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quero as modificações com que o lado direito nos costuma mimosear, que eu o tenho combatido constantemente. (Apoiados) Quero o meu paiz governado constitucional e liberalmente, e não parcial e faccionariamente. (Apoiados)

Sr. presidente, lia muito quem se admire de que eu approve esta dictadura, exercida pelo ministerio actual. Ha muita gente que deplora a cegueira e obsecação, com que eu corro á minha perdição, e chora por ver a minha popularidade quebrada, abatida, e até acabada, e por ver a declinação desta estrella.

Oh! Sr. presidente, a minha popularidade!... Que é a popularidade?... A popularidade, não sei se a tenho, nem a acceito senão com esta condição: a popularidade é um capital de confiança e estima publica, capital que deve empregar-se no bem do paiz, e no serviço da liberdade. Se essa popularidade que tenho, acabar, acaba n'uma causa que julgo justa, e n'uma alliança que reputo conveniente aos interesses do meu paiz, e do meu partido. (Apoiados)

Sr. presidente, Deus symbolisou no homem todo o seu futuro. Todo o homem tem na consciencia o céo e o inferno. Eu estou no céo.

Já se disse, que eu era um obstaculo perpetuo á salvação e elevação do meu partido, e que se eu não fosse repudiado das fileiras desse partido, as suas victorias seriam obscurecidas, a sua historia manchada; e que se eu não fôra, elle já teria alcançado subir ao poder, e isto porque eu me tinha declarado uma vez pela abdicação. Não quero, sr. presidente, dizer a verdade historica de tudo isto; não quero contar tudo quanto se tem passado; mas parece-me que não póde nem deve ser estranho a um certo homem ter uma certa franqueza. — Pedi a abdicação, é verdade; fallei nella; fiz lauto quanto pude para que ella tivesse logar; tive muitos companheiros neste pedido, e não quero dizer os seus nomes, porque nem todos teem a coragem das suas opiniões...

Mas, sr. presidente, digo, e digo-o com a mão no coração: — na camara passada não havia senão a solução que eu já disse, a solução do negocio que eu já apresentei, que era aquella que satisfazia todas as minhas ambições. Havia no meu partido politico quem suppozesse, que trazer o poder a uns certos individuos mais conjunctos a nós, nos poria em uma posição melhor, n'uma posição mais franca e mais liberal: era uma idéa com que não podia concordar, porque um partido póde por conveniencias politicas dar apoio a um governo que não é seu, mas não tem necessidade de sacrificar a essas conveniencias os seus principaes parentes. Essa posição era violentissima; isso é que nos arruinava e perdia; porque se elles não justificassem as aspirações do seu partido, e se nos dissesse — eis-ahi, partido progressista, toda a força das vossas iniciativas, toda a força dos vossos programmas — que haviamos de fazer? Renegar a nossa familia, ou confessar a nossa desgraça. Não podia ser.

Um governo do nosso partido podia formar-se; era possivel formar se, não nos fallam meios; não nos fallam recursos, não nos fallam talentos; mas agora não julgava em que se lhe désse ingresso no poder; quando lá forem, se o meu apoio é generoso para outros ministros, para as pessoas a quem me refiro não o serei menos. Eu sinceramente digo, que não queria o poder nesta occasião; e sei, e posso dizer dos meus amigos, que o não queriam.

Intenda-se bem: eu nem me defendo a mim, nem defendo os ministros, defendo a liberdade, a justiça, e as conveniencias do paiz; e sou franco; tenho feito toda a minha vida da franqueza um systema; julguei que era o mais commodo; é da minha independencia, é do meu caracter ser franco, mas julgo mesmo que é o meio de viver mais commodo; é aquelle que dá occasião a menos desgostos.

Sr. presidente, que posição podia tomar o partido progressista depois da dissolução da camara passada? — A dissolução fez-se contra o nosso voto, contra a nossa vontade, com censura minha. (Uma voz: — E tom imprevisão sua.) Com imprevisão minha... eu não quero entrar nessa questão; mas não cuidem os srs. ministros que me lograram, não me lograram nesse ponto, nem creio que me teem logrado em nenhum: fez-se, e eu não podia obstar-lhe.

Em que caracter se podia apresentar o partido progressista diante desse facto? O partido progressista podia apresentar-se simplesmente como opposição programmatica, quero dizer, como um partido que não quizesse nem saber das posições do poder, nem do caminho que as cousas levavam, que não se pozesse como obstaculo a nenhuma tendencia dellas, que não fosse partido militante, mas que se limitasse simplesmente a manifestar os seus principios, e a fazer uma certa propaganda delles contando que germinassem para o futuro, e fizessem adeptos, n'uma palavra, que fosse uma igreja doutrinante, uma escóla. Podia constituir-se como uma opposição pertendente, e julgo que essa escolha era deploravel, porque não estava nas condições deste tempo, não estava nas adhesões do partido progressista, nem nas influencias da situação a conveniencia de se constituir nessa posição. Ou podia-se fazer uma opposição auxiliar; esta é que eu penso que é a minha posição — opposição auxiliar — quero dizer uma opposição que concorda com o governo nos pontos em que deve concordar, nos pontos em que são as suas doutrinas, mas medidas que nós temos proclamado, e que sem ligação absolutamente nenhuma nem de interesses nem de vistas, nem de pessoas nem de sympathias, n'um dia pela manhã quite e livre passa para novo campo, passa para o campo onde sempre esteve. Sr. presidente, eu intendo que esta é a nossa situação, e intendo que é a unica situação logica, verdadeira, e decorosa, que é aquella que representa a posição do governo no meio dos partidos, e é aquella que realmente caracterisa e caracterisa com honra a histeria parlamentar deste paiz.

Sr. presidente, que temos nós feito — nós os que sustentámos o poder? Temos sanccionado os principios que lemos proclamado por muito tempo, os principios de economia e administração que sustentámos por muito tempo, e que agora approvamos executados por outros individuos, que não são do nosso partido. E note-se — nós nunca dissemos; eu nunca disse ao meu partido — eis-aqui um governo izento de todas as imperfeições, eis aqui um governo que não tem commettido um só erro, eis-aqui um governo que satisfaz a todas as vossas aspirações, eis-aqui um governo que é a expressão ultima dos vossos desejos, eis-aqui uni governo pelo qual vós deveis padecer e morrer: — não, nunca fiz isso, mas disse-lhe — eis-aqui um governo que não é infesto aos nossos principios, eis-aqui um governo que faz o bem que é possivel fazer, eis-aqui um governo a quem podemos dar apoio sem vergonha, eis-aqui um governo que nos não tem exterminado,