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guem que o não tivesse reconhecido; é verdade todos o tem reconhecido, mas tem-no applicado de diverso modo. Elle lá está, mas todos o querem applicar de diversissima maneira. Sr. presidente, entre estas diversas applicações, uns diziam, venha para o banco, porque é quem tem a posse; outro dizia, vá em deposito para a junta do credito publico, ate que os altos poderes do estado decidam do seu destino; a commissão de fazenda da camara transacta, á qual pertenceram amigos meus — dizia — venha para os possuidores do papel-moeda; e eu disse, venha para o paiz, porque é uma restituição que se lhe faz.

Oh! sr. presidente, eu digo diante de ministros cartista?, e diante do lado direito; que as medidas tomadas a respeito do fundo de amortisação, são um protesto honesto e honroso contra a falsidade dos principios economicos, que dominaram algum tempo neste paiz, durante as primeiras administrações, e depois da restauração da caria; é o reconhecimento das grandes verdades administrativas; é um testemunho rendido tardiamente aos principios, e de que se poderia tirar grandes vantagens, quando aí existia esse grande cumulo de riqueza nacional, que foi desbaratada em virtude do decreto, que mandou vender os bens das corporações religiosa». (Apoiados) isto, sr. presidente, não e censurar ninguem; quero dizer unicamente que se enganaram; e alli está o sr. Fonseca Magalhães, que foi um dos ministros, que referendou aquelle decreto, que não terá o amor proprio de dizer que não errou; se o dissesse, faria uma grande injuria á sua razão, porque um homem de alia razão confessa sempre os seus erros. (O sr. Fonseca Magalhães. — Apoiado) Sr. presidente, que seria deste paiz, se se tivesse determinado nesta casa que os bens dos frades fossem applicados para estabelecer escolas, para fazer caminhos de ferro, para rotear as terras, e em uma palavra, para vêr se se conseguiam todas estas cousas que constituem a civilisação de um povo, porque nós diante de outros povos não somos nada? Onde estariamos nós hoje, se se tivesse feito isto? Estariamos por ventura no estado de atrazamento em que nos achamos? Esta prosperidade, esta civilisação é que não se requesta nem se adquire, senão por trabalhos improbos, senão por talentos modestos.

Sr. presidente, já aqui se citou a historia ingleza; poder-me hei enganar, porque em citações não sou muito forte; mas parece-me que ha um bom par de annos, quando na Inglaterra se fez a reforma religiosa, um dictador de outra especie, differente da dos srs. ministros, porque esse não reconhecia direitos, nem liberdade, tirou uma grande parte dos bens das corporações religiosas, para fazer um caminho na Irlanda: era Cromwel: não cito como exemplo este dictador, porque era muito materialista; mas aponto o facto.

Sr. presidente, o fundo de amortisação não é só composto dos bens nacionaes de que algumas administrações se apossaram, é tambem o resultado da lei dos foraes; de maneira que se o banco não declarar quaes são os bens nacionaes que restam; e se ámanhã, por exemplo, houvesse a idéa de ressuscitar os dizimos, as jugadas, e as terças, o banco vinha e dizia — isto e meu, porque são bens nacionaes, e haviam de dar-se-lhe, salvo alguma contestação ou demanda que haja sobre direitos de terceiro. Sr. presidente, o fundo de amortisação foi creado por v. ex.ª, mas não foi creado para se dar ao banco. Foi creado, porque v. ex. não podendo cobrar as decimas, e havendo forçosamente um deficit, creou o fundo de amortisação, para por elle se irem pagando os emprestimos que se contrahiram; e um illustre deputado, confessando este facto, diz com tudo que o fundo de amortisação pertence ao banco em virtude do decreto de 19 de novembro de 1846, decreto, que para vergonha deste paiz é citado muitas vezes, quando devia ser sepultado para sempre no esquecimento. O illustre deputado disse, que neste decreto estavam marcados os fins a que o fundo é destinado; é verdade que assim se diz no mesmo decreto, mas escapou-lhe dizer que o fundo foi creado para pagar os titulos azues e os titulos verdes; as indemnisações de direitos adquiridos por serviços civis e militares; porem eu antes quero entregar o producto desses bens nacionaes ao paiz, para proveito do mesmo paiz. Mas o contracto foi um contracto singular, e eu digo singular, porque foi contracto em que entraram dois defunctos! Ainda não houve contracto desta especie: havia vivo o governo, e havia vivo o banco, e os dois defunctos eram a companhia das Obras Publicas, e a companhia Confiança Nacional; mas sobre estes dois defunctos tenho minha duvida, porque um delles estava metade vivo e metade morto; e a companhia Confiança Nacional, que dizem era um defuncto, estava connexa e ligada com o banco, porque os directores do banco eram os directores da companhia Confiança Nacional, e desta maneira o ser director era um encargo trabalhosissimo, e não se podia ser director: por exemplo — chamava-se um director do banco, lá apparecia; chamava-se por um director da companhia Confiança Nacional, lá ia o mesmo individuo mudar de casaca —; chamava-se o director da companhia das Obras Publicas, era ainda o mesmo individuo que apparecia, mas com falo mudado; a differença é só no vestuario.

Nós temos tido diversos systemas financeiros: o primeiro foi a extincção quasi absoluta do imposto, e a sua substituição por um credito desvairado, credito que se reconheceu depois que dá os peiores resultados. Tivemos depois o principio da economia proclamado, sustentado e intimado como um especifico poderoso, para obstar nos inconvenientes do systema que se tinha seguido. Eu peço porém, licença a todos os membros mais conspicuos desta camara, intendidos em finanças, para declarar o meu systema, e apresentar os meus principios sobre a economia do estado.

Eu supponho que o principio de economia não é um principio salvador, nem um principio regenerador; é um principio moral e disciplinar para a cobrança dos tributos; e em uma palavra, é o principio que habilita o governo a poder viver e governar. Mas o principio de economia não é só por si bastante para resolver todas as difficuldades financeiras. Não o intendo assim, nem ninguem o tem intendido. Adopto o principio economico, como um principio justo, util, e indispensavel, mas se se julgar que elle por si só é bastante para estabelecer todos os recursos financeiros, então levanto-me contra elle, porque estabelece a confiança baseada n'um principio inefficaz. E diz-se — façam-se economias, pensando-se talvez que com economias é que se tem salvado outras nações!

Sr. presidente, todos os estados passaram por grandes tormentos financeiros, e nenhum se salvou por