedi a palavra estava resolvido a fallar com moderação o cordura, sem azedume e sem violencia. A linguagem desabrida e aggressiva, não se casa nem com a minha indole nem com os meus habitos. E declaro a v. ex.ª que se não fosse um dos cavalheiros a que me referi, que está ausente, que me incumbisse de fazer esta declaração em nome d'elle, eu não fallava em similhante assumpto. V. ex.ª sabe que não costumo entrar nos debates irritantes, abstenho-me d'isso cuidadosamente, e de ordinario fallo só em assumptos nos quaes não póde influir o tumultuar das paixões. Quero agora empregar a linguagem mais moderada possivel. Fique-se porém sabendo que não receio os ápartes que se me dirijam, tenho bastante experiencia do parlamento para elles me não assoberbarem.

O sr. Bivar declarou, repito, que um membro da commissão, o sr. Mariano de Carvalho, não toda a comissão, linha trabalhos completos sobre os fornecimentos feitos pela casa Ferraz & Choque. Ora, estando já promptos na opinião do sr. Mariano de Carvalho esses trabalhos, a commissão desde que se fez essa declaração na ultima sessão até hoje já os podia ter examinado.

E se os houvesse examinado, podiam esses trabalhos ter sido apresentados já á camara. (Apoiados.)

Mas diz-me o sr. Bivar: «Não estavam conhecidos os preços de outros fornecimentos, para fazer a comparação com elles; não se conheciam ainda as qualidades dos materiaes, nem se tinha attendido a outras muitas circumstancias a que era necessario attender para se formar um juizo claro do assumpto».

Nós estamos aqui fallando com toda a verdade, estamos fallando diante do povo. Sejamos francos, é esse o nosso dever.

O sr. Mariano de Carvalho era incapaz de dizer — estudei uma materia —, sem a haver estudado madura e profundamente. Ninguém em boa fé poderá aeeusar o sr. Mariano de superficial. É senão que não tem. (Apoiados.)

(Interrupção.)

O sr. Bivar: — Eu referi-me á commissão. A commissão não podia fazer trabalhos sem proceder a essas diligencias, e não sei se o sr. Mariano de Carvalho procedeu a ellas sem ser de combinação com a commissão e sem que as provas fossem produzidas perante ella. A commissão é que ainda não procedeu a essas diligencias.

O Orador: — Quer parecer-me que o sr. Mariano de Carvalho tinha um trabalho feito e prompto, porque lhe conheço muito os dotes, o zêlo e intelligencia que elle costuma empregar sempre nos trabalhos que lhe são confiados. Estou certo que este trabalho seria completo.

O sr. Visconde de Moreira de Rey: — Seria bom perguntar isso a elle.

0 Orador: — A maioria da commissão podia facilmente aprecial-o.

Uma cousa é o trabalho de investigação, e outra é o de exame a estudos já feitos.

É exactamente o que acontece nas differentes commissões d'esta casa. Ha um relator que estuda a questão e depois submette os seus estudos aos seus collegas.

O sr. Van-Zeller: — O digno presidente da commissão, o sr. José de Mello Gouveia, que é insuspeito para o illustre deputado, é quem fez a distribuição dos trabalhos.

O capitulo que diz respeito ao contrato Ferraz & Choque foi destribuido ao sr. Julio de Vilhena, e s. ex.ª ainda não apresentou trabalho algum, e estou certo que se algum dos vogaes tivesse apresentado algum relatorio escripto, esse havia de vir com vista, e eu havia de examinal-o.

Tenho portanto provas que destroem os boatos do publico, boatos que não estão inteiramente de accordo com os factos.

Trabalhos escriptos não ha, mas estudos feitos tambem eu os tenho e não os submetti á commissão.

O Orador: — Foi o sr. Bivar quem disse que o sr. Mariano de Carvalho declarára na commissão que tinha trabalhos promptos a respeito dos fornecimentos feitos pela casa Ferraz & Choque.

O sr. Van-Zeller: — A commissão encarregou esse trabalho ao sr. Julio de Vilhena.

O Orador: — Havia pelo menos mez e meio já decorrido depois de installada a commissão quando entrou para ella o sr. Julio de Vilhena e outros collegas nossos que a ella foram aggregados.

Uma voz: — Mas a distribuição dos trabalhos não foi feita senão depois de serem aggregados outros membros á commissão.

O Orador: — Mas as investigações do sr. Mariano co-

Sessão de 25 de abril do 1878