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1350 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

turo a necessidade publica e instante a que pretendo referir-me ha uma ponte que liga as relações da província da Beira Baixa com a capital do circulo n.° 68, que tenho a honra de representar, e a que acabo de referir-me. E a ponto Pedrinha sobre o Zezere na estrada do Castello Branco á Covilhã.
Esta ponte, que se acha num estado lastimável, tem uma, longa historia, principiada em 1868, e que eu vou contar.
Appareceu no ministerio das obras publicas, a 27 de abril de 1868 uma communicação official expondo que tal meio de passagem entre as duas margens do rio Zezere exigia promptos reparos. O ministro que então geria a pasta respectiva mandou informar a esto respeito. O director de obras publicas confirmou e encareceu o que se affirmára, em relação ao mau estado da, ponte, em data do 8 de maio do mesmo anno.
Apesar d'isso passaram-se cinco annos e não se tomou resolução alguma, esquecendo inteiramente a construcção da ponte Pedrinha.
Um illustre ministro das obras publicas, por occasião de uma excursão á Beira Baixa, em 1873, passou pela ponte Pedrinha, e convidado ,pelos cavalheiros uni- o acompanhavam, apiou-se do seu carro e viu o estado lastimoso em que ella se achava; refiro-me ao exmo. ex-ministro Avelino, cujos altos dotes de espirito e caracter venero ha muitos annos. Mandou s. exa., como então promettêra proceder a estudos para restaurar a ponte em questão. Fez-se um projecto n'esse sentido que o sr. engenheiro Fidié remetteu em 22 de maio de 1875 e que foi presente às estações superiores. A junta consultiva mandou o reformar, com o que o sr. ministro se conformou em 5 de julho de 1870.
Ve-se que já lá vá o sete annos depois que se julgou esta ponte em circunstancia perigosa para o transito.
Um anno depois, em 1876, o engenheiro sr. Lucena elaborou outro projecto, que, segundo penso, seguiu os tramites respectivos, mas não consta que fosse approvado. De novo esqueceu a ponte Pedrinha durante quatro annos.
Em 1880, um outro illustre ministro, cuja perda todos deplorâmos, e mais que nós todos a nação, que n'elle perdeu um dos seus filhos mais prestantes, o sr. Saraiva de Carvalho, mandou a três engenheiros distinctos que se achavam incumbidos de inspeccionar os trabalhos da direcção de obras publicas do districto de Castello Branco que procedessem ao estudo das obras de que nos estamos ocupando e elaborassem um projecto com a brevidade que o caso pedia.
Não poderam os tres, membros da commissão vir a um accordo, emquanto ao local da ponte, e assim, em vez de um projecto, fizeram-se três.
Vê v. exa., portanto, que já temos cinco projectos para a construção da ponte Pedrinha, no período de doze annos, o que certamente é bastante; todavia ainda o não fui, n'este caso, porque a junta consultiva de obras publicas projectou-os todos tres o ministro que os mandára elaborar deixou o poder e um novo periodo de quatro annos teve de passar antes que alguem se lembrasse de mandar fazer um sexto projecto.
Chegou o anno de 1884, e então o engenheiro Serra elaborou um que é o ultimo, o qual for approvado pela junta consultiva, em 22 de dezembro d'aquelle anno. Este portanto unicamente pendente do despacho de s.exa. o actual ministro das obras publicas que com uma palavra póde resolver este problema [...].
Parece que não haverá divida, e que actulamente se realisará uma nova construcção d'aquella ponte, como ha muito reclamam altos interesses publicos.
Tem sido galgado muitas vezes pelo rio Zezere principalmente nas avenidas.
As [...] têem soffrido constantemente, durante as estações do inverno, prolongadas demoras, que summamente prejudicam o commercio, e mais de uma vez têem corrido perigo. são ha muito que dez ou doze pessoas seriam victimas, em occasião de uma cheia do Zezere, se não tivessem o bom senso e precaução de não passar avante emquanto durou o crescimento das aguas, apenas um cavallo, a carruagem e as malas do correio foram victimadas.
Estou certo que, logo que conste este estado de cousas ao sr., ministro das obras publicas, cujo amor pelos melhoramentos maternaes do paiz é reconhecido do todos, e cuja actividade nunca se desmentiu se dará pressa em cortar com a sua espada administrativa este nó gordio que se tem emaranhado desde 1868 isto durante dezesete annos.
Acerca de dois assumptos que se referem ao cargo que tenho a honra de e:.ercer, e sobre os quaes alguma cousa, me parece necessario fazer-se, já para ter em considerarão os árduos serviços dos, chefes da estação telegrapho-postal, já para preparar o futuro da instituição humanitária que se denomina caixa de auxilio de correios e telegraphos, mando para a mesa dois limitados projectos de lei, que farei seguir de outros sobre diversos objectos que respeitam às disposições da lei de 7 de julho de 1880.
Quizera ser mais extenso sobre taes matérias, mas não julgo opportuna a occasião.
Por ultimo ainda desejava chamar a attenção do governo para o estado lastimável em que se encontra o professorado primário, isto é para a falta de pagamento dos respectivos salários, que se nota em alguns districtos, que eu tive a honra de administrar, e donde tenho recebido communicações de vários professores, que se queixam amargamente d'este estado de cousas.

V. exa. sabe que temos 3.000:000 do analphabetos n'uma população de 4.500:000 indivíduos, e que o numero dos professores é limitado. Todos conhecem alem disso a estatística do professorado primário e da frequência das escolas e a relação em que nos achámos com respeito a outros paizes. Se, pois, a esses males acresce ainda um outro, que é consentir-se que esse pequeno numero do professores pereça á mingua, deixando de pagar-se-lhes o seu diminuto ordenado, poderemos asseverar que será impossível conseguir qualquer resultado dos esforços que se empregam para desenvolver a instrucção primaria.
Eu sei que o encarregado deste serviço, o sr. director geral, Amorim, e o próprio sr. ministro, não se têem poupado a esforços como é próprio do reconhecido zelo e saber do primeiro e alta intelligencia do segundo, a fim do que se pregue pontualmente aos professores primários o salario do seu trabalho. Todavia ainda resta a fazer alguma cousa, para que se não repitam as queixas.
A impressa falla, todos os dias do atrazo do pagamento, asseverando até um jornal, muito illustrado e de grande tiragem, que em um districto do reino, se devem reis 8:000$000 aos professores primarios! Veja s. exa. quantas amarguras têem passado estes funcionarios, cujo diminuto ordenado monta a tão pouco, quando estão durante meses sem os ceitis que lhe dão o pão de cada dia.
É necessário, portanto, lançar mão de providencias immediatas para fazer cesar inteiramente este estado lamentável.

Pela minha parte desejava que ao menos 15 dias depois de findo o mez em que se exercessem a sua funcção, se lhes pagassem os seus ordenados, havendo ao mesmo tempo em algumas auctoridaddes a faculdade bastante para obrigar as camaras municipaes que fossem remissas, e que, felizmente, não são muito numerosas, a satisfazer pontualmente este pagamento.
N'este sentido mando um projecto para a mesa um projecto de lei e com elle os outros a que já me referi e que são parcos em palavras, porque têem só um artigo de doutrina, mas parece-me que podem ser tomados em resultados.
Ha alguma classes numerosas de empregados cujos trabalhos árduos devem merecer toda a consideração aos po-